Crítica do livro O Reino Sangrento do Slayer

O Reino Sangrento do Slayer é o primeiro livro sobre a lendária e clássica banda californiana de thrash metal publicado no Brasil. Escrito pelo respeitado jornalista inglês Joel McIver, autor de diversas obras sobre a carreira de artistas como Metallica, Black Sabbath, Tool, Cliff Burton, Randy Rhoads, Glenn Hughes e Machine Head, foi lançado no final de 2012 por aqui pela Edições Ideal.

O modo de escrever de McIver é mais direto que, por exemplo, o texto de Mick Wall, outro escriba inglês que enveredou pelo mercado das biografias. Isso faz com que, em alguns capítulos, tenhamos a sensação que certos assuntos foram tratados de maneira superficial e poderiam ser melhor explorados pelo autor. Isso acontece principalmente no início da obra, quando os primeiros anos do Slayer são abordados. O próprio autor assume isso no prefácio, dizendo que, pela fartura de livros já publicados sobre o Slayer e que focaram nesse período, ele preferiu não ir tão fundo nos primeiros dias da banda. Porém, por se tratar do até agora único livro sobre o grupo publicado no Brasil, essa carência torna-se evidente e um ponto falho.

McIver escreve com grande conhecimento sobre a banda, contando histórias de bastidores, detalhes da relação com outros artistas, desavenças entre os músicos e tudo que envolve um grupo da importância e com a história do Slayer. Além disso, dá a sua opinião pessoal analisando todos os discos faixa a faixa, o que serve como guia para quem nunca ouviu os álbuns do quarteto ou quer escutá-los sob uma nova perspectiva.

O Reino Sangrento do Slayer é um bom livro, que traz diversas informações pertinentes e importantes sobre a trajetória do conjunto, e lança uma ótica diferente sobre a carreira da banda. Porém, um ponto negativo é que o original em inglês foi publicado em 2008 e a edição nacional não foi atualizada, deixando de lado tudo que aconteceu com o grupo nestes últimos cinco anos, incluindo o álbum World Painted Blood e os já históricos shows com o Big 4.

No entanto, algumas observações precisam ser feitas. A versão nacional deixa muito a desejar em um aspecto: a tradução. Tem-se a impressão, durante toda a leitura, que a editora contratou uma profissional sem o menor conhecimento não somente sobre o grupo, mas do universo da música como um todo. Isso faz com que o texto seja duro e apresente falhas toscas, erros que alguém familiarizado com a realidade do metal não deixaria passar. Além disso, fica claro que o texto final não passou por uma revisão ortográfica e nem por uma revisão técnica, tamanha a quantidade de erros presentes em praticamente todas as páginas. Esse é um fato que incomoda bastante a leitura, mas, por tratar-se da única biografia sobre o Slayer lançada até o momento no Brasil, acaba-se passando por esses percalços para ir até o final do livro. Para as novas edições, a Edições Ideal precisa fazer o trabalho correto até o fim, revisando o texto em todos os sentidos.

Apesar dos pesares - e eles são muitos -, O Reino Sangrento do Slayer é um bom livro e leitura recomendada para quem curte a banda e o heavy metal. Mas que dava pra ser muito mais caprichado, ah isso dava ...

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Olá, Ricardo, tudo certo?

    Então, cara,concordo totalmente contigo: o livro até que é bom, embora tenha realmente um aspecto superficial (e acho que não porque não tenhamos lido outras biografias do Slayer, mas porque o autor segue um estilo bem típico de jornalista de mass media americano, me parece) e - concordo em gênero, número e grau - a tradução está PÉSSIMA! No mínimo, contrataram alguém que não conhecia a fundo o assunto, com certeza, o que deixou a leitura estranha, como algo que não flui mesmo. Além disso, tb é flagrante a falta de cuidado com a revisão do texto, pois há erros e problemas que uma revisão mínima já detectaria, embora o livro precise mesmo de uma revisão bem detalhada pra ficar legal, né? Não sei como uma editora faz isso, mas eu cheguei a ter muita vontade de escrever pra eles e reclamar, pois acho uma falta de respeito com o leitor. Ou a editora Ideal acha que headbanger é semianalfabeto ou tão desleixado que engole qualquer coisa? Abraço, Cadão!

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  2. É isso aí! Acho importante que eles saibam sim, pois somos mesmo muito carentes em títulos sobre o heavy metal em português (há muita coisa interessante em inglês, alemão e espanhol), mas, se for pra trazer esse material pra gente ler, que isso seja feito com o cuidado necessário, certo? Afinal, isso é o mínimo que uma editora pode fazer por seus lançamentos...Mesmo assim, acho importante registrar que a iniciativa é boa sim e que resta esperar apenas um maior cuidado nessa parte de tradução/revisão, pois, afinal de contas, pelo menos eles lançaram o livro entre nós. No fim, apesar de tudo, ainda vale a leitura, porque Slayer é Slayer, né? Abraço!

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  3. Já saiu uma segunda edição do livro, revisada e ampliada. Pretendo comprar.

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