Review: Pantera – Vulgar Display of Power (1992)


Por mais que o Pantera tenha lançado quatro álbuns com uma sonoridade mais voltada para o glam metal em seus primeiros anos de carreira, foi a partir de 1990 que o quarteto texano escreveu o seu nome na história. Cowboys From Hell, estreia por uma grande gravadora, apresentou uma mudança significativa na sonoridade, com a banda explorando um metal repleto de groove e com muito mais peso e agressividade do que os discos anteriores. A receita foi aprimorada e chegou ao estado de arte em Vulgar Display of Power.

Lançado em 25 de fevereiro de 1992 pela Atco Records, Vulgar Display of Power é o sexto álbum do Pantera e o segundo trabalho que o mundo todo efetivamente ouviu, já que os quatro primeiros discos entraram para a história mais como itens curiosos do que pelo seu valor musical. A produção foi novamente de Terry Date, peça fundamental na mudança radical presente em Cowboys From Hell, e que produziria também os discos seguintes, Far Beyond Driven (1994) e The Great Southern Trendkill (1996). 

Para os próprios músicos, o Pantera conseguiu alcançar o seu som definitivo em Vulgar Display of Power. Todos os quatro – Phil Anselmo, Dimebag, Rex Brown e Vinnie -, deram declarações ao longo dos anos exaltando o álbum. A banda sentiu que parte do público mais radical do metal havia ficado decepcionado com a sonoridade mais acessível que o Metallica seguiu no Black Album (1991), e viu ali uma oportunidade e uma lacuna a ser preenchida. A ideia foi então produzir “o álbum mais pesado de todos os tempos”, e o resultado foi Vulgar Display of Power.

Muito bem recebido pela crítica e pelos fãs, Vulgar Display of Power se tornou o disco mais vendido da carreira do Pantera, alcançando platina dupla nos Estados Unidos e superando a marca de 2 milhões de cópias no país. Além disso, o álbum é apontado como um dos mais influentes do metal da década de 1990, sendo responsável por moldar o som pesado daquela década ao lado de clássicos como Dirt (1992) do Alice in Chains, Chaos A.D. (1993) e Roots (1996) do Sepultura, Burn My Eyes (1994) do Machine Head e o próprio Black Album do Metallica.

Uma curiosidade pouco conhecida é que o título do disco foi retirado do filme O Exorcista (1973). A frase está em um diálogo entre o Padre Damien Karras e a menina Regan, que está possuída. O sacerdote pergunta ela menina não se solta da cama onde está presa - “Se você é o Diabo, por que não fazer as tiras desaparecerem?” -, ao que a garota responde que “isso seria uma demonstração de poder muito vulgar, Karras”.

A capa traz a imagem de um homem levando um soco, e muitos pensam que o agredido é um dos irmãos Abbott, o que não é verdade. Ela foi feita pelo fotógrafo Brad Guice, que também produziu a capa de Cowboys From Hell, através de duas imagens sobrepostas que causam o afeito de agressão. O modelo, chamado Sean Cross, não foi socado de verdade.

Entre as onze faixas de Vulgar Display of Power estão alguns dos maiores clássicos do Pantera como os hinos “Mouth for War” e “A New Level”, a aula de groove e peso de “Walk” e a balada “This Love”, além de canções preferidas dos fãs como “Fucking Hostile”, “Live in a Hole” e “Hollow”.

Poucas bandas redefiniram o rumo do metal como o Pantera fez durante os anos 1990. E, entre os álbuns fantásticos lançados pelo quarteto durante aquela década, Vulgar Display of Power é a cereja do bolo com os riffs únicos de Dimebag, a bateria cheia de groove de Vinnie Paul, o baixo pesadíssimo de Rex Brown e a performance animalesca de Phil Anselmo.

O resultado não poderia ser diferente: um clássico indiscutível.


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