Review: Impellitteri – The Nature of the Beast (2018)


Chris Impellitteri é um daqueles casos de instrumentistas que são idolatrados dentro de um nicho musical, mas fora dele não passam de ilustres desconhecidos. O norte-americano é um shred de marca maior, reconhecido pela Guitar World como um dos guitarristas mais rápidos de todos os tempos. Em 2003, em votação realizada pela Guitar One Magazine, Impellitteri foi escolhido como o segundo guitarrista mais veloz da história, ficando atrás apenas de Michael Angelo Batio e à frente do lendário Yngwie Malmsteen.

Mas, ao contrário de Batio, cuja carreira é um tanto irregular, Chris Impellitteri possui uma trajetória mais consistente. Desde 1987 ele lidera a banda batizada com seu sobrenome, que tem bons discos no currículo – ouça Pedal to the Metal (2004) – e lançou em 2018 o seu décimo-primeiro álbum, The Nature of the Beast, que acaba de ganhar edição nacional pela Hellion Records.

O trabalho traz o guitarrista ao lado do ótimo vocalista Rob Rock, do baixista James Pulli e do baterista Jon Dette. Um time de respeito, é preciso admitir. Rock é um veterano com participação marcante nos dois primeiros álbuns do Avantasia de Tobias Sammet, além de parcerias com o ex-Stratovarius Timo Tolkki (no álbum The Land of New Hope, de 2013), Axel Rudi Pell e no super grupo M.A.R.S., onde formou um quarteto ao lado de Tony McAlpine, Rudy Sarzo e Tommy Aldridge. James Pulli é parceiro de longa data de Chris, enquanto Dette é um baterista bastante respeitado e requisitado, com passagens pelo Anthrax, Slayer e Testament.

O foco de um disco do Impellitteri sempre estará na guitarra, isso é óbvio, porém Chris Impellitteri sempre procurou emoldurar esse aspecto com composições fortes, dando cara de banda para o seu projeto. Em The Nature of the Beast não é diferente. As doze músicas do álbum são, além de impecavelmente executadas, bons exemplos de como a técnica privilegiada de um instrumentista pode agregar a uma banda. Não temos nada nem perto do prog metal, por exemplo, mas sim uma sonoridade mais direta e com canções agressivas e que variam entre 3 e 5 minutos. A guitarra está sempre “fritando”, é claro, mas isso não é necessariamente um problema, sobretudo se você for um fã da abordagem que o instrumento costume ter no heavy metal. Estilisticamente, as músicas unem aspectos do metal mais tradicional e neo-clássico com elementos contemporâneos, atualizando o gênero para uma turma mais nova e que está adentrando o universo metálico.

Entre as faixas, vale mencionar a versão da clássica “Phantom of the Opera”, composta pelo inglês Andrew Lloyd Webber para o musical O Fantasma da Ópera (1986) e regravada por inúmeros artistas como Nightwish, que apresentou a sua releitura em Century Child (2002). Outro ponto interessante é a versão para “Symptom of the Universe”, do Black Sabbath, aqui devidamente convertida para o universo shred, o que pode não agradar os fãs mais tradicionais.

O saldo final é um bom disco, com um conjunto sólido de músicas e com força para cair no gosto não apenas de quem é fã de guitarras velozes e super técnicas, mas também de um metal agressivo e com características neo-clássicas.

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