Old Man Gloom - The Ape of God (2014)

Aos desavisados, o Old Man Gloom é uma espécie de “supergrupo do lodo”, contando com o guitarrista e vocalista Aaron Turner (do finado e aclamado Isis), o baixista e vocalista Caleb Scofield (Cave In, Zozobra), Nate Newton na guitarra (Converge), além do baterista Santos Montano. Estes quatro estão juntos desde 1999 e unem elementos de sludge-metal, post-rock, crust, doom, noise e música ambiente. Algo realmente sujo e contemplativo.

Em agosto, a banda, através da sua gravadora Profund Lore, enviou o álbum para a imprensa – 3 meses antes do lançamento. Pode até ser um procedimento padrão usado por alguns artistas para ganhar releases, mas no caso do Old Man Gloom foi uma verdadeira jogada de marketing. Esta versão enviada à imprensa era falsa, uma condensação cuidadosamente editada de dois álbuns de mesmo nome, e isso foi revelado apenas uma semana antes da data de lançamento real (11 de novembro). Uma estratégia feita para irritar especificamente os sites que ganharam este “presente”, já que na mesma semana a versão fake já estava circulando em páginas de downloads – fazendo um protesto inteligente contra a pirataria e a falta de informação que a internet apresenta hoje.

O primeiro dos dois álbuns é um suspiro em meio a estímulos de uma violência dinâmica. “Fist of Fury” ascende o caos, com drones sendo construídos amargamente e os instrumentos sendo liberados aos poucos. Gritos profundos e desesperados são cortados. Já os nove minutos de “Shoulder Meat” conseguem trazer selvageria até nos momentos mais calmos, enquanto “Promise” brinca com atmosferas nebulosas e oscilantes. Mas talvez “Simia Dei” seja a faixa mais emblemática do registro, principalmente por alcançar a explosão em um terço do tempo que o Isis demoraria para chegar.

O segundo álbum é uma grotesca meditação sobre a fragilidade humana. “Burden” inicia esta segunda etapa com uma marcha de 13 minutos rumo a um abismo cada vez maior, onde ondas de ruídos são jogadas a quem quis se aventurar na obra. “Predators” trabalha na construção de camadas, enquanto os 12 tensos minutos de “A Hideous Nightmare Lies Upon the World” se preocupam mais em hipnotizar e energizar. Além disso, a colossal “Arrows to Our Hearts” expõe uma triste paranóia, provando mais do que nunca que essa dupla jornada de quase 90 minutos valeu a pena.

Nota 9

Por Giovanni Cabral, do Trajeto Alternativo

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