- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Lançado em 15 de maio de 1987, Girls, Girls, Girls é o quarto álbum do Mötley Crüe e representa um retrato cru e excessivo de uma banda que, ao mesmo tempo em que atingia o auge da fama, também mergulhava nos próprios abismos pessoais. Musicalmente mais cru do que seu antecessor, o multiplatinado Theatre of Pain (1985), o disco abraça um hard rock com pegada mais suja e direta, afastando-se do glam exagerado em direção a uma sonoridade mais "calçada no asfalto", influenciada por blues e pelo espírito das ruas.
Na época, o Mötley Crüe era um dos maiores nomes do rock mundial. No entanto, por trás do sucesso, os integrantes estavam afundados em problemas com drogas, álcool e conflitos internos. Nikki Sixx, baixista e principal compositor, estava em profunda dependência de heroína e já colecionava overdoses. Vince Neil ainda lidava com as consequências emocionais do acidente de carro fatal em 1984, que vitimou Razzle, baterista do Hanoi Rocks. Tommy Lee e Mick Mars também enfrentavam problemas diversos, tornando o ambiente no estúdio caótico.
Esse clima de excesso e autodestruição se infiltra em cada faixa do álbum. A faixa-título celebra o hedonismo das casas de striptease que os músicos frequentavam em Los Angeles — como o The Body Shop e o Tropicana — ao som de motos Harley-Davidson e riffs viciantes. Já músicas como “Dancing on Glass” e “Wild Side” expõem um lado mais sombrio do estilo de vida da banda, abordando vício, violência urbana e marginalidade com letras quase confessionais.
Apesar de ser comercialmente bem-sucedido — alcançando o segundo lugar na Billboard 200 — o disco sofreu críticas mistas na época do lançamento. Muitos viram nele uma queda de criatividade comparado aos dois álbuns anteriores, especialmente Shout at the Devil (1983). No entanto, Girls, Girls, Girls é, acima de tudo, um reflexo fiel de onde o Mötley Crüe estava naquele momento: uma banda à beira do colapso, mas ainda capaz de canalizar sua decadência em músicas que ressoavam com milhões de fãs.
O álbum precede uma guinada importante: depois dele, a banda quase se desintegrou. Nikki Sixx teve uma overdose quase fatal em dezembro de 1987, o que acabou sendo o estopim para que todos os integrantes entrassem em reabilitação. Esse processo culminaria em Dr. Feelgood (1989), o trabalho mais coeso e bem produzido do grupo. Assim, Girls, Girls, Girls funciona como um documento cru e não filtrado de uma era: o auge do hair metal e o início do fim da inocência para uma das bandas mais notórias da cena de Los Angeles.
Girls, Girls, Girls acaba de ser relançado no Brasil em edição remasterizada incluindo cinco faixas bônus, incluindo a inédita "Rodeo". Uma ótima oportunidade para completar a sua coleção.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.