Quadrinhos: Cassidy Omnibus Vol.2, de Pasquale Ruju (2023, Editora 85)


Cassidy
foi publicada na Itália entre maio de 2010 e outubro de 2011, totalizando dezoito edições e fechando a história de um ladrão profissional com treinamento militar que executa seus crimes com meticulosidade. A trama apresenta o último ano e meio da vida do personagem, ferido mortalmente e, à beira da morte, salvo por um misterioso bluesman que lhe concede um tempo extra para que ele possa acertar todas as pontas soltas de sua vida. O material está sendo publicado no Brasil pela Editora 85 em três omnibus com 600 páginas, cada um reunindo seis edições da série. Li o volume 1 em janeiro, e acabei de devorar o segundo.

É preciso iniciar este review elogiando o formato dos omnibus da Editora 85, que passam longe dos trambolhos gigantes, pesadíssimos e com capa dura que tomaram conta do mercado. Aqui, as seiscentas páginas de cada um dos três volumes vêm no formato 15x21, padrão da editora original, a italiana Bonelli, com capa brochura e orelhas. Cada capítulo é precedido por um texto que fala sobre diferentes aspectos da cultura dos anos 1970, período em que a história se passa, o que torna a leitura ainda mais imersiva. Com roteiro de Pasquale Ruju (Dylan Dog, Dampyr, Martin Mystère) e ilustradores diferentes a cada edição – neste segundo omnibus as artes são de Elisabetta Barletta, Fabio Valdambrini, Davide Furnò, Paolo Armitano, Luigi Siniscalchi e Gigi Cavenago -, a HQ é uma grande história de ação nos moldes de 11 Homens e Um Segredo e dos filmes clássicos de assaltos muito populares durante os anos setenta, com toques de violência e reviravoltas dignas das obras de Quentin Tarantino. Um ponto de grande destaque em Cassidy é a música, com várias citações e trechos de letras de canções ao longo das páginas, o que faz o quadrinho ter uma espécie de trilha sonora própria.

Pasquale Ruju é um escritor excelente, o que torna a leitura uma experiência nada cansativa, apesar do grande de páginas. O ritmo é sempre constante, amparado por artes que, mesmo feitas por diferentes nomes, apresentam pouca variação. Este segundo volume aprofunda mais a história de Cassidy e seus parceiros – um deles claramente inspirado no ator norte-americano Danny Trejo, famoso pelo seu papel em filmes como Machete, Bala do Pistoleiro e Um Drink no Inferno -, revelando personagens complexos que vão muito além dos protagonistas com falta de profundidade que encontramos, de modo geral, nos gibis.

Cassidy, como escrevi, é um grande filme de ação em quadrinhos, com roteiro muito bem escrito. Uma história com começo, meio e fim, que não se estende além do necessário mas proporciona ao leitor um prazer além do esperado. Uma excelente dica para quem quer ler algo de qualidade fora do universo de super-heróis ou deseja dar os primeiros passos no rico universo da Sergio Bonelli Editore.


Comentários