Muse: crítica de The 2nd Law (2012)

É fundamental que bandas como o Muse existam. Bandas que não se prendem a sonoridade que as consagrou e são sempre inquietas, experimentando novos caminhos e possibilidades para a sua música. É essa atitude que faz o mundo, a arte e a própria música seguir em frente. Se não fosse assim, se não evoluíssemos, ainda estaríamos ouvindo os cantos dos escravos negros norte-americanos nas plantações do século XIX, de onde surgiram o blues e, um pouco depois, o jazz, raízes de tudo que veio depois.

The 2nd Law é o sexto álbum do trio formado por Matthew Bellamy (vocal, guitarra e mais um monte de outros instrumentos), Christopher Wolstenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria). Como todo trabalho que sai do comum, que ousa um pouco, dividiu opiniões. Teve gente que amou, enquanto outros odiaram. Não é para tanto. Não é necessário chegar a extremos para falar de The 2nd Law. É um bom disco, mas não uma obra de arte e muito menos um tiro no escuro. Nele, o grupo mais acerta do que erra, e comprova, de novo e mais uma vez, como o ser humano é conservador por natureza: basta uma pequena mudança, uma pequena ousadia, para a maioria se sentir desconfortável.

As treze faixas de The 2nd Law seguem a evolução natural do Muse. A banda continua soando pretenciosa e grandiosa na maior parte do tempo, e mantém a aura arrogante de seu som sem maiores cerimônias. O Muse é um grupo de personalidade forte, e isso segue claro em seu novo disco. Mas, ao mesmo tempo, tudo isso só é possível porque trata-se, sem dúvida, de uma banda muito acima da média, com músicos pra lá de competentes e donos de uma criatividade inerente. Não se sabe o que esperar do Muse, e por isso é tão recompensador curtir os caras.

Ainda que em alguns momentos os ecos de U2 e até mesmo Coldplay incomodem um pouco, no geral Mtt Bellamy e seus comparsas acertaram a mão violentamente em The 2nd Law. Pessoalmente, gostaria de ouvir um pouco mais a guitarra de Matt nas faixas, mas isso reflete apenas o meu gosto. Tudo é muito bem feito, e com momentos que beiram a perfeição, como em “Supremacy”, “Liquid State” e na épica “Survival”, que deixaria Freddie Mercury orgulhoso. Em outros, como no single “Madness”, a sombra de Bono Vox é bastante visível, assim como em “Panic Station”, um funk pesado que parece saído de um disco do Inxs. Os flertes com o progressivo, que sempre estiveram presentes, marcam ponto em “Animals” e pairam sobre todas as faixas, sendo nos arranjos pouco convencionais ou, sobretudo, na liberdade que a banda se permitiu de seguir o caminho que bem entendeu com a sua música - afinal, para quem não sabe, esse é o âmago do prog: música livre e sem limites.

The 2nd Law é uma ótima surpresa. E, com ele, o Muse segue fazendo a diferença e mostrando que ainda tem muito o que mostrar. Com ambição e nada de timidez, o trio gravou um dos seus trabalhos mais consistentes, que aponta para novas possibilidades bem interessantes.

Se você não tem medo de mudança e gosta de caminhar fora da reta, irá curtir, e muito!

Nota 8




Faixas:
Supremacy
Madness
Panic Station
Prelude
Survival
Follow Me
Animals
Explorers
Big Freeze
Save Me
Liquid State
The 2nd Law: Unsustainable
The 2nd Law: Isolated System

Comentários

  1. Sem dúvida, uma ótima banda. Acho que eles não farão outro álbum espetacular como "Absolution" e também sinto falta dos riffs de Bellamy, mas o melhor caminho para uma banda tão criativa como essa é procurar desenvolver novos sons mesmo, pois sobra criatividade. Eu não gostei do disco nas primeiras audições, mas agora estou achando muito interessante.

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  2. Esse cd já foi resenhado aqui e com a mesma nota. Esse foi o primeiro álbum que eu comprei desses caras e gostei achei interessante pelo conteúdo musical, vale a pena.

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  3. Sim, já foi resenhado aqui, mas eu resolvi escrever também sobre ele.

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  4. Ótimo disco.

    Acho que é um consenso que faltou mais riffs por parte do Matt.

    Mas sem dúvidas há momentos grandiosos no disco. Supremacy, Panic Station e Survival são sensacionais.

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  5. Grande disco. Gostei muito do clima de futuro aprocalíptico da dobradinha final "The 2nd Law".

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