Pink Bubbles Go Ape (1991): quando o Helloween foi do power metal ao glam


Quarto álbum do Helloween, Pink Bubbles Go Ape (1991) é um disco de mudanças. Primeiramente, na formação da banda: sai Kai Hansen, um dos fundadores e principais compositores, e entra Roland Grapow. Em seguida, na sonoridade: o power metal grandioso das duas partes dos clássicos Keeper of the Seven Keys dá lugar a uma sonoridade mais acessível.

Considerado um dos trabalhos mais controversos da discografia do Helloween, o álbum revela o quinteto tentando explorar novos caminhos, tanto no plano musical quanto na estética visual. Isso resultou em reações mistas tanto de fãs quanto da crítica especializada. A banda se afastou do som épico e complexo que a consagrou, buscando algo mais leve, até mesmo experimental. Alguns entendem esse movimento como uma tentativa de se adaptar ao cenário musical da época, que privilegiava sonoridades mais comerciais, como o hard rock e o glam metal.

A produção é mais limpa, com uma abordagem que, em certos momentos, flerta com o glam e o rock comercial. As guitarras, sempre uma característica marcante da banda, surgem de forma mais melódica, com riffs mais suaves e acessíveis ao público em geral. O uso de teclados e sintetizadores também se destaca, conferindo uma sonoridade mais moderna e menos pesada.

Entre os destaques do álbum, "The Chance" se sobressai como uma faixa com uma pegada mais pop, dançante e distante dos trabalhos anteriores. Por outro lado, músicas como "Goin' Home" ainda preservam elementos do estilo clássico da banda, com vocais poderosos e arranjos de guitarra grandiosas.


Por um lado, os fãs mais antigos do Helloween não aprovaram a mudança de direção e a adoção de uma sonoridade mais comercial. Muitos consideraram que o álbum carecia da mesma energia e complexidade dos icônicos Keeper of the Seven Keys. Além disso, a capa do disco, com seu tom irreverente e humorístico, contrastava com a seriedade dos trabalhos anteriores, gerando críticas sobre a estética mais leve e menos sombria, mas também trazendo uma imagem mais moderna para a banda, que enfrentava os desafios do cenário musical dos anos 1990.

Pink Bubbles Go Ape é, sem dúvida, um ponto de inflexão na carreira do Helloween. Representa a tentativa da banda de se reinventar e explorar novos horizontes musicais — uma característica que seria aprofundada no álbum seguinte, o ainda mais controverso Chameleon (1993). O disco revela as dificuldades e resistências que surgem quando uma banda tenta se distanciar de sua identidade estabelecida. 

Embora não tenha sido um grande sucesso entre os fãs mais puristas do metal, Pink Bubbles Go Ape tem mérito por explorar novas sonoridades e por apresentar uma faceta mais acessível e, porque não, até mesmo mais universal do Helloween.


Comentários

  1. concordo em parte com a analise, desde o keeper 2 novos elementos já vinham sendo acrescidos como, por exemplo, em "rise or fall", que já tinha muitos elementos de hard rock americano, inclusive no aspecto lírico. falando em letras, esse era um ponto, também, que desde o keeper 2 o humor já vinha sendo inserido, bem como na arte gráfica do Lp/Cd, principalmente a interna. além disso, discordo do termo "glam metal" usado para caracterizar as mudanças sonoras no pink bubbles, não vejo qualquer ligação da sonoridade desse disco, mesmo mais comercial em alguns pontos, com o poison, por exemplo, vejo sim uma aproximação com o AOR, até descambar na radical mudança que foi mesmo efetivada em chameleon e, apenas para deixar claro, gosto dos dois albuns, cada um com suas peculiaridades, inclusive, acho "i believe" e "longing" do chameleon das melhores coisas que essa banda produziu em sua carreira, o problema é que o preconceito das pessoas com a sonoridade das primeiras músicas do album as fez nem chegar nas duas últimas, infelizmente.

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