
Com algumas oscilações na carreira, o
trio liderado por Peter Tägtgren, uma das mais importantes figuras
da música extrema sueca, chega ao seu décimo segundo disco, End of
Disclosure, gravado como sempre no famoso Abyss Studios e lançado
pela Nuclear Blast no dia 22 de março.
A abertura do disco já mostra que o
Hypocrisy deixou de lado o direcionamento extremamente caótico (que
beirava o incompreensível) do álbum anterior, A Taste of Extreme
Divinity (2009), e resgatou as mesmas formas de melodias e o andamento
cadenciado priorizado em The Arrival (2004), de quase uma década atrás.
"Tales of Thy Spineless" dá uma acelerada no ritmo do álbum, mas sem
extrapolar para os limites além do death metal carregado de
melodias, típico da Suécia noventista, enquanto "The Eye" traz bons
elementos do thrash metal oitentista, sem deixar de lado a atmosfera
épica/sci-fi criada pelo timbre das guitarras de Peter Tägtgren.
Com os dois pés na escola americana de
death metal, "United We Fall" é de longe um dos momentos mais
violentos em End of Disclosure, bem diferente de "44 Double Zero", com
seus flertes com o heavy metal tradicional e um Tägtgren soando
incomodamente como um Udo Dirkschneider mais raivoso. Uma grata
surpresa no álbum, a arrastada "Hell is Where I Stay" tem forte
influência do death sueco nos seus primórdios, com alguns toques de
doom, lembrando vagamente o som de bandas como Novembers Doom e Ghost
Brigade.
Mantendo o andamento mais lento,
"Soldier of Fortune" pode ser considerada facilmente a faixa mais
melódica do álbum, cercada por um gélido e épico sentimento,
enquanto, como o próprio nome sugere, "When Death Calls" retorna a
faceta mais agressiva da banda, trombando levemente com o black
metal. "The Return" finaliza End of Disclosure com mais uma dose de
riffs extremamente arrastados e soturnos, enfatizando o lado mais
mórbido e atmosférico da sonoridade sci-fi da banda, catalisado
pelas diversas mudanças de andamento.
Peter Tägtgren continua sendo um dos
grandes ícones do metal extremo europeu, graças ao seu trabalho
como produtor e como compositor a frente do Hypocrisy e Pain. Porém,
não é de hoje que os álbuns de suas bandas trazem menos impacto em
relação há alguns anos atrás. Evidentemente, isso não é o mesmo
que dizer que elas soam de alguma forma falhas ou sem inspiração, a
questão é que End of Disclosure não é o mais técnico, nem o mais
agressivo, nem o mais melódico do que o Hypocrisy já fez, e no fim
soa como um apanhado de praticamente toda a sua carreira, tanto
lírica quanto instrumentalmente. E é exatamente nesse dinamismo em
que mora o seu mérito.
Nota 7

Faixas:
1. End Of
Disclosure
2. Tales Of The Spineless
3. The Eye
4. United
We Fall
5. 44 Double Zero
6. Hell Is Where I Stay
7.
Soldier Of Fortune
8. When Death Calls
9. The Return
Por Rodrigo Carvalho, do Progcast
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