Cinco discos para conhecer John Sykes!


João Renato Alves

Ele passou por grupos e projetos sempre deixando sua marca - tanto musical quanto comportamental.

Com sua inseparável Les Paul preta, marcou a história do hard rock, influenciando guitarristas das gerações posteriores.

Ele foi o "muso" da primeira edição do Rock in Rio, segundo ardorosas fãs da época.

Hoje, vamos recomendar cinco álbuns para conhecer a carreira do grande John Sykes.

Tygers of Pan Tang – Spellbound (1981)

O Tygers of Pan Tang já possuía um nome na cena emergente da NWOBHM após o lançamento de seu debut, Wild Cat. Mas a coisa evoluiria ainda mais em Spellbound, trabalho produzido por Chris Tsangarides (Judas Priest, Ozzy Osbourne, Bruce Dickinson, Helloween). E um dos fatores seria justamente a entrada de Sykes, formando um duo infernal com Robb Weir. Tanto que o próprio, até hoje, não hesita em dizer que John foi seu parceiro ideal nas seis cordas, se tornando referência na hora de escolher futuros membros para o grupo.

E nota-se uma grande evolução nos riffs e solos em pauladas certeiras, como a abertura com “Gangland” e “Take It”. Outro grande momento surge em “Silver and Gold”, com o vocalista Jon Deverill se mostrando um excelente substituto para Jess Cox. Essa formação ainda seria mantida para o álbum Crazy Nights, com John Sykes saindo na sequência para alçar vôos maiores, já sendo considerado a grande revelação da cena rocker do Reino Unido.

O Tygers segue firme e forte até hoje, com Robb no comando e lançando bons discos, mesmo que não com tanta frequência.

Thin Lizzy – Thunder and Lightning (1983)

Pode uma banda encerrar sua carreira com um disco que exalta o lado mais agressivo de sua personalidade musical? No caso do Thin Lizzy, sim. Em Thunder and Lightning, Phil Lynott e seus comparsas mergulharam fundo nas influências heavy, oferecendo um trabalho vigoroso, muito graças a dois novatos que deram uma bela injeção de gás ao grupo. O primeiro era o já conhecido tecladista Darren Wharton, que havia participado dos álbuns Chinatown e Renegade e estava cada vez mais familiarizado com os métodos de composição. E o segundo era o novato Sykes, com seus 23 anos e muita vontade de mostrar serviço.

Apesar de participar diretamente da composição de apenas uma música (“Cold Sweat”), John teve vital importância na realização do play. Sua energia é evidente em momentos como a pesada faixa-título, “Holy War” e a lúgubre “The Sun Goes Down”. Outras não tão divulgadas, mas tão boas quanto, como “Someday She is Going to Hit Back” e “Heart Attack” garantem o alto nível da despedida oficial do Thin Lizzy – sim, esse ótimo tributo que temos atualmente é apenas isso, embora valha o play.

Uma pena, pois talvez essa formação tivesse conseguido ir ainda mais longe com novas composições. Resta-nos a imaginação.

Whitesnake – Slide It In (US Version) (1984)

Com prestígio em alta, John Sykes saiu de um gigante para outro e acabou participando da grande virada na carreira do Whitesnake. Afinal de contas, foi a partir de Slide It In que a banda de David Coverdale resolveu adotar uma estratégia sonora e publicitária que se adaptasse ao então lucrativo mercado norte-americano. Com isso, o álbum acabou tendo duas versões. Sykes participou da ianque, que teve Keith Olsen na produção, enquanto Micky Moody e Martin Birch ocuparam as respectivas posições no lançamento inglês.

E o que vamos dizer de um disco em que metade das faixas viraram singles? Basta uma pequena conferida no tracklist para constatar que estamos diante de um 'greatest hits' disfarçado. Com Jon Lord em seus últimos momentos e a fenomenal cozinha formada por Neil Murray e Cozy Powell, só poderíamos estar diante de um play com qualidade indiscutível. E Coverdale ainda tinha aquela voz que só os fora de série da história do rock possuem. Pena que o ditado “dois bicudos não se beijam” é verdadeiro, e a guerra de vaidades do vocalista com Sykes impediria a parceria de prosseguir além das gravações do trabalho seguinte, o famigerado 1987.

