Graveyard - Innocence & Decadence (2015)


A alta demanda pelo classic rock gerou um boom de bandas com sonoridade propositalmente vintage. O que não falta são nomes explorando a estética setentista, com guitarras empoeiradas, riffs inspirados naquela década e todo um trabalho de repaginação dos clichês que transformaram os anos 1970 em um dos períodos mais férteis do rock.

Mas é preciso saber navegar por esse enxame musical, afinal, como todo mundo sabe, quantidade não é e nem nunca foi sinônimo de qualidade. São poucos os nomes que se destacam no nicho. Podemos citar os suecos do Horisont e do Crystal Caravan, e também os islandeses do Vintage Caravan, todos com bons discos no currículo. Mas o gênero - se é que dá pra chamar assim -, é dominado por dois quartetos excepcionais: os californianos do Rival Sons e os suecos - eita país pra ter banda boa, viu? - do Graveyard.

Enquanto os norte-americanos partem do Led Zeppelin para criar o seu hard rock pesado, o Graveyard embala elementos diversos em seu caldeirão sonoro, colocando na mesa uma bem azeitada mistura de influências. Lançado no último dia 25 de setembro, Innocence & Decadence é o quarto álbum da banda e mantém a alta qualidade dos três trabalhos anteriores - Graveyard (2007), Hisingen Blues (2011) e Lights Out (2012). Musicalmente, é um passo adiante em relação ao último disco, agregando de vez os elementos psicodélicos apresentados em Lights Out, afastando a banda ainda mais da influência blues que permeava os dois primeiros registros.

Há uma mudança de formação em Innocence & Decadence. O baixista Rikard Edlund, afastado da turnê anterior devido aos seus problemas com drogas, deu lugar a Truls Mörck, ex-Den Stora Vilan. Com ele, a banda ganhou um reforço bem-vindo, principalmente nos backing vocals. Joakim Nilsson segue sendo o principal destaque, com seu timbre rouco curtido em doses industriais de cigarro e whisky. Isso, aliado à produção, que mantém a timbragem suja e empoeirada de Lights Out, dá um charme todo especial ao disco.

A banda segue alternando canções agitadas com outras mais lentas e viajantes, onde alcança o auge dos seus poderes - ou seja, quem se delicou com pérolas como “Uncomfortably Numb”, “Slow Motion Countdown” e “Hard Times Lovin’" terá novas canções na mesma linha, tão espetaculares quanto. 

Entre as faixas, que montam um tracklist bastante coeso e sólido, alguns destaques como “The Apple & The Tree”, “Too Much is Not Enough” (com backing vocals femininos que dão um certa clima gospel), “Hard-Headed” e a dobradinha final, com as lindas “Far Too Close” e “Stay for a Song”. 

Com o Innocence & Decadence, o Graveyard mantém a alta qualidade de sua discografia. Mais um acerto desta banda sueca, um dos melhores nomes do rock atual, com justiça.

Comentários

  1. EU DUVIDO QUE ALGUEM VAI LER ISSO AQUI ALÉM DE VOCÊ, RICARDO... 5 ANOS DEPOIS... MAS O TRULS, TIDO COMO NOVO BAIXISTA, É NA VERDADE O GUITARRISTA ORIGINAL, JUNTO COM O JOAKIN. O GUITARRA SOLO ENTROU COM O DISCO GRAVADO. TANTO QUE VOCÊ ESCUTA A VOZ DO TRULS NO PRIMEIRO DISCO. ELE VOLTA PRA BANDA COMO BAIXISTA. ENTAO A BANDA MANTEVE O PESO E A ORIGINALIDADE. RIKARD É UM MONSTRO TOCANDO AO VIVO, PERFORMANCE QUE FAZ JUS AO GEEZER. O CARA PIRA NO SOM. E É TAO PIRADO QUE QUEBROU UM INCISIVO CENTRAL E NAO ARRUMOU O DENTE. TEM ENTREVISTA DELE BANGUELO. SÃO ALGUMAS INFORMAÇÕES DA BANDA VIKING... QUE MISTURA SABBATH COM HENDRIX... ESSES CABRA DA PESTE HONRAM O ROCK VIRIL...

    VALDECI LENDOLÓ

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