Robert Plant está certo

Todos os sites de música e entretenimento estão noticiando, de maneira bombástica, a suposta negativa de Robert Plant a uma oferta milionária pelo retorno do Led Zeppelin. Algo em torno de 800 milhões de dólares, aproximadamente 2 bilhões de reais, para 35 shows ao lado de Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham.

A resposta para a negativa de Plant está no livro Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, excelente biografia do Led Zeppelin escrita pelo jornalista inglês Mick Wall e publicada em 2008. Está tudo nas mais de 500 páginas do livro. Mas eu dou uma palhinha aqui.

O Led Zeppelin foi algo extraordinário. Uma banda gigantesca, e tudo ao seu redor obedeceu proporções bíblicas. Em apenas dez anos, o grupo de Page, Plant, Jones e Bonzo redefiniu o rock, a indústria, o blues, o metal. Criou o estereótipo do guitar hero com a figura de Jimmy Page carregando sua guitarra nos joelhos (Slash que o diga), a figura icônica do vocalista transbordando sex appeal e lançando gripos orgásticos em cada canção, do baixista discreto que sustenta a banda com a sua classe e elegância e do mastodonte incontrolável espancando as peles da bateria atrás de todos. Tudo isso administrado pelo cara que reinventou a função de manager musical: Peter Grant. A dimensão gigantesca do Led Zeppelin fez os palcos mudarem, levou à inclusão de telões nos shows, da criação de equipamentos de PA e afins muito mais potentes, e dezenas de outras inovações.

Esse foi o lado bom. O não tão saudável assim foi o mergulho em drogas - principalmente Page e Bonham -, os sanguessugas que cercavam todos os passes dos quarteto, e, para os supersticiosos, os aspectos sombrios que o fascínio de Jimmy Page pela obra de Aleister Crowley trouxeram para o grupo. 

Robert Plant foi, muito provavelmente, o integrante mais afetado por tudo isso. Plant sofreu um grave acidente de carro com a sua família no dia 4 de agosto de 1975 no interior da Grécia, com todos tendo graves lesões. O vocalista ficou em uma cadeira de rodas durante um longo período, chegando a gravar o álbum Presence (1976) nessas condições. Quando tudo parecia estar entrando nos trilhos novamente, Karac, seu filho de apenas 5 anos, contraiu um vírus misterioso no estômago e faleceu apenas alguns dias depois, afetando o vocalista profundamente, como esperado.

A vida de Plant mudou para o bem e também para um lado não tão bom assim com o Led Zeppelin. Wall explica isso em Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, deixando claro que Plant jamais voltará a sair em turnê com o Led Zeppelin novamente por uma série de motivos. As razões de Robert Plant transcendem questões financeiras. Elas são muito mais profundas e envolvem amizade, família, a dor de uma perda inexplicável e muitos outros fatores. 

Olhem para a frente, para o que está acontecendo agora, em 2014, e deixem o passado como está. Estão com saudades do Led Zeppelin? Deliciem-se com as reedições dos álbuns da banda que estão sendo lançadas nos últimos meses. Ouçam Robert se reinventar disco após disco, como fez mais uma vez no seu último trabalho. Escutem as milhares de bandas influenciadas pelo Led, que pipocam em cada esquina. Opções não faltam, é só ter vontade e colocar os ouvidos para funcionar.

Deixem Robert em paz, fazendo o seu som, torcendo para o seu time do coração (o Wolverhampton, que briga para retornar para a primeira divisão inglesa) e curtindo os seus três filhos - Carmen Jayne, Logan Romero e Jesse Lee.

Comentários

  1. certissimo... deixem o led em paz...se estao com saudades escutem rival sons..

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  2. Curtam seu segundo auge. Os discos sao ótimos.

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