Blue Murder – Blue Murder (1989)

Já que aparentemente ninguém conseguia lidar com suas ideias (e seu ego, por suposto), John Sykes resolveu tomar a frente de um novo projeto, onde seria o responsável direto por tudo. Assim nasceu o Blue Murder, que inicialmente teria outro vocalista, sendo que Tony Martin e Ray Gillen chegaram a ser testados. Mas como a coisa não andava, o próprio guitarrista resolveu acumular a função, mostrando ao mundo que não era apenas um grande no instrumento. Para acompanhá-lo, uma dupla de peso, com Tony Franklin no baixo e o lendário Carmine Appice na bateria.

A estreia não poderia ter sido melhor, com um álbum vigoroso, recheado de belas canções, como os singles “Jelly Roll” – e seu clipe inclassificável – e “Valley of the Kings”. Outros ótimos momentos surgem em “Sex Child”, “Out of Love” e a saideira “Black-Hearted Woman”.

Como já era de se esperar, a cozinha pulou fora logo na sequência, fazendo Sykes correr atrás de outros músicos. Outros dois discos ainda sairiam sob o nome da banda, que logo se transformaria em uma empreitada solo de seu idealizador. Mesmo assim, fica o brilho desse fantástico primeiro álbum.

John Sykes – Loveland (1997)

Essa é a opção mais polêmica da lista, com sérias tendências à contestação. Afinal de contas, tem que ter muita coragem – ou falta de noção, dependendo do caso – para se lançar um álbum inteiro de baladas. Mas John Sykes teve colhões para bancar a ideia, com uma série de feras na banda de apoio, com direito a adição de instrumentos como violino, violoncelo e aparatos percussivos. E ainda conseguiu um contato mediúnico com seu eterno parceiro Phil Lynott, que participou da já conhecida “Please Don’t Leave Me”, em nova versão, rebatizada “Don’t Hurt Me This Way”.

Outros destaques vão para “Thank You For the Love”, a bela “Till The Day I Die” e a dobradinha de saideira, com “I’ll Be Waiting” e “Don’t Say Goodbye”.

Não é um álbum fácil para quem levar em consideração o background de Sykes, nem é uma audição recomendada para qualquer hora, mas a beleza de cada faixa se sobressai, com uma execução primorosa. Vence o bom gosto, no final das contas.

Comentários

  1. Concordo com facilidade quanto a "Spellbound", "Thunder and Lightning" e "Blue Murder". São indiscutivelmente boas mostras do talento de Sykes atacando em frentes diferentes. Não manifesto minha opinião quanto a "Loveland", pois não o ouvi. Mas não posso concordar com a inclusão de "Slide It In". Por mais que esse seja meu álbum favorito do Whitesnake, em se tratando do trabalho de Sykes, a representatividade de "1987" é infinitamente maior. Sykes não participou do processo de composição e gravação de "Slide It In", não imprimiu seu estilo pessoal às composições, obra de Coverdale junto aos guitarristas Micky Moody e Mel Galley. É inegável que existem diferenças em relação à versão regravada com Sykes executando algumas guitarras e Neil Murray cobrindo o baixo originalmente gravado por Colin Hodgkinson, mas nada que se compare à importância de seu trabalho em "1987", concebido pelo guitarrista e por David Coverdale desde seu princípio até quase a finalização.

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  2. sou um dos unicos q não gostam de thyn lyzzy, então nem vou mencionar, além de tb não conhecer o tygers..

    mas ou outros 3 discos são fodas..

    adoro blue murder e escutei este loveland faz umas duas semanas e achei muito legal tb..

    qto ao cd do WS, slide it in?? não o 1987??

    poxa, realmente me surpreendeu esta escolha..

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  3. Concordo com o post em parte, na minha opinião o album 1987, foi o que sykes colocou melhor seu estilo, o slide it in, ele apenas tocou o que ja estava composto.O resto, concordo, material fantastico, o que podemos notar é que toda banda que o sykes toca vira sucesso, o cara tem um estilo incrivel.

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