Discos Fundamentais: Crimson Glory – Transcendence (1988)


Por Luiz Fernando M. Fustini
Colecionado
r

O Crimson Glory é uma banda estadunidense formada nos anos 80 e praticamente “cult” hoje em dia, já que não há muita divulgação na mídia e seus clássicos primeiros álbuns (pelo selo Roadrunner) estão fora de catálogo. Uma pena, pois o conteúdo aqui apresentado é mais do que suficiente para deixar empolgado qualquer fã do Queensryche dos tempos áureos (de “Warning” e “Operation Mindcrime”). Trata-se de um heavy metal com fortes influências progressivas, muitíssimo bem tocado e com inegável destaque para o vocalista Midnight (seu nome real é John Patrick McDonald), que possui um gogó privilegiado, deixando Geoff Tate com coceira na cabeça de tanta preocupação.

Este é o segundo álbum do grupo, de 1988. A abertura fica por conta da clássica e épica “Lady of Winter”, um heavy metal tradicionalíssimo muito bem executado pela banda. O disco todo é maravilhoso, mas vale destacar a poderosa “Red Sharks”, com excelentes riffs e guitarras gêmeas, um grandioso power metal das antigas. Se eu encontrasse esta música no “Ram it Down” do Judas Priest não ficaria nem um pouco surpreso! Quando digo isso estou falando sério mesmo, pois o instrumental do Crimson Glory é de deixar o Dream Theater de hoje em dia passando vergonha. E que vocal, meu Deus!

É deste trabalho também uma das baladas mais lindas que já ouvi na vida, “Painted Skies”, que começa com um dedilhado de violão acústico e então nosso amigo Midnight assume a encrenca e canta com a empolgação e maestria de poucos. Quando você menos espera já está possuído pela música (no bom sentido) e não há como não cantar junto o refrão
“spread your wings you can fly”. Emocionante!

Em frente temos a ótima “Masque of the Red Death”, que logo abre espaço para uma das minhas prediletas, a épica, cadenciada, pesada e ao mesmo tempo progressiva “In Dark Places”. Cara, que música do cacete! Indescritível o clima que pode ser absorvido durante a execução dessa maravilha. Impossível não ficar cantarolando
“in dark places we will be forever beyond the light”.

E para continuar a saga proposta pelo grupo, ou seja, deixar o ouvinte de queixo caído, eis que surge “Where Dragons Rule” (minha favorita) com uma linha de bateria simplesmente fenomenal. Este é outro destaque à parte (em um disco que só tem destaques), pois essa música cresce em você de uma forma incrível. Mais guitarras gêmeas e solos dobrados. Simplesmente absurda, e mais uma vez aplausos para nosso herói Midnight, que aqui debulha e dá uma aula de vocalização.

Mas vamos em frente porque ainda temos outras duas belas baladas com “Lonely” e “Burning Bridges”. Se você acha as baladinhas melosas do Aerosmith (fase 90´s em diante) bonitas, então está na hora de rever os seus conceitos e conferir o que o grupo aprontou aqui.

Para fechar a obra ainda temos “Eternal World” e a faixa-título (“Transcendence”), ambas impecáveis. Na segunda citada, bem no início, se tem até a impressão de que o imortal Robert Plant está comandando os vocais.

Enfim, para quem gosta de nomes como Geoff Tate, Rob Halford e Bruce Dickinson, além de heavy metal extremamente bem tocado com influências progressivas (sem soar sonolento) e setentistas, eis aqui um prato cheio.

Se você gostar desse álbum então corra atrás do primeiro (auto-intitulado, de 1986), que não fica muito atrás. E se a Roadrunner soltar uma versão especial desse disco no mercado eu compro também. Inclusive, uma capa linda dessas merece uma versão digipack, não?

Nota 10 – discaço!

Formação:
Midnight – vocal
Jon Drenning – guitarras
Ben Jackson – guitarras
Jeff Lords – baixo
Dana Burnell – bateria

Faixas:
1. Lady of Winter
2. Red Sharks
3. Painted Skies
4. Masque of the Red Death
5. In Dark Places
6. Where Dragons Rule
7. Lonely
8. Burning Bridges
9. Eternal World
10. Transcendence

Comentários