SoulSpell: crítica de Hollow’s Gathering (2012)

Hollow’s Gathering, terceiro álbum do projeto SoulSpell, chegou às lojas brasileiras nas últimas semanas em mais um lançamento da Hellion Records - lá fora, o CD saiu pela gravadora sueca Inner Wound. O disco segue a mesma trama dos dois trabalhos anteriores do grupo liderado pelo baterista Heleno Vale, A Legacy of Honor (2008) e The Labyrinth of Truths (2010). Ou seja, temos aqui o conceito de metal ópera sendo explorado novamente, em canções que contam com participações especiais de diversos vocalistas e instrumentistas.

No entanto, apesar de seguir o mesmo caminho lírico, musicalmente há uma grande diferença entre Hollow’s Gathering e os seus antecessores: o novo trabalho mostra um esforço claro em fugir dos clichês tão presentes no metal melódico. Uma iniciativa válida, mas que, infelizmente, nem sempre alcança o seu objetivo. As dez faixas do álbum flertam com prog, metal tradicional e até mesmo hard rock. Mas, enquanto que nos dois discos anteriores fomos brindados com excelentes composições, em Hollow’s Gathering presenciamos o SoulSpell soar perdido e sem direção em diversos momentos.

A faixa-título, por exemplo, é a mais longa do álbum e se revela um exercício estéril de técnica, pois, em seus mais de nove minutos, vai do nada para lugar nenhum enquanto as dezenas de vocalistas que soltam suas vozes competem para ver quem sai vencedor. O resultado é que ninguém ganha, só o ouvinte perde com essa competição. “A Rescue Into the Storm”, “To Crawl or to Fly” e “Anymore” também padecem da mesma característica, sendo apenas palcos para a demonstração da técnica inequívoca dos músicos, mas que na hora do vamos ver se revelam composições que não acontecem, não explodem e, acima de tudo, não convencem.

Para não dizer que tudo se perde, há de se elogiar “Adrian’s Call” e “Change the Tide”, disparados os melhores momentos de Hollow’s Gathering. A primeira flerta com o hard rock em uma composição bem mais direta do que aquelas que estamos acostumados a ouvir no SoulSpell, e por isso mesmo se destaca. Já a segunda talvez é a mais power metal do álbum, despida da pretensão de tentar novos caminhos e, justamente por não procurar reinventar a roda, mostra-se eficiente.

As badaladas participações de Blaze Bayley e Tim “Ripper” Owens soam inócuas, com os dois vocalistas não dizendo a que vieram e não agregando nada às faixas em que participam, a não ser a suposta visibilidade que seus nomes atraem.

Infelizmente, após dois registros dignos de elogios - principalmente The Labyrinth of Truths, um dos melhores discos da história do metal brasileiro -, o SoulSpell escorregou feio em seu terceiro capítulo. Hollow’s Gathering é decepcionante e frustrante. Porém, deixa uma lição: é preciso mais do que apenas participações especiais para se fazer um bom disco. Que Heleno Vale e seus associados aprendam isso e voltem com tudo no próximo álbum.

Nota 6

Faixas:
1 Hollow’s Gathering
2 A Rescue Into the Storm
3 To Crawl or to Fly
4 Anymore
5 Adrian’s Call
6 Change the Tide
7 From Hell
8 The Keeper’s Game
9 The Dead Tree
10 Whispers Inside You

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