Black Lips: review do álbum 'Arabia Mountain' (2011)!



Por Adriano Mello Costa


Nota: 8,5


O Black Lips é uma daquelas bandas que preza a palavra diversão com todas as suas forças. Aliando um lado tosco e meio maluco com muita energia, o grupo de Atlanta, EUA, grava registros quase sempre agradáveis para quem gosta de punk e rock de garagem setentista. Depois de três bons discos (Let It Bloom de 2005, Good Bad Not Evil de 2007 e 200 Million Thousand de 2009), eles colocam no mercado aquele que possivelmente é o seu melhor trabalho.


Cole Alexander (vocal e guitarra), Ian Saint Pe (guitarra), Jared Swilley (baixo e vocal) e Joe Bradley (bateria e vocal) resolveram dar uma amansada e pela primeira vez chamaram um produtor para ajudar em um disco. Arabia Mountain, o sexto registro de estúdio, foi produzido na sua maioria por Mark Ronson, conhecido por trabalhar com Amy Winehouse e Kaiser Chiefs. O resultado dessa parceria é inegavelmente positivo e leva o Black Lips um nível acima.


As antigas influências ainda se apresentam em Arabia Mountain, mas ganham uma roupagem mais elaborada, o que eleva, até de modo paradoxal, a própria energia do disco. “Family Tree”, por exemplo, evoca novamente o Violent Femmes, enquanto “Dumpster Dive” tem o Rolling Stones como referência. Em “Raw Meat” ouve-se um punk rock com a pinta do Buzzcoks e em “Bone Marrow” com a entrada só com a batida atrás, regride uns trinta anos no tempo.


Outras faixas são bem mais diferentes, como o bailinho sessentista bem humorado de “Spidey’s Curse” ou o climão psicodélico e arrastado de “You Keep on Running”. A diversão, marca específica do quarteto, não fica de fora em momento algum, porém se apresenta de maneira mais forte na ótima “Modern Art”, na dupla despretensiosa de “Bicentennial Man” e “Go Out and Get It" (ambas produzidas só pela banda) e na sujeira melódica de “New Direction”.


Em Arabia Mountain o Black Lips consegue caminhar na contramão de duas afirmativas que quase sempre estão corretas. Primeiro, mesmo enchendo o álbum com 16 canções, não enjoa ou cansa em nenhum momento, o que é bastante difícil. Também prova que um som melhor produzido não faz mal se forem respeitadas as características da banda, o que Mark Ronson sabiamente fez. E assim no novo disco consegue achar justamente a burilada que faltava no seu som.





Faixas:
1 Family Tree
2 Modern Art
3 Spidey's Curse
4 Mad Dog
5 Mr. Driver
6 Bicentennial Man
7 Go Out and Get It
8 Raw Meat
9 Bone Marrow
10 The Lie
11 Time
12 Dumpster Dive
13 New Direction
14 Noc-a-Homa
15 Don't Mess My Baby
16 You Keep on Running

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