O take final de Joe Morello!


Por Ricardo Seelig

A primeira vez que ouvi “Take Five” foi como se tivesse sido jogado em um oceano desconhecido, mas estranhamento familiar. Queria conhecer jazz, e um amigo me indicou o Time Out, espetacular álbum gravado pelo Dave Brubeck Quartet em 1959. A partir do momento em que dei o play, a minha percepção sobre a música mudou.

Time Out foi a minha porta de entrada para o jazz, e “Take Five” o meu guia pelo estilo. Escutei essa música centenas de vezes desde então, e ela sempre soa diferente e refrescante aos meus ouvidos. O piano de Dave Brubeck, o sax espetacular de Paul Desmond, o baixo de Eugene Wright e a bateria de Joe Morello.

Ah, a bateria … Talvez esse seja o instrumento que eu mais curta na música. Adoro bandas onde a bateria ocupa um papel central. E em “Take Five”, Joe Morello faz um dos solos mais famosos da história do instrumento. Repleto de sutilezas, técnico, calmo, sacana, com a malícia que somente um grande instrumentista, em um momento de inspiração suprema, poderia alcançar.

Joe Morello faleceu no último dia 12 de março, aos 82 anos. Se eu chegar aos 82, tenho certeza de que “Take Five” estará comigo nessa jornada. Porque, afinal de contas, música de qualidade não envelhece.



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