Van Halen: o que ouvimos em "Tattoo", novo single da banda



Por Vitor Bemvindo


A inconstância na personalidade de Eddie Van Halen fez com que os fãs da banda que ele lidera ficassem órfãos de novos sons. Nos últimos quinze anos, o grupo ficou alternando de vocalista a cada três ou quatro anos. De Sammy Hagar para David Lee Roth, de Roth para Gary Cherone, de Cherone novamente para Hagar e finalmente de Hagar para o novo retorno de David Lee Roth. 


Nesse período foram lançadas duas faixas inéditas com Roth para uma coletânea em 1996, um álbum muito mal-sucedido com Cherone e mais três faixas inéditas com Hagar para outra coletânea em 2004. Toda essa instabilidade fez com que esses trabalhos passassem sem uma atenção devida.


Hoje, depois de quase 14 anos, o Van Halen finalmente lança um single de uma música que fará parte de um disco de inéditas do quarteto (o último tinha sido "Without You”, em 1998). Antes de ouvi-lo, a principal pergunta que me fazia era: “Será que os irmãos Van Halen irão retomar a carreira de onde pararam ou utilizarão elementos do que faziam quando estavam com David Lee Roth nos vocais, no longínquo ano (e álbum) de 1984?”.


Quem esperava um remake do que a banda fazia meados dos anos 80, com muitos teclados e berros ensandecidos de Roth, certamente se decepcionou. “Tattoo” está muito mais próximo das faixas feitas com o próprio Roth em 1996 e com Hagar em 2004, e as músicas compostas para o “incompreendido” Van Halen III (1998).


Então quer dizer que “Tattoo” não vale a pena? Não, muito pelo contrário. Acho louvável o esforço da família Van Halen e de Diamond Dave em não parecerem datados. Nada de teclados exagerados, nada de gritinhos sem sentido. O que se nota é a continuidade do que foi deixado pela metade nos anos 90, que trazia a tentativa de uma retomada de algo mais cru – como nos dois primeiros discos de 1978 e 1979 – mas com uma roupagem mais moderna. Aliás, acho um pouco exageradas as críticas feitas na época àqueles trabalhos.


O single começa com gritos de “tattoo, tattoo” seguidos de duas guitarras sujas, cruas e pesadas, que se sobrepõem de forma avassaladora. Impossível não se arrepiar, são cerca de 20 segundos que fazem acreditar que virá um grande álbum pela frente. Essa primeira impressão de pé na porta é quebrada pela forma suave pela forma com que Roth canta os primeiros versos da canção, acompanhado por um teclado bem discreto e uma guitarra base simples, mas distorcida. Logo chega o refrão, introduzido de forma surpreendentemente melódica por Roth para em seguida ser interrompido pelo mesmo “tattoo, tattoo” que abre a canção. Essa estrutura se repete até o fim da canção. No meio, há ainda um solo típico de Eddie Van Halen. Nada extraordinário, principalmente se tratando de Eddie, mas compondo bem a faixa.


Dois aspectos fazem com que a faixa não se destaque tanto: o primeiro deles é o fato do refrão ser repetido muitas vezes – em especial, os gritos de “tattoo, tattoo” -,  e o segundo é a ausência dos backing vocals agudos de Mike Anthony. Os vocais de fundo do ex-baixista eram uma marca registrada do Van Halen, e graças a vaidade do guitarrista eles não estarão mais lá. Eles são propriedade do Chickenfoot agora. Uma pena! Certamente a canção ganharia muito com Anthony.


Conclusão: “Tattoo” não revolucionará nada. Muitos criticarão, por quererem ouvir algo que não existe mais: o Van Halen de meados dos anos 80. A minha opinião é de que o single é um sopro de esperança para a carreira da banda. Não será lembrada como um grande trabalho do grupo, mas pode colocá-lo de volta ao mercado, já que soa como algo de fácil acesso, especialmente para as rádios de “classic rock” americanas. 


Espero que o álbum A Different Kind of Truth, que será lançado no próximo dia 7 de fevereiro, traga mais qualidade em suas outras faixas. Particularmente, tenho a expectativa de que seja um bom trabalho, com faixas superiores a “Tattoo”. Ainda assim, acho o novo single um trabalho digno da grandeza do Van Halen. É bom saber que o grupo não está preso à fórmulas óbvias que certamente o levaria ao ridículo.

Comentários

  1. Tem bem cara de single pra Rádio !
    apenas uma boa faixa nota 6 ... acho que cumprirá sua missão radiofônica...
    Espero que nas demais ele frite a guitarra como só ele sabe faze...
    Um ponto positivo pra mim foi a voz do David que parece intacta...

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=aVU-xFtI8iU

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  3. Bom... Independentemente de épocas, achei a música bem marromenos.

    A música me deixou com a impressão de que se esgotou as ideas criativas dos membros do VH.

    "Tattoo" não mostra atrativo nenhum em nenhuma parte de seus 4 minutos e 43 segundos.

    Só espero que o álbum me tire esta má impressão que tive com esta canção.

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  4. Deu pra perceber que os backing do Mike farão falta daqui pra frente.
    Mas não é uma música ruim, não.
    Esperemos o disco.

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  5. Fui só eu ou mais alguém achou que o David Lee Roth está soando meio Ian Gillan nessa faixa?

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  6. Me surpreendeu, esperava menos com essa formação.Sempre fui à favor da volta do Sammy Hagar, mas acho que tenho que rever meus conceitos sobre à banda.

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  7. luis felipe, em todos os fórus, matérias, etc, sobre o vah halen sobre esta música eu disse a mesma coisa... soou um pouco como DEEP PURPLE!

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