Ao chegar ao 20º álbum de estúdio o Motörhead já não tinha nada a provar, e The Wörld Is Yours (2010) soa exatamente como a afirmação tranquila de quem conhece profundamente o próprio território. O disco dá sequência à fase mais estável da banda nos anos 2000, com produção de Cameron Webb e um som direto, seco e sem ornamentos desnecessários. Não há aqui qualquer tentativa de reinvenção. Lemmy Kilmister, Phil Campbell e Mickey Dee apostam no rock and roll pesado que sempre foi sua assinatura, equilibrando peso, velocidade e groove com uma naturalidade que poucas bandas longevas conseguem sustentar. O álbum funciona quase como um manifesto: o Motörhead não precisa surpreender, basta entregar exatamente o que promete. A abertura com “Born to Lose” estabelece o clima, enquanto “I Know How to Die” surge como um dos grandes momentos do disco, resumindo em poucos minutos a filosofia de vida que sempre atravessou a obra de Lemmy. “Get Back in Line” e “Outlaw” mantêm o disco em alta rotaç...
Desde o fim oficial do Led Zeppelin, em 1980, a pergunta nunca deixou de ecoar: por que a maior banda de rock da história jamais voltou para uma turnê de reunião? Ao longo das décadas, surgiram rumores, negociações, declarações contraditórias e algumas apresentações isoladas, mas nunca um retorno consistente à estrada. As razões são mais complexas do que parecem. O ponto central é, inevitavelmente, a morte de John Bonham. O baterista não era apenas um integrante: ele era o motor do Led Zeppelin. A própria banda deixou isso claro ao encerrar suas atividades logo após sua morte, afirmando que não conseguiria continuar “como era”. Qualquer reunião posterior sempre carregou esse peso simbólico. Tocar sem Bonham nunca foi algo tratado como natural. As experiências frustrantes das reuniões dos anos 1980 também deixaram marcas profundas. Apresentações como o Live Aid (1985) e o evento dos 40 anos da Atlantic Records (1988) foram amplamente criticadas, inclusive pelos próprios músicos. Pro...