Cinco discos para conhecer: Slash!



Por Igor Miranda


Superestimado por uns, subestimado por outros. O fato é que Slash se tornou um verdadeiro ícone do rock não apenas por seus memoráveis solos, mas por sua presença de palco e visual único - cabeleira na cara, cigarrinho na boca, cartola na cabeça e Les Paul nas mãos. Um digno rockstar. 


Confira abaixo os cinco discos mais recomendados para conhecer seu trabalho.


Guns N' Roses - Appetite For Destruction (1987)


Não é uma mistura recomendada, mas a fusão entre drogas, mau comportamento, punk e hard rock pode dar em um grande álbum. E gerou, simplesmente, o disco de estreia mais vendido da história da música. Lançado em julho de 1987, Appetite For Destruction foi uma aposta arriscada. A cena mainstream era totalmente adversa para o disco, agressivo como é, pois bandas como Bon Jovi, Europe (dentro do hard), Prince, U2 (fora do hard) e afins dominavam as paradas musicais. Mas deu certo.


Desde a capa censurada até as composições ousadas, Appetite For Destruction nasceu como um clássico de natureza polêmica. O Guns N' Roses proporciona, nesse registro, 53 minutos de rock and roll pesado, patife, furioso e influente o bastante para mudar o gosto de uma geração posterior de novos roqueiros. 


Um álbum imprescindível para entender a história da música contemporânea, pois esta acabou sendo modificada por tal lançamento.


Slash's Snakepit - It's Five O'Clock Somewhere (1995)


O Guns N' Roses sempre foi pressionado para construir um novo Appetite For Destruction, mas isso nunca aconteceu. Os posteriores lançamentos mostraram que a força criativa do grupo havia se desmoronado em pouco tempo. Brigas internas desgastaram a relação dos integrantes e, cinco anos depois da saída de Izzy Stradlin, eis que Slash decide abandonar o barco. Mas antes mesmo de sair do Guns o projeto solo Slash's Snakepit estava formado com os ex-'gunners' Matt Sorum e Gilby Clarke, além de Eric Dover nos vocais e Mike Inez no baixo.


O álbum de estreia do conjunto, It's Five O'Clock Somewhere, foi gravado em apenas duas semanas e lançado em fevereido de 1995. Aqui, Slash e sua trupe caem de cabeça no blues rock, ligados às raízes que compõem o estilo do guitarrista. O disco foi, de fato, pensado para ser o novo Appetite, pois traz músicas tão inspiradas quanto o icônico clássico. E apesar da banda levar seu nome, todos os integrantes trouxeram colaborações autorais. 


Pouco tempo depois, o homem da cartola voltou para o Guns, causando o fim do Snakepit. Não durou muito, porque saiu do Guns de novo e retomou o projeto logo depois, com uma nova formação.


Guns N' Roses - Live Era: '87-'93 (1999)


Alguns podem questionar a escolha de trazer Live Era ao invés de Use Your Illusion, mas o espaço para comentar da força do Guns N' Roses ao vivo é completamente válida. Este disco duplo, lançado em 1999 quando a banda já era outra, traz algumas ótimas performances do conjunto, que realmente se diferenciava em suas apresentações.


Live Era peca por enfatizar a turnê de Use Your Illusion, sobretudo pela ausência de Izzy Stradlin em certa parte desta. Mas o repertório é bem construído com clássicos e ótimas canções, havendo espaço até para inserções inesperadas como o cover de "It's Alright" do Black Sabbath e as 'lado b' "Move to the City" e "Out Ta Get Me". Toda a banda faz um grande trabalho (mesmo com os notáveis overdubs na voz de Axl Rose), todavia considero impossível deixar de prestar atenção nos solos de Slash, que soam ainda melhores ao vivo.


Velvet Revolver - Contraband (2004)

Slash permaneceu anos sem uma grande aparição na mídia, até que o Velvet Revolver, oficializado em 2003, colocou-o sob os holofotes novamente. O supergrupo, que está atualmente na geladeira, contava com Scott Weiland (ex-Stone Temple Pilots) nos vocais, Dave Kushner (ex-Wasted) e Slash nas guitarras, Duff McKagan no baixo e Matt Sorum nas baquetas. O debut Contraband chegou às prateleiras em junho de 2004, e tanto crítica quanto público aclamaram o lançamento.


Não é pra menos: o quinteto apresentou uma musicalidade incrível, com uma incrível fusão entre hard rock e punk sem soar sleaze ou modernoso demais. O rock and roll descompromissado e pesado do Velvet Revolver providenciou canções repletas de energia e fúria, no estilo clássico do Guns N' Roses, mas com uma voz grave e diferente. Ainda havia química entre os ex-'gunners' e esta foi devidamente complementada por Weiland e Kushner. 


O projeto não durou muito e hoje está parado após os excessos do vocalista, que também quis voltar para a sua antiga banda.


Slash - Slash (2010)


A espera foi longa, mas depois de muito tempo, Slash lançou um aguardadíssimo álbum solo, auto-intitulado, no começo de 2010. Num bom golpe de marketing, o guitarrista convidou músicos de diferentes gêneros musicais para participar do registro, e nenhuma faixa teve o mesmo vocalista da outra - com exceção de "Back From Cali" e "Starlight", cantadas pelo sensacional Myles Kennedy (Alter Bridge).


O marketing dos vários vocalistas deu certo, pois o álbum teve grande repercussão e uma grande turnê seguiu o lançamento. Isso permitiu que o disco não ficasse linear e, em certos pontos, é algo negativo, pois algumas faixas são realmente dispensáveis. Mas a grande maioria das canções são maravilhosas, e algumas, como "Back From Cali", "By the Sword" e "Dr Alibi" mostram que o guitarrista da cartola não pode parar, já que ainda consegue fazer o bom e velho rock and roll.

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