Accept em Metal Heart (1985): entre a agressividade e a melodia


Metal Heart
(1985) é um dos álbuns mais icônicos da banda alemã Accept e um marco do heavy metal dos anos 1980. Produzido por Dieter Dierks, conhecido por seu trabalho com o Scorpions, o álbum mostra a banda refinando seu som, equilibrando agressividade com melodias cativantes e uma abordagem mais acessível.

Ao contrário dos discos anteriores, que eram mais crus e diretos, Metal Heart apresenta uma produção mais polida e um direcionamento musical ligeiramente mais comercial, sem perder a essência metálica da banda. A influência da música clássica é perceptível, especialmente nas harmonias de guitarra, com trechos inspirados em Beethoven e Tchaikovsky. Wolf Hoffmann, guitarrista e principal compositor da banda, brilha ao incorporar essas influências no metal tradicional do Accept. As guitarras são afiadas, os riffs marcantes e os solos técnicos, mas sempre melódicos. Já a bateria de Stefan Kaufmann e o baixo de Peter Baltes sustentam uma base sólida e energética.

A faixa-título abre o álbum com um riff poderoso e uma melodia baseada na "Marcha Eslava" de Tchaikovsky. Já o solo de guitarra traz para o metal a inesquecível “Para Elise”, de Beethoven. A letra faz referência a um futuro dominado pela tecnologia, um tema recorrente nos anos 1980. "Midnight Mover" é uma das músicas mais acessíveis do disco, com um refrão pegajoso e uma abordagem mais voltada para o hard rock. O videoclipe, com um efeito visual inovador na época, também ajudou a popularizá-la. Um dos momentos mais pesados do álbum, “Up to the Limit” traz uma pegada direta e energética que remete aos primeiros trabalhos da banda. Já "Screaming for a Love-Bite" flerta com o glam metal, carregada de melodia e refrão grudento, mostrando a versatilidade da banda, que intensificaria este direcionamento no álbum seguinte, Russian Roulette (1986). Outro destaque é "Living for Tonite", um hino de festa e rebeldia, reforçando o lado mais acessível do Accept sem perder a pegada metálica.


Embora tenha dividido opiniões na época de seu lançamento, por soar mais melódico e acessível do que álbuns como Restless and Wild (1982) e Balls to the Wall (1983), Metal Heart se consolidou como um dos grandes clássicos do Accept. Seu impacto foi duradouro, influenciando bandas de power metal que surgiram nos anos seguintes.

A performance do vocalista Udo Dirkschneider é um dos grandes destaques do disco. Seu timbre áspero e agressivo confere identidade às faixas, tornando-as ainda mais marcantes. No entanto, esse também foi o período em que tensões internas começaram a surgir na banda, culminando na saída de Udo dois anos mais tarde, em 1987.

Metal Heart é um disco recomendado para qualquer fã de metal. Ele representa uma fase em que o Accept experimentou com novas ideias sem abandonar seu peso característico. Com músicas que continuam sendo parte do repertório da banda até hoje, o álbum se mantém relevante e atemporal, mostrando que um "coração de metal" nunca para de bater.


Comentários

  1. meu disco preferido desse combo fundamental de metal oitentista, peso e melodia na medida certa, com inesperadas incursões experimentais muito bem vindas pelo erudito e pelo jazz ("teach us survive") com a melhor performance vocal da carreira de Udo, um espetáculo de disco, um dos poucos que considero nota 10, bom de ponta a ponta

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  2. Da fase antiga do Accept nos anos 80 (com Udo Dirkschneider na formação), esse é com certeza o meu disco favorito. Metal Heart fecha a primeira "trinca de ouro" do grupo alemão (junto com os anteriores Restless and Wild e Balls to the Wall), a segunda viria na fase atual com o retorno do Accept trazendo o mostruoso e "tão bom quanto o baixinho" Mark Tornillo no posto de vocalista: Blood of the Nations, Stalingrad e Blind Rage, três discaços que são hoje vistos como "clássicos".

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