Hypocrisy: crítica de End of Disclosure (2013)

Uma das respostas suecas ao ascendente cenário death metal da Flórida no início da década de 90, o Hypocrisy encontrou o seu próprio caminho apenas quando deixou os temas típicos do estilo para se concentrar em um lado mais melódico, com base em letras direcionadas à ficção científica.
 
Com algumas oscilações na carreira, o trio liderado por Peter Tägtgren, uma das mais importantes figuras da música extrema sueca, chega ao seu décimo segundo disco, End of Disclosure, gravado como sempre no famoso Abyss Studios e lançado pela Nuclear Blast no dia 22 de março.

A abertura do disco já mostra que o Hypocrisy deixou de lado o direcionamento extremamente caótico (que beirava o incompreensível) do álbum anterior, A Taste of Extreme Divinity (2009), e resgatou as mesmas formas de melodias e o andamento cadenciado priorizado em The Arrival (2004), de quase uma década atrás. "Tales of Thy Spineless" dá uma acelerada no ritmo do álbum, mas sem extrapolar para os limites além do death metal carregado de melodias, típico da Suécia noventista, enquanto "The Eye" traz bons elementos do thrash metal oitentista, sem deixar de lado a atmosfera épica/sci-fi criada pelo timbre das guitarras de Peter Tägtgren.

Com os dois pés na escola americana de death metal, "United We Fall" é de longe um dos momentos mais violentos em End of Disclosure, bem diferente de "44 Double Zero", com seus flertes com o heavy metal tradicional e um Tägtgren soando incomodamente como um Udo Dirkschneider mais raivoso. Uma grata surpresa no álbum, a arrastada "Hell is Where I Stay" tem forte influência do death sueco nos seus primórdios, com alguns toques de doom, lembrando vagamente o som de bandas como Novembers Doom e Ghost Brigade.

Mantendo o andamento mais lento, "Soldier of Fortune" pode ser considerada facilmente a faixa mais melódica do álbum, cercada por um gélido e épico sentimento, enquanto, como o próprio nome sugere, "When Death Calls" retorna a faceta mais agressiva da banda, trombando levemente com o black metal. "The Return" finaliza End of Disclosure com mais uma dose de riffs extremamente arrastados e soturnos, enfatizando o lado mais mórbido e atmosférico da sonoridade sci-fi da banda, catalisado pelas diversas mudanças de andamento.

Peter Tägtgren continua sendo um dos grandes ícones do metal extremo europeu, graças ao seu trabalho como produtor e como compositor a frente do Hypocrisy e Pain. Porém, não é de hoje que os álbuns de suas bandas trazem menos impacto em relação há alguns anos atrás. Evidentemente, isso não é o mesmo que dizer que elas soam de alguma forma falhas ou sem inspiração, a questão é que End of Disclosure não é o mais técnico, nem o mais agressivo, nem o mais melódico do que o Hypocrisy já fez, e no fim soa como um apanhado de praticamente toda a sua carreira, tanto lírica quanto instrumentalmente. E é exatamente nesse dinamismo em que mora o seu mérito.

Nota 7



Faixas:
1. End Of Disclosure
2. Tales Of The Spineless
3. The Eye
4. United We Fall
5. 44 Double Zero
6. Hell Is Where I Stay
7. Soldier Of Fortune
8. When Death Calls
9. The Return

Por Rodrigo Carvalho, do Progcast

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