Coheed and Cambria: crítica de The Afterman: Ascension (2012)

Há certas bandas que, por mais que tenham reconhecimento e vendam bem mundo afora, acabam, pelos mais variados fatores, não recebendo muita atenção por parte do público brasileiro. E esse é justamente o caso de um dos grupos mais interessantes surgidos dentro do rock na última década, os norte-americanos do Coheed and Cambria.

O quarteto obteve uma boa receptividade dentro de seu país natal (dois de seus discos chegaram a inclusive ganhar Disco de Ouro por lá), mas mesmo depois de terem se apresentado no último Rock in Rio, ainda são quase que totalmente desconhecidos aqui no Brasil. E quando se ouve o mais novo lançamento (e sexto álbum de estúdio) do grupo, The Afterman: Ascension, isso acaba ficando ainda mais incompreensível.

O que se ouve aqui é um repertório de alta qualidade, com músicas que devem tanto agradar aos mais antigos fãs quanto conseguir novos admiradores para a banda. Além disso, vale destacar a evolução em relação ao seu disco anterior, Year of the Black Rainbow (2010), que apesar de estar longe de ser um trabalho ruim, não apresentava muita coisa que merecesse maiores destaques na discografia do grupo.

Musicalmente, o rock progressivo continua sendo o denominador comum, sendo bastante notável a influência de bandas como Yes e Rush em vários momentos. Mas também vemos o grupo se enveredar, e bem, por estilos como o rock alternativo em faixas como “The Afterman” e “Hollywood the Cracked”, que parecem ter saído direto de Mellon Colie and the Infinite Sadness, clássico do Smashing Pumpkins. Isso sem falar em “Goodnight, Fair Lady”, uma verdadeira homenagem ao Thin Lizzy onde o vocalista Claudio Sanchez chega a até mesmo lembrar o saudoso Phill Lynott no microfone.

Também vale como destaque a ótima faixa de abertura “Domino the Destitute”, que basicamente demonstra em seus quase oito minutos o que será apresentado no resto do disco, além da boa “Mothers Of Men" com sua bem-vinda influência latina no refrão e a linda balada semi-acústica “The Homecoming”, que infelizmente acabou ficando apenas como uma bônus.

Uma coisa não há como negar: o Coheed and Cambria é uma banda totalmente pretensiosa. Todos seus álbuns são conceituais, sempre girando em torno de histórias que englobam todas as canções, e The Afterman: Ascension não foge à essa regra. Outro exemplo disso é o fato da faixa “Key Entity Extraction” ser dividida em quatro músicas separadas (!). Mas outro fato inegável é que, quando se tem talento e composições realmente marcantes na linha de frente, toda a pretensão e megalomania que podem existir acabam se tornando qualidades, e apenas acrescentam ao trabalho. E poucos discos nos últimos tempos representam tão bem isso como esse.

Resta agora esperar pela continuação que será lançada em 2013 (The Afterman: Descension), e torcer para que o mesmo esteja no mesmo nível de qualidade desse que é desde já um dos melhores discos de 2012.

Nota 9



Faixas:
1. The Hollow
2. Domino the Destitute
3. The Afterman
4. Mothers of Men
5. Goodbye, Fair Lady
6. Hollywood the Cracked
7. Vic the Butcher
8. Evagria the Faithful
9. Subtraction

(por Matheus Henrique Pires)

Comentários

  1. Eu também não entendo como o Coheed And Cambria não atingiu popularidade digna em nosso país... Muito boa banda, ótimas canções.

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  2. Tenho a mesma impressão que o autor da resenha... o disco anterior não é ruim, mas são discos como esse novo que me fazem olhar com entusiasmo para o Coheed, como fiz em trabalhos anteriores desta ótima banda. O álbum é um passo à frente.

    E aquela coisa que sempre digo: gostar ou não do estilo ou discos da banda é uma coisa... mas devemos louvar o fato de ser uma banda que pensa o Heavy Metal à frente, que inova, renova, injeta sangue novo na cena!

    Não os coloco ao lado de um Nevermore, Lamb Of God, Mastodon ou tantos outros, mas é uma belíssima aposta... na verdade, já uma realidade há algum tempo...

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