Veredito Collectors Room: Enforcer - From Beyond (2015)

Lançado no final de fevereiro, From Beyond, quarto álbum da banda sueca Enforcer, é o objeto da análise coletiva da nossa equipe nesta edição do Veredito Collectors Room. Para nos ajudar nessa tarefa, convidamos os colaboradores Giovanni Cabral, do blog Trajeto Alternativo, e Alïsson Caetano Neves, do The Freak Zine (você que acompanha o site certamente já percebeu que a dupla está colaborando de maneira constante por aqui, o que nos agrada bastante).

Leia abaixo os reviews de Rodrigo Carvalho, Ricardo Seelig, Giovanni e Alïsson, e no final o veredito que chegamos sobre From Beyond. E, como sempre, você está convidado para expor a sua opinião nos comentários, contando o que achou do disco pra gente.




Tênis surrado, cabelo desgrenhado, calças apertadas, jaquetas de couro, toneladas e mais toneladas de riffs galopantes e melodias carregadas nos mais diversos discos sobre guerras, motos, inferno, morte, política e tudo o mais. Talvez o heavy metal em seus formatos primordiais seja realmente algo simples e despretensioso, e talvez seja exatamente isso que continue a atrair tantos seguidores mesmo depois de tantas décadas. O Enforcer está entre estes que levantam a bandeira do tradicional e comandam a ode sueca ao estilo que vai desde a estética da capa de From Beyond até cada segundo de suas músicas, de forma simples, direta e estranhamente sincera. Tão sincera que, mesmo em 2015, por alguns minutos você até consegue deixar de lado um pouco a obsessão por buscar as mais novas e inovadoras bandas, tirar do armário aquela jaqueta jeans cheia de patchs fedendo a bolor, abrir uma lata de cerveja e relembrar os bons velhos tempos. Nota 7 (Rodrigo Carvalho)

Na maioria dos casos, esse revival de metal tradicional oitentista soa-me genérico acima do tolerável; mas isso não acontece em sua totalidade com o Enforcer, banda sueca que consegue reciclar um estilo com criatividade. Para os adeptos de duelos de guitarras intensas no melhor estilo K.K. Downing/Glenn Tipton e Adrian Smith/Dave Murray, From Beyond é um prato cheio. "Hell Will Follow" e "Destroyer" são faixas que podem resumir bem o que a banda faz de melhor, e a produção também facilita bastante para trazer esse "espírito da década de 1980". É sim um bom álbum, mas inferior ao anterior Death By Fire. Nota 8 (Giovanni Cabral)

Creio que pelo menos 80% dos headbangers sofram de um mal: a síndrome da nostalgia. Apenas isso pode explicar tamanha demanda pelos movimentos "revival" e, claro, por bandas como Enforcer e discos como From Beyond. O que sai dos alto-falantes nos pouco mais de 40 minutos do disco são recauchutagens descaradas e sem brilho de tudo o que fora feito APENAS nos anos 80 (os anos de ouro, como diriam alguns). Não é muito difícil de perceber isso: "Destroyer" homenageia (para não dizer copia) as bandas mais agressivas da N.W.O.B.H.M., "Hungry They Will Come" é Iron Maiden da fase Paul Di'Anno até o osso, "Undying Evil" é Satan cuspido e escarrado e "One With Fire" reforça a inspiração de Tygers of Pan Tang em todos os clichês imagináveis: vocais rasgados, mas que tentam passar um fio de grandiosidade, solos ultramelódicos e velocidade incessante. Todo esse anacronismo pesa muito contra o disco e deixa uma sensação incômoda que não deveria existir durante sua audição. Resumo da obra: não vejo motivos suficientes para se conferir From Beyond. Continue preferindo os originais: foram os que criaram o estilo, e o fizeram com muito mais qualidade. Nota 3,5 (Alïsson Caetano Neves)

Me julguem, mas não consigo entender qual é o objetivo, o propósito, de bandas como o Enforcer. Reciclando de maneira capenga um gênero que por si só soa datado há anos - o tão celebrado metal tradicional da década de 1980 -, a banda sueca tem seus admiradores espalhados pelo mundo, que certamente irão curtir From Beyond, quarto álbum dos caras. Na mesma linha de seu antecessor, Death by Fire (2013), o disco traz dez faixas com tudo aquilo que você já ouviu antes, e feito com muito mais qualidade e primor que o resultado alcançado pelos suecos: duelos de guitarras, melodias por todos os cantos, velocidade, peso e um vocal, no mínimo, irritante. Não faz meu tipo, mas tem gente que gosta. Nota 4 (Ricardo Seelig)

Nosso veredito é 5,6

Equipe Collectors Room


Comentários

  1. Os últimos dois são completamentes malucos. Enforcer, Cauldron, Skull Fist e Steelwing são o que temos de melhor nos últimos anos de Heavy Metal, mais atualmente temos Cobra Spell, Roadwolf, Air Raid, Tailgunner e Venator pra nos dar o que realmente deu certo no Heavy Metal: aquilo que era feito no início dos anos 80. Querem novidade? comprem uma revista de fofocas. Heavy Metal é como o Enforcer faz e pronto.

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