Chickenfoot: crítica do álbum 'Chickenfoot III' (2011)



Nota: 9

O Chickenfoot encontrou a sua cara em seu segundo disco. Se no ótimo primeiro álbum, lançado em 2009, o quarteto formado por Sammy Hagar, Joe Satriani, Michael Anthony e Chad Smith apresentou um hard rock classudo com gigantesca influência do som que o Van Halen executava quando Hagar estava na banda, em Chickenfoot III a coisa é diferente.

Pra começo de conversa, a música do grupo está mais swingada, tem mais groove, está mais malandra. O alto astral se mantém lá em cima, naquela sonoridade ensolarada característica de todo trabalho que envolve Sammy Hagar. Ao invés de seguir um caminho semelhante ao do primeiro disco, a banda inseriu, corajosamente, elementos de outros gêneros em sua música, como pop, soul e blues, em uma variação que surpreenderá o ouvinte. Dessa maneira, Chickenfoot III é um trabalho inesperadamente diversificado, o que poderá decepcionar um pouco quem está esperando um cópia do debut.

A qualidade e a experiência de Hagar, Satriani, Anthony e Smith é um diferencial tremendo, e juntar os quatro em uma mesma banda é covardia. Assim, tudo exala um bom gosto e uma classe difíceis de serem encontradas por aí. Sammy continua sendo uma dos melhores vozes do hard rock, cantando de maneira brilhante. Michael, além de um baixista inquestionável, é dono de um dos melhores backing vocals do som pesado. A banda sabe disso, e usa esse fator a seu favor. E Chad Smith impressiona por tocar, mais uma vez, de uma maneira totalmente diferente daquela que estamos acostumados a ouvir no Red Hot Chili Peppers, reinventando-se de uma forma possível apenas para quem é grande em seu instrumento.

O mais legal no Chickenfoot, porém, é poder escutar um músico do gabarito de Joe Satriani, inegavelmente um dos maiores guitarristas da história, acompanhado por uma banda de verdade e não apenas gravando discos solos instrumentais. A técnica de Satriani é inigualável, e vê-lo usando tudo o que sabe nas composições do Chickenfoot, respeitando as dinâmicas de cada músico e assumindo o protagonismo na hora certa, é sensacional. Ainda sobre a guitarra, vale um comentário: o timbre de Satriani no disco é de outro mundo, com doses certeiras de distorção, porém mantendo um som mais limpo em seu instrumento, que sai das caixas de som de forma cristalina.

Quem curtiu o primeiro disco irá adorar as ótimas “Alright, Alright”, “Up Next” e “Big Foot”. A banda surpreende ao entrar sem medo no território do soul em “Come Closer”, e o resultado é muito positivo. “Dubai Blues”, com sua estrutura feita sob medida para a inserção de jams nas apresentações ao vivo, mostra o quarteto em um blues rock clássico, enquanto “Something Going Wrong” é outra surpresa e tanto, uma belíssima faixa contemplativa construída com violões e banjos. Merece menção também “Three and a Half Letters”, cuja letra retrata o delicado momento econômico vivido pelos Estados Unidos através de trechos de cartas enviadas pelos fãs para a banda. Sem dúvida, uma maneira inusitada de tratar de um problema que preocupa não apenas os norte-americanos, mas todo o mundo.

Chickenfoot III é um excelente disco. Diferente da estreia, com certeza, e por isso mesmo, em diversos momentos, tão surpreendente. O legal é que ele sairá por aqui via Hellion Records, que também lançará o primeiro álbum do quarteto, até então inédito no Brasil, em uma caprichada edição dupla cheia de bônus.

Quem gosta de música, tem que ouvir!


Faixas:
  1. Last Temptation
  2. Alright Alright
  3. Different Devil
  4. Up Next
  5. Lighten Up
  6. Come Closer
  7. Three and a Half Letters
  8. Big Foot
  9. Dubai Blues
  10. Something Going Wrong
  11. (Hidden Untitled Bonus Track)

Comentários

  1. na boa, acho essa banda muito meia-boca...ouvi o primeiro disco e vi o dvd e tudo me pareceu forcado e mais ou menos demais. quem quiser ouvir hard rock setentao tem muita coisa melhor por ai!

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  2. Eu não ia comentar, mas depois do que escreveu cleibsom resolvi opinar.
    O Chickenfoot também não me desceu bem.
    Ouvi o primeiro disco, adicionei no iPod, ouvi umas 2 ou 3 vezes algumas músicas e nunca me animava a ouvir de novo... escutava meio na "obrigação". Até que resolvi remove-las e fiquei tranquilo.
    Escutei essa música nova que foi disponibilizada no blog e decidi que nem vou precisar escutar o resto. Não gostei.
    Prefiro muito mais Joe Satriani solo, Van Halen, Red Hot: cada um na sua.

