Hellboy: Contos Bizarros: um mergulho criativo no lado mais inusitado do personagem (2025, Mythos Editora)
Hellboy: Contos Bizarros é uma antologia de histórias curtas do personagem criado por Mike Mignola, aqui escritas e ilustradas por diversos nomes do mundo dos quadrinhos. Publicada originalmente nos Estados Unidos em dois volumes, entre 2003 e 2004, a série chegou ao Brasil também em dois volumes lançados pela Mythos Editora, em 2006 e 2007. Mais tarde, ganhou uma versão especial chamada Edição de Ouro, no gigantesco formato 21,5 x 33 cm, publicada em 2017. Oito anos depois, retorna em um encadernado de capa brochura que segue o padrão dos omnibus do personagem lançados pela Mythos, com 284 páginas em papel couchê, incluindo prefácio, posfácio, galeria de capas e extras.
A HQ oferece uma abordagem inusitada e divertida ao universo criado por Mignola. Diferente do tom sombrio e carregado que caracteriza a série principal, esta antologia reúne artistas e roteiristas convidados para explorar lados alternativos, cômicos, surreais e até sentimentais do personagem e de seu mundo. Funciona como uma espécie de carta de amor a Hellboy.
Autores de diferentes estilos visuais e narrativos demonstram não apenas admiração pelo universo de Mignola, mas também uma liberdade criativa rara em franquias consolidadas. Em vez de seguir a mitologia rígida da série original, Contos Bizarros brinca com os limites do personagem, colocando-o em situações absurdas, nostálgicas ou emocionalmente curiosas — mas sem abandonar o horror, as lendas e os elementos mitológicos que são marcas registradas da obra.
A ideia da coletânea surgiu quando Mike Mignola se afastou temporariamente dos quadrinhos para acompanhar a produção do primeiro filme de Hellboy, lançado em 2004 e dirigido por Guillermo del Toro, com Ron Perlman no papel principal.
Entre os artistas presentes em Contos Bizarros estão nomes como Alex Maleev (Demolidor), Craig Thompson (Retalhos), Eric Powell (The Goon), J.H. Williams III (Promethea), Jill Thompson (Beasts of Burden), John Cassaday (Planetary), P. Craig Russell (Sandman), entre muitos outros. Cada autor entrega histórias com identidade própria, mas todas mantêm um respeito e afeto visível pelo personagem, seu universo de coadjuvantes (tão complexos quanto o próprio Hellboy) e seu legado.
Apesar da variedade de estilos — que vai do traço cartunesco ao expressionismo sombrio — a edição mantém uma coesão temática. Isso se deve ao carisma duradouro de Hellboy e ao cuidado da curadoria do material. A Mythos Editora fez um ótimo trabalho na tradução e na qualidade gráfica da edição, respeitando o visual original e garantindo uma leitura fluida.
Hellboy: Contos Bizarros é ideal tanto para fãs de longa data quanto para novos leitores. Para os veteranos, representa uma pausa refrescante nas tramas densas e apocalípticas da cronologia principal. Para os novatos, serve como uma porta de entrada acessível ao universo do personagem, já que não exige conhecimento prévio da mitologia.
Mais do que um spin-off, Hellboy: Contos Bizarros é um tributo criativoao personagem. Trata-se de um verdadeiro laboratório narrativo onde autores consagrados prestam homenagem a Hellboy com liberdade artística. Pode não ser essencial para entender o cânone, mas é indispensável para quem deseja explorar todas as faces do herói — inclusive as mais estranhas, engraçadas e humanas.
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