Review: Yngwie Malmsteen – Facing the Animal (1997)


Décimo álbum do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen, Facing the Animal chegou às lojas em 23 de fevereiro de 1997. O trabalho foi o sucessor do disco de covers Inspiration (1996) e, de certa maneira, o início de uma nova fase na carreira de Malmsteen, já que contrasta bastante com a sonoridade de seus icônicos álbuns iniciais como Rising Force (1984) e Trilogy (1986), e também de discos de meados de sua carreira como Odyssey (1988) e The Seventh Sign (1994).

A grande diferença de Facing the Animal em relação aos demais trabalhos tanto anteriores quanto posteriores de Yngwie é o peso. Com uma formação inédita que contava com músicos que só colaboraram com o guitarrista neste trabalho, como o vocalista sueco Mats Léven (Candlemass, Therion) e o lendário baterista inglês Cozy Powell (Rainbow, Black Sabbath, Whitesnake), o álbum foi produzido pelo guitarrista ao lado do renomado produtor Chris Tsangarides (King Diamond, Angra, Judas Priest) e contou também com o tecladista Mats Olausson (Kamelot, Ark) e com o baixista Barry Dunaway, este último um colaborador habitual de Malmsteen.

Para muitos, Facing the Animal traz o conjunto de canções mais forte que o lendário guitarrista gravou em toda a sua carreira. Trata-se de um trabalho poderoso, onde as atenções não ficam apenas em Yngwie, como de costume, mas também em outros dois músicos incríveis: Léven e Powell. O vocalista canta demais, com seu timbre agressivo dando mais violência para o metal com influência neoclássica de Malmsteen. E Cozy soca as peles da bateria de maneira selvagem, em uma das melhores performances de sua carreira. Outro ponto importante é que Facing the Animal acabou trazendo, infelizmente, uma das últimas performances de Cozy Powell, que faleceu em um acidente de carro ocorrido no dia 5 de abril de 1998, com apenas cinquenta anos.

Em relação a Yngwie Malmsteen, em Facing the Animal o guitarrista equilibra a sua técnica absurda e a paixão pela forma de tocar de seu grande ídolo, Ritchie Blackmore, com uma performance cirúrgica conforme o esperado, porém aqui também carregada com doses extras de agressividade, provavelmente nascidas da parceria com um cantor vindo de uma cena mais extrema como Mats Léven e de um baterista com o currículo invejável como Cozy Powell. Percebe-se também uma clara diferença em seus riffs, que soam mais contemporâneos e até mesmo sincopados, mostrando que o guitarrista estava antenado com o que rolava no metal na década de 1990. Entre as canções, todas muito boas ou excelentes, destaques para “Braveheart”, “Enemy”, “Sacrifice”, “My Resurrection” e para a música que batiza o disco. 

Vale mencionar, como curiosidade, que o álbum foi lançado no Brasil em dois momentos: primeiro em 1997, com a capa original mostrando o rosto de Yngwie, e já na década de 2010 em uma nova edição com uma capa diferente trazendo esculturas de dois leões, igual à reedição que a gravadora americana Spitfire soltou alguns anos mais tarde.

Facing the Animal é um álbum extremamente recomendado para quem não é necessariamente fã de Yngwie Malmsteen, justamente por se afastar do metal neoclássico com foco na guitarra e apostar em um metal pesadíssimo e alinhado com a sonoridade dos anos 1990. A cereja do bolo são as performances irretocáveis tanto do guitarrista quanto de Mats Léven e Cozy Powell.


Comentários