Andre Matos: crítica de Turn of the Lights (2012)

The Turn of the Lights é o terceiro álbum solo de Andre Matos, um dos músicos mais conhecidos e respeitados da cena heavy metal brasileira. Ele sucede Time to Be Free (2007) e Mentalize (2009), isso sem falar dos vários trabalhos gravados por Andre ao lado do Viper, Angra, Shaman, Virgo e Symfonia. Ao lado de Andre - que também toca teclado - estão Hugo Mariutti (guitarra), Andre Hernandes (guitarra), Bruno Landislau (baixo) e Rodrigo Silveira (bateria).

O que chama a atenção em Turn of the Lights é a variedade de temas explorados pela banda. Andre não se prende ao seu universo sonoro e vai ao encontro de novos caminhos sem medo. A excelente qualidade da banda que o acompanha, onde o principal destaque é Hugo Mariutti, ajuda a tornar essa jornada, na maioria das vezes agradável. Há flertes com o rock alternativo (na boa abertura com “Liberty” e na faixa-título), hard rock com pitadas de AOR (“Stop!”), metal com pitadas brasileiras (“On Your Own” poderia estar em Holy Land, lançado pelo Angra em 1996), prog (“Unreplaceable”) e o metal melódico velho companheiro de guerra (nas muito boas “Course of Life” e “Oversoul”, essa última uma das melhores músicas gravadas por Andre nos últimos anos).

O vocalista está cantando de forma um pouco mais contida, sabendo dosar os tons mais altos de sua voz, o que torna a audição mais agradável e evite desnecessários trechos maçantes e exagerados. Como já dito, a guitarra de Hugo Mariutti é o outro grande destaque de Turn of the Lights, dividindo os holofotes de igual para igual com Andre. E essa divisão é mais do que justa, já que Hugo é o atual braço direito de Matos - não por acaso esteve ao seu lado na recente turnê do Viper - e um músico excelente, com grande senso de melodia e criatividade inequívoca, encontrando soluções inteligentes, inesperadas e extremamente atuais para as composições, o que faz com que nada soe datado, muito pelo contrário: o que temos aqui é um disco pra lá de contemporâneo, que fala a língua atual dos estilos que aborda.

Quando se fala de um músico com a história de Andre Matos, quando se ouve um novo trabalho de um cara com a trajetória que Andre possui, se espera sempre algo diferenciado, à frente dos demais e que aponte caminhos. Andre Matos já apontou, pavimentou e ensinou como se faz em diversas passagens de sua carreira, e em Turn of the Lights usa toda essa experiência para gravar um disco de heavy metal que flerta sem medo com diversas sonoridades, alcançando, na grande maioria das vezes, resultados muito interessantes.

Ouça com atenção, pois vale a pena!

Nota 7,5

 

Faixas:
Liberty
Course of Life
The Turn of the Lights
Gaza
Stop!
On Your Own
Unreplaceable
Oversoul
White Summit
Light Years
Sometimes
Wings of Reality (bonus)

Comentários

  1. Aguardava a review deste álbum. Gosto do trabalho do Andre e do amadurecimento de sua carreira solo, longe do heavy metal tradicional com pedal duplo, refrães grudentos e solos intermináveis. Bela review!

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  2. Parabéns ao blog, por uma review tão lúcida!

    Sobre o Andre, sua carreira e o que ele pensa sobre as possibilidades do Heavy Metal e da música de um modo geral, recomendo esta recente entrevista para uma rádio: http://whiplash.net/materias/news_834/164918-viper.html

    ousadia é a palavra de ordem... ele praticamente derruba as fronteiras enre estilos como o metal, o jazz e a música erudita...

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  3. Vi uma crítica deste album dando uma nota 3,5...mas não vi uma crítica embasada e sim uma visão pessoal negativa do que falar do próprio disco; por isto digo que esta resenha é uma das mais bem feitas que vi nos últimos tempos, sendo coerente e coesa...ainda pretendo ouvir o disco e tirar minha própria opinião, mas isto não denigre o artista andré matos, que mesmo que tenha alguma depreciação, não é demérito pela maestria da sua própria carreira.

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