Nota: 9
Poucas vezes se viu uma transformação tão profunda quanto a do Europe. Desde que retornou à ativa, a banda sueca tem se afastado cada vez mais do hard rock pomposo, cheio de melodia e infestado de teclados que a levou à fama na década de oitenta e executado um surpreendente som pesado que aproxima-se cada vez mais do blues e da estética setentista. No lugar do laquê e da maquiagem de outrora, o que se vê no Europe atual pode ser resumido em uma palavra: testosterona.
Bag of Bones, quarto disco do grupo deste que retomou às atividades - e o nono de sua história -, é o sucessor do excelente Last Look At Eden, de 2009. Produzido pelo renomado Kevin Shirley (Iron Maiden, Black Country Communion, Joe Bonamassa), o álbum é, provavelmente, o melhor trabalho da carreira do Europe. Com uma tremenda influência de Led Zeppelin, a banda do vocalista Joey Tempest e do guitarrista John Norum soa como se Robert Plant e Jimmy Page tivessem retomado a atividade do maior nome do rock da década de 70.
Tempest está cantando como nunca, de forma mais crua e agressiva. Norum mergulhou de vez nas sempre presentes influências de blues que sua guitarra deu pistas de curtir ao longo dos anos. O tecladista Mic Michaeli cria climas e ambiências que dão uma amplitude e um ar meio místico às composições. E a dupla John Levén (baixo) e Ian Haugland (bateria) trabalha como uma entidade única, criando a base sólida de onde a música do Europe decola rumo ao topo.
Um disco de rock na verdadeira acepção da palavra, Bag of Bones é um bálsamo para os ouvidos. Menos épico e mais direto que Last Look At Eden, é um trabalho à moda antiga. A produção de Shirley é certeira, minimalista, resumindo tudo somente ao que interessa: a alquimia perfeita, a harmonia sobrenatural entre os instrumentos, que é capaz de enfeitiçar ouvintes e transportar indivíduos através de dimensões. Sim, tudo aquilo que um ótimo disco de hard rock é capaz de fazer com a sua vida está em Bag of Bones, e isso não é um exagero.
“Not Supposed to Sing the Blues” é a irmã menos egocêntrica de “Kashmir”, de Physical Graffiti. “Firebox” tem um clima indiano que abre outras dimensões. “Demon Head” é o que o Deep Purple atual está tentando fazer há anos, mas nem chega perto. “Doghouse” é hard clássico e puro, do mais alto quilate.
Bag of Bones é um dos grandes discos de rock de 2012. Simples assim. Com imensas doses de feeling, colocando peso e agressividade nos momentos certos, o Europe caminha para um lugar cada vez mais distante do seu ponto de partida. E, sinceramente, esse novo caminho é infinitamente mais atraente e rico que o anterior. A impressão é que a banda soa mais verdadeira e autêntica do que nunca hoje em dia, e está fazendo exatamente aquilo que sempre quis fazer.
Ouça, e prepare-se para adicionar mais um disco em sua lista de álbuns favoritos!
Faixas:
Riches to Rags
Not Supposed to Sing the Blues
Firebox
Bag of Bones
Requiem
My Woman My Friend
Demon Head
Drink and a Smile
Doghouse
Mercy You Mercy Me
Bring It All Home
Cara, concordo em grau, gênero e número...disco certeiro, sem requintes exagerados e sem extravagâncias anacronicamente desnecessárias! Muito legal mesmo...
ResponderExcluirfiquei bastante emocionado com esse review. acompanho os caras há bastante tempo e pra quem tem a paciência e perseverança em acompanhar o hard rock, é muito clara a evolução do quinteto sueco. Difícil dizer qual o melhor álbum do "comeback", mas desde já, como um fã ardoroso dessa banda, fico extremamente satisfeito em ler uma crítica e saber que em algum momento, pouco que seja, sejam comparados aos "GIGANTES QUE CAMINHAVAM SOBRE A TERRA", Led Zepellin !!! abraço a todos e um feliz 2014 ! é isso
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