The Decemberists - The King is Dead (2011)


Por Ricardo Seelig

Cotação: ****1/2

Nasceu o primeiro grande disco de 2011! The King is Dead é o sexto álbum do quinteto norte-americano The Decemberists, formado em 2001 em Portland. O grupo é formado por Colin Meloy (vocal, guitarra e harmônica), Chris Funk (guitarra e diversos outros instrumentos), Jenny Conlee (acordeão, piano, teclado, Hammond e sintetizadores), Nate Query (baixo) e John Moen (bateria).

O título do disco é uma homenagem à banda britânica The Smiths, que lançou The Queen is Dead em 1986. Colin Meloy, líder e principal compositor do Decemberists, é um grande fã de Morrissey, Johnny Marr e companhia.

Produzido por Tucker Martine (R.E.M., Mudhoney, My Morning Jacket, Bill Frisell e inúmeros outros), The King is Dead conta com as partipações especiais do guitarrista do R.E.M., Peter Buck, em três faixas - “Don´t Carry It All”, “Calamity Song” e “Down by the Water” - e da cantora Gillan Welch – também em “Down by the Water”.



O clima predominante é bem agreste, rústico, bucólico, transportando o ouvinte para o meio do campo, rodeado pelo vento. Ouvindo as dez faixas do álbum, as principais referências que vêm à mente são Neil Young, Bruce Springsteen e R.E.M., com algumas pitadas de Bob Dylan de vez em quando. Predominantemente acústico, o álbum apresenta um cuidado com a elaboração das melodias, que, somadas aos arranjos descomplicados, resultam em músicas muito agradáveis aos ouvidos.

Outra característica marcante é o uso frequente de instrumentos típicos do folk rock, como gaita de boca, violino, sanfona e violão de doze cordas, ao lado da formatação básica vocal-violão-guitarra-baixo-bateria. Isso faz com que as faixas sejam muito ricas em sua parte instrumental, criando paisagens sonoras marcantes.

O disco todo é muito bom. A excelente “Don´t Carry It All” abre os trabalhos de maneira sublime, com ótimas linhas vocais e um grande refrão. A cativante “Calamity Song” faz com que você se sinta pegando uma auto-estrada com o vento no rosto. “Rise to Me” é de uma beleza simples e tocante.

No início de “Rox in the Box”, por um breve instante somos levados a pensar que estamos ouvindo “Lady in Black”, do Uriah Heep, mas logo o engano se desfaz revelando uma composição não menos que fantástica, com grandes melodias.



A espetacular “Down by the Water” é outra que faz qualquer mente cansada voltar a acreditar na música. Com participação de Peter Buck e Gillan Welch e liberada para audição pela banda antes do lançamento do disco, entraria fácil – e seria destaque – em álbuns como o excelente Green, lançado pelo R.E.M. em 1988.

Já “All Arise!” faz com que paremos por alguns segundos para checar se não nos enganamos e colocamos para rodar algum disco antigo dos Byrds. “This is Why We Fight” é outro grande momento, uma faixa um pouco mais agitada que as demais, com uma pegada mais rock e, outra vez, com um excelente refrão. O álbum fecha com a campestre “Dear Avery”, onde a influência country do grupo fica evidente.

The King is Dead é um excelente álbum, dono de uma beleza graciosa e de uma musicalidade belíssima. Com ele, o The Decemberists deve galgar mais alguns postos na hierarquia do rock, chegando perto do topo.

Faça um favor a si mesmo e ouça!


Faixas:
1 Don't Carry It All
2 Calamity Song
3 Rise to Me
4 Rox in the Box
5 January Hymn
6 Down by the Water
7 All Arise!
8 June Hymn
9 This Is Why We Fight
10 Dear Avery

Comentários

  1. Excelente disco, juntamente com ele outra grande obra surgida em 2011 é o disco 'Hardcore Will Never Die, But You Will' do Mogwai que é aquele post-rock genial que os caras costumam fazer e ainda outro, que é o 'Hard Times And Nursery Rhymes' do Social Distortion, não chega a ser do mesmo nível que 'The King is Dead' mas vale a pena ser conferido.

    Boa resenha e abraços para o pessoal do collector's room.

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  2. Cadão, duas palavras: Muito obrigado.

    ...não paro de ouvir esses caras.

    abraços!

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  3. O Cadão sobre este disco não tem como discordar, eu li a resenha e baixei o disco e como gostei muito comprei o original e não paro de ouvi-lo,
    A resenha foi muito bem feita, e reflete o conteúdo álbum, e parabéns pelo texto que é um convite para qualquer leitor, pelo menos ter vontade de ouvir o álbum.

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  4. O legal deste disco é que ele, além de ótimo, foi, surpreendente, lançado no Brasil. É demais mesmo, ótima banda.

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