Editora Abril lança coleção de CDs de Chico Buarque com venda em bancas de jornal


Por Tiago Rolim
Colecionador
Collector´s Room

Antes de começar este texto, parabéns à Editora Abril pela iniciativa. Relançar boa parte da obra de um dos maiores gênios da nossa música, por um preço popular, e vendida em bancas, é uma ideia brilhante.

Não só o relançamento, mas o modo é perfeito; em forma de livro, os CDs vêm com um texto que contextualiza o disco em sua época de lançamento e quais os fatos mais importantes que se passaram no ano em questão. Os problemas que o Brasil e o próprio Chico atravessavam são bem retratados com a ajuda de fotos e textos, tudo isto embalado em uma caixa vendida separadamente pelos jornaleiros.

O primeiro disco desta coleção é o lançamento de 1978, que é um dos melhores álbuns de Chico Buarque. O mesmo parece uma coletânea de tão bom que é. São dele canções como “Feijoada Completa” e sua (literalmente), deliciosa letra sobre um dia qualquer em uma casa feliz deste país chamado Brasil, o mesmo Brasil que inspirou “Cálice” e sua pungente letra sobre torturas e falta de liberdade. Ditadura que também “contribuiu” com Chico e fez ele escrever mais uma obra-prima: “Apesar de Você”. E outra, só que sobre os movimentos de direita de outros países pois esta tragédia não foi exclusividade nossa, “Tanto Mar’, sobre Portugal e seus problemas.

Mais uma delícia deste disco é “Homenagem ao Malandro”. O lado romântico aparece em músicas como “O Meu Amor”, em um dueto lindo com Elba Ramalho em início de carreira, e Marieta Severo, então esposa de Chico.


Enfim, um belo começo para esta coleção, que desde já se faz obrigatória para os amantes da MPB. Mesmo que você já tenha os discos ela vale a pena, principalmente pelo belo trabalho do livreto que acompanha os CDs.

A obra de Chico Buarque não é perfeita. Pelo contrário, ele tem alguns discos bem abaixo da média, mas o que importa é que ela forma um bom espelho das agonias e felicidades que este país passou nos últimos 40 anos. Como cronista do nosso tempo, poucos compositores foram tão brilhantes como Chico Buarque. Ele consegue criar letras que são verdadeiros poemas musicados, com uma beleza que parece ser tão simples que encanta mesmo os que não são afeitos à MPB.

Versos como “E tropeçou no céu como se ouvisse música”, “E pela paz derradeira que um dia vai nos redimir”, “Hoje é você quem manda falou, tá falado, não tem discussão”, são de uma força que encanta, ao mesmo tempo que fazem pensar sem serem palavras de ordem.

No mais, uma pela iniciativa que nos faz ter esperança que, no caso de ser bem sucedida, possa dar frutos em outras coleções. Já imaginou uma coleção nestes moldes de Gilberto Gil, Raul Seixas, Caetano Veloso, Tom Jobim, Elis Regina ...

Comentários

  1. Já está programada a próxima coleção, e será do Tim Maia.

    Uma bela iniciativa mesmo.

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  2. Aqui na minha cidade, nem chegou a primeira edição ainda !!! Tomara que lancem muitas neste formato !! A do Tim maia também será imperdível !!

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  3. Muito legal mesmo, mas somente uma observação, na coleção não tem, sem motivo aparente, o Volume 4 da discografia do Chico. Acho que para aqueles que já tem o box Construção (como eu) vale pela arte gráfica, mas não comprar não e esperar ansioso a coleção do Tim!!!

    E outra coisa, a coleção nas bancas, se não me engano é somente em São Paulo, mas podem comprar pelo site.

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  4. Thiago, aqui em Floripa já tem nas bancas.

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  5. Se saísse uma com Zé Ramalho seria massa também...

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  6. Eu tenho impressão que se essa primeira experiência der certo eles devem lançar coleções de vários artistas nesse formato.

    E o legal é que façam isso incluindo discos que estão fora de catálogo há tempos por aí ...

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  7. Tomara que dê muito certo, pois além de discografias quase completas de grandes artistas, eles podem relançar aqueles que tiveram poucos discos lançados e que são fundamentais tb, como Cassiano, Gerson king Kombo, Ednardo entre outros.
    Acabei de comprar o 2º vol. Construção.

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  8. Cadão, falha minha então, uns amigos do Rio não estão encontrando lá, dae achei que era somente em Sampa, deve ser a enorme procura.

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  9. Pois é Thiago, tenho a impressão que está vendendo bastante mesmo.

    Abraço.

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  10. Ótima iniciativa mesmo.Peguei o de 1978 na semana passada, e o acabamento gráfico é excelente. Essa semana vou pegar o "Construçaõ". Também estou ansioso com a coleçaõ do Tim Maiaecom aspróximas que pdoem vir.

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