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  3. Mais um aqui. Muita estrela pra pouca constelação...idem o Black Country Communion

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  4. rodrigo, grande parte da critica hoje em dia existe justamente para isso, para criar um hype sobre certas bandas como se fossemos "obrigados" a gostar delas. nao caia nessa, cara, se voce odiar uma banda que a critica endeusa, nao precisa se envergonhar por causa disso e isso nao significa que voce esteja errado.cito como exemplo o disco blood of nations do accept, nada me tira da cabeca que esse disco foi hypado em excesso! nao consigo imaginar uma pessoa com mais de 15 anos ouvindo aquilo e gostando sem se constranger. todos os cliches pelos quais o metal e alvo de chacota se encontram neste disco e a critica ainda consegue elogia-lo.

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  5. Cada pessoa não apenas pode, mas deve, curtir o que gosta.

    A crítica é a opinião de quem escreve, a respeito da obra que está analisando. Apenas isso. Ela não é uma verdade absoluta, está longe disso. E Cleibsom, na boa, não concordo com o que você escreveu. Eu procuro produzir textos que deixem claras as minhas opinião a respeito dos álbuns que analiso. Do jeito que você falou, parece que o elogio é gratuito apenas, beirando o jabá. Eu adorei o disco do Chickenfoot e escrevi dizendo isso. Se não tivesse gostado, escreveria sobre isso.

    Uma banda que eu particularmente não curto é o Black Country Communion, tanto que nunca resenhei nada lançado pelo grupo.

    Como eu já disse: a gente aprende a confiar em um crítico musical através da similaridade das suas opiniões em relação às nossas. Porém, é preciso pensar e ter opinião própria, sempre.

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  6. Ninguém é obrigado a concordar com uma crítica musical, mas, se ela for bem escrita e estiver bem argumentada, é preciso respeitar a opinião do autor, no mínimo.

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  7. ricardo, na minha opiniao deixo bem claro que "grande" parte da critica e assim e nao toda ela. te considero uma excessao, mas as coisas devem ser analisadas pela regra.

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  8. O Black Country Communion também não gostei do primeiro e não escutei nada do segundo (já saiu?).
    Quanto ao Accept, vou ter de discordar do cleibsom. Tenho 33 anos e me amarrei no album novo... hehehehehe... Aquele solo de guitarra sobre o tanque de guerra é super cliche! Sensacional!!!
    No inicio quando eu era mais novo, eu tinha vergonha dos cliches. Adorava (e ainda adoro) o Iron, mas tinha vergonha de mostrar para os meu pais e amigos não metal, em razão da aparência deles, das roupas que usavam.
    Hoje em dia, escuto também um metal "mais cabeça", mas os cliches são pura diversão. Pô, Twisted Sisters, WASP.. é muito engraçado e por isso ótimos.
    Cliche faz parte de ser headbanger!
    Mas bandas mais sérias como Opeth e Amorphis, só para citar 2 exemplos, também curto bastante.

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  9. O primeiro do Chickenfoot é um disco de mediano a bom...daria uma nota 6 para ele.... o segundo ainda não ouvi...mas estou muito curioso pra fazer isso...
    Black Country Communion também não me desceu ... é apenas uma boa banda .... o primeiro CD tem momentos sofriveis...principalmente nos vocais do Hughes que estão demasiadamente forçados...pra mim é nota cinco...já o segundo melhorou...mas ainda caminha no mediocremente bom....nota 6... lembro que na época eu me sentia um alienigena... todo mundo falando mal do Them Crocked Vultures que eu tinha gostado e falando bem do Black Country Communion que eu tinha achado beeeeeemmmm meia boca...

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  10. Eu gostei do primeiro disco do Chickenfoot. Claro que se vc encontra coisa melhor, mas simplesmente gostei. Não escuto o disco direto, mas acho agradável quando o faço. O segundo disco eu ainda não conheço e se for como disseram melhor que o primeiro fico muito feliz. Sobre o Black Country Communion eu sigo a mesma linha. Gostei, não é clássico, mas achei agradável. Porém gostei mais do primeiro que do segundo. Apesar de ter ouvido pouco o segundo.

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  11. Concordo 90% com o Fabio RT...só não concordo 100% pois tb nao curti o Them Crocked Vultures...rs

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  12. Na boa, sou músico, e reconheço excelentes músicos reunidos, mas músicas sem coração... falta algo no conjunto... dessas reuniões, a que eu mais curti foi o Audioslave (melhor que soundgarden e mais trabalhado que Rage Against)

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  13. partindo de um principio sem comparações com outras bandas ... é uma reuniao de quimicas distintas , mas que como se trata de musicos que ja possuem uma longa estrada , cda um com suas particularidades , nao ha porque tratar essa nova formação como algo fraco ou simplesmente sem creditos ... algumas musicas sao muito foda e demosnstram o impacto de ideias em algo novo ... em nenhum momento me fez lembrar nem van nem red , mas vemos a identidade de satriani mais vezes .. o baguio tem muito a prosperar .. relaxem criticos

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