Cinco discos para conhecer Eric Singer!


Por João Renato Alves

Após homenagearmos vocalistas e guitarristas, vamos colocar o holofote em um dos grandes representantes dos espancadores de peles. Com vocês, Eric Doyle Mensinger, o homem que após muitos anos de uma carreira bem sucedida recebeu genes felinos!

Black Sabbath – Seventh Star (1986)

Emprestado da banda de Lita Ford – e nunca devolvido – Eric Singer manda ver em sua primeira grande aparição junto a um monstro do rock. Seventh Star, que era para ser um álbum solo de Tony Iommi inicialmente, traz uma diversidade não vista antes nos trabalhos do Black Sabbath. Baladas como a fantástica “No Stranger to Love”, um blues dilacerante em “Heart Like a Wheel”, a pancada certeira em “In For the Kill” e a cadenciada faixa-título são alguns dos destaques.

Eric deixa sua marca na excelente “Turn to Stone”, uma das melhores composições de Iommi nos anos decadentes, com uma intro de bateria fenomenal. Embora tenha passado meio despercebido à época, Seventh Star foi aprovado pelas gerações de fãs posteriores. Com justiça, pois trata-se de um grande disco. Talvez muito diversificado para aquilo que as pessoas associavam ao nome Black Sabbath, mas nada que o tempo não se encarregasse de justificar. E apesar de todos os problemas pessoais, Glenn Hughes ainda conseguia emocionar.

Badlands – Badlands (1989)

Poucas vezes um line-up com tantos talentos foi reunido sob o mesmo nome. Juntando várias estrelas ascendentes do rock, o Badlands acabou prejudicado por más escolhas em sua curta carreira. O próprio Eric Singer relata que tudo que poderia dar errado com a banda, deu. Mesmo assim, não dá para deixar a discografia do grupo passar batida. Especialmente o primeiro álbum, verdadeira aula de hard rock. Unindo peso e melodia com perfeição, agregando saudável veia setentista nas composições, o disco é um verdadeiro arraso.

O hit acabou sendo “Dreams in the Dark”, que ganhou seu videoclipe, assim como “Winter’s Call”. Mas a repercussão foi insuficiente para transformar o Badlands em um fenômeno de popularidade na cena. O excesso de atritos – quase sempre envolvendo Ray Gillen e Jake E. Lee, com direito a acusações públicas – fez com que Eric abandonasse o barco na sequência, sendo substituído por Jeff Martin. Ainda bem que deu tempo de registrar esse fantástico trabalho, presença obrigatória na prateleira dos admiradores do estilo.

Kiss – Revenge (1992)

Substituir um grande baterista como Eric Carr já seria tarefa difícil. Fica ainda pior quando esse acabava de falecer. Mas Singer encarou a parada e seu deu bem, pois entrou no Kiss justamente quando eles lançaram um dos melhores trabalhos da carreira. Produzido por Bob Ezrin, Revenge resgata o peso e a imagem agressiva da banda, por muitas vezes escondida nos anos 1980 graças ao excesso de maquiagens – tanto nos membros quanto na própria música.

Voltando as atenções ao hard rock simples e direto, o disco conquistou os fanáticos desde seu lançamento. Muitos que havia abandonado o grupo na fase mais ‘alegre’ tiveram sua fé restaurada. E um Eric se mostrou digno de substituir o outro, que foi homenageado na última faixa do play.

Impossível citar um destaque. Trata-se de um álbum para ser ouvido do início ao fim. Aliás, vale até repetir a dose logo na sequência. Aprecie sem moderação!

Alice Cooper – The Eyes of Alice Cooper (2003)

Após algumas experimentações, Vincent Furnier decidiu que era hora de retornar ao hard / rock and roll básico. E a volta não podia ser mais triunfal, já que The Eyes of ... é um grande disco, resgatando a sonoridade clássica do Alice Cooper Group. Ao contrário de muitos dos álbuns recentes, Alice decidiu manter a ótima banda que tocava com ele ao vivo à época. Normalmente, os produtores escolhiam os músicos de acordo com o que consideravam ideal para a ocasião.

Entre tantos grandes sons, é impossível deixar de destacar “Detroit City”. A música lembra a cena em que Alice se desenvolveu. Wayne Kramer participa, tocando sua guitarra na canção, que cita o seu MC5. Outros homenageados na faixa são David Bowie (citado como seu alter-ego, Ziggy Stardust), Ted Nugent, Iggy Pop, Bob Seger & The Silver Bullet Band e Kid Rock, entre outros. Apenas uma pérola em um verdadeiro colar musical, que merece ser apreciado em sua íntegra.

Kiss - Sonic Boom (2009)

A estreia de Eric Singer como Catman em estúdio não poderia ter sido mais positiva. Promovendo uma mistura do melhor que fez em cada fase nas décadas anteriores, Sonic Boom é um deleite para os KISSmaníacos. Chega a fazer o fã pensar o que estavam pensando Gene Simmons e Paul Stanley (que também atuou como produtor) quando optaram por ficar mais de uma década sem gravar. Aliás, os próprios devem ter se indagado, já que prometem álbum novo ainda para esse ano. O bom senso roqueiro agradece.

Como nosso assunto principal nessa matéria é Singer, o drummer, não dá para deixar de destacar “All For the Glory”, onde Eric assume os vocais com muita competência. Uma pena que não foi executada ao vivo, pois conta com uma melodia e pegada soberbas. As outras dez músicas mantêm o mesmo nível de qualidade, mostrando que, negócios bizarros à parte, o Kiss não esqueceu como se faz aquilo que os transformou em lendas.

Um verdadeiro presente para o exército particular de fãs, que estão entre os mais fiéis do mundo.

Comentários

  1. "Badlands" e "Revenge" são essenciais em qualquer discografia roqueira que se preze. Eu destacaria também o Unplugged do Kiss.

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