The Killers: crítica de Battle Born (2012)

Após dez anos de sua formação, a banda norte americana The Killers retorna com seu quarto disco, Battle Born, mostrando o porque de serem considerados um dos melhores e mais influentes nomes surgidos no século XXI.

Não seria correto usar o clichê de dizer que o grupo voltou mais maduro, pois o lançamento anterior, Day & Age (2008), já trazia essa característica na banda de Brandon Flowers (vocais e sintetizadores), Dave Keuning (guitarra), Ronnie Vannucci (bateria) e Mark Stoermer (baixo). O quarteto passou por um hiato após o término da turnê do álbum citado e a pausa parece ter surtido efeito, pois a música do Killers está soando moderna e honesta, sem perder a pegada pop que os consagrou no começo da década passada com hits como “Somebody Told Me” e “Mr. Brightside”, ambas presentes do debut Hot Fuss (2004).

Sabe-se que o entendimento entre os músicos passa longe do ideal, já que Flowers e Vannucci têm constantes conflitos de egos, mas, ao que parece, as diferenças foram postas de lado e a banda conseguiu produzir um excelente disco, com potencial para entrar na lista de melhores do ano, fácil.

O álbum abre com a tríade “Flesh and Bone”, “Runaways” e “The Way It Was”, sendo a primeira uma ótima escolha para abrir o disco, pois inicia com teclados seguidos pelo vocal apurado de Brandon e vai ganhando forma até chegar num refrão em coro, com alterações no andamento no decorrer da música. A segunda é uma das melhores canções do ano, foi lançada como primeiro single e possui as já tradicionais camadas sonoras emoldurando a composição. Com boa letra, é uma canção pop perfeita, com ótima melodia e refrão poderoso, funcionando tanto nas pistas de dança como no seu playlist rotineiro. A terceira tem uma letra melancólica e as linhas vocais transmitem bem isso. Nesta, o andamento é mais calcado nas guitarras, baixo e bateria, dando maior espaço para os sintetizadores somente no refrão. As três músicas tem grande potencial radiofônico e cheiram a hits.

O play segue com uma balada romântica bem encaixada chamada “Here With Me”, com um refrão de belas palavras: “don’t want your picture on my cell phone / I want you here with me”. Sem cair para um lado piegas, a melodia consegue transmitir com suavidade e doçura que letra pede. “A Matter of Time” retorna o clima de rock de arena, onde é possível imaginar o público num desses festivais com apresentações no fim de tarde, batendo palmas e cantando o refrão a plenos pulmões junto com a banda. O pop volta com tudo em “Deadlines and Commitments”, abusando dos sintetizadores e com um andamento mais arrastado. A canção poderia facilmente estar num disco do Duran Duran, por exemplo. Aqui vale um destaque para os vocais de Brandon, que soam impecáveis na gravação. Ao que parece ele se encontrou como cantor. Aguardemos pra ver se conseguirá manter essa performance ao vivo.

É impossível não relacionar o título de “Miss Atomic Bomb” a “Mr. Brightside”. Nesta, a senhora bomba atômica remete a um clima de andanças de carro numa noite qualquer, refletindo sobre os problemas e soluções da vida num clima nostálgico. “The Rising Tide” mantém o clima da canção anterior, porém com maior destaque para as guitarras, rolando inclusive um solo de Dave Keuning, dando maior peso à música. “Heart of a Girl” é outra balada romântica, que inicia com Flowers cantando quase à capela, com um leve acompanhamento da guitarra e segue como uma canção que a ala feminina de fãs do The Killers certamente irá curtir bastante.

Há uma mudança na linha das canções com “From Here On Out”, outra das melhores do disco, com um andamento rápido, resvalando em influências country e folk, com ótimo acompanhamento das guitarras e sintetizadores. Uma bela canção pop. Voltando a quebrar um pouco o ritmo vem “Be Still”, outra faixa melancólica e romântica, com maior destaque para o tema de teclado sobre a voz de Brandon e ainda uma bateria eletrônica, dando um ar anos noventa à canção.

O álbum encerra com a faixa título, “Battle Born” que é outro ponto alto do disco e traz na letra um discurso sobre as dificuldades do mundo atual e como temos de superá-las. Poderia ser uma letra de Bruce Springsteen. Aqui surge um pouco de tudo condensado na canção, trechos cantados de forma suave, outros em coro, camadas sonoras, alternando destaque com a guitarra. Trata-se de mais uma faixa que certamente terá grande destaque nos shows.

A edição Deluxe do álbum traz ainda as faixas “Carry Me Home”, uma versão alternativa de “Flesh and Bone” e “Prize Fighter”, todas com um clima de música pop para pista de dança, sem exageros, divertidas e contagiantes.

Senhoras e senhores, o The Killers está de volta com tudo que se espera de um excelente disco pop: grandes canções, boas letras, banda entrosada, tocando músicas agradáveis para ouvir praticamente em qualquer momento do seu dia a dia. Goste ou não, o Killers é uma das bandas mais importantes surgidas no novo século, com lançamentos que vêm mantendo uma regularidade imensa e se mantendo popular, sem perder sua a essência.

Um dos melhores lançamentos do ano até aqui.

Nota: 8



Faixas:Flesh and Bone
Runaways
The Way It Is
Here With Me
A Matter of Time
Deadlines and Commitments
Miss Atomic Bomb
The Rising Tide
Heart of a Girl
From Here On Out
Be Still
Battle Born

(por David Oaski, do blog Ideologia Rock)

Comentários

  1. Concordo com praticamente tudo que foi dito, um dos melhores albuns do ano..

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  2. Ouvi hoje pela manhã e, puts, é um ótimo disco. Gostei bastante.

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  3. Um 8 bem merecido, não sei porque tem alguns críticos que falam que o disco é o pior da carreira do The Killers, eu adorei.

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