Lançado em 11 de abril de 1988, Seventh Son of a Seventh Son é o sétimo álbum do Iron Maiden e marca um dos momentos mais ambiciosos e criativamente ousados da banda. Apostando em um conceito coeso, com elementos progressivos e uma produção mais refinada, o disco se destaca não apenas na discografia do grupo, mas também na história do heavy metal como um todo.
O álbum gira em torno do mito do "sétimo filho de um sétimo filho", figura mística frequentemente associada a poderes sobrenaturais, clarividência e destino. Inspirado parcialmente no livro Seventh Son de Orson Scott Card, o vocalista Bruce Dickinson sugeriu a ideia após refletir sobre a direção mais progressiva que a banda estava tomando desde Somewhere in Time (1986). Apesar de não seguir uma narrativa rígida como outras obras conceituais do rock, o disco mantém uma unidade lírica que aborda temas como profecia, destino, dualidade entre bem e mal, e conflitos internos.
Musicalmente, Seventh Son of a Seventh Son representa um passo além para o Iron Maiden. A introdução de teclados e sintetizadores em camadas — que já haviam sido experimentados em Somewhere in Time — foi aprofundada aqui, criando atmosferas épicas sem comprometer a identidade heavy metal da banda. As faixas exibem estruturas mais complexas, com mudanças de andamento e passagens instrumentais elaboradas, como em “Infinite Dreams” e na faixa-título, que com seus quase 10 minutos funciona como o clímax da obra. Mesmo canções mais diretas como “The Evil That Men Do” e “Can I Play with Madness” trazem nuances melódicas e arranjos inteligentes.
“Moonchild” abre o disco com energia e introduz o tom apocalíptico e místico do álbum. Adrian Smith e Dave Murray brilham nas guitarras gêmeas. “Infinite Dreams” é uma das performances vocais mais emotivas de Bruce Dickinson, com dinâmica crescente e lirismo existencial. “The Clairvoyant” e “The Evil That Men Do” são clássicos instantâneos, equilibrando peso e melodia com maestria. E “Seventh Son of a Seventh Son” é uma mini-ópera-prog-metal, com riffs hipnóticos, interlúdios narrativos e uma construção que demonstra o auge da maturidade musical da banda naquele momento.
Seventh Son of a Seventh Son foi um sucesso comercial e crítico. Chegou ao topo das paradas britânicas e consolidou o status do Iron Maiden como uma das maiores bandas do mundo. Mais importante, o álbum mostrou que o heavy metal poderia ser conceitual, lírico e progressivo sem perder sua força e identidade. Hoje, o disco é frequentemente citado entre os melhores álbuns do Iron Maiden e é uma peça fundamental na ponte entre o metal tradicional dos anos 1980 e as experimentações que viriam nos anos seguintes, inclusive influenciando vertentes como o power metal e o metal progressivo.
Seventh Son of a Seventh Son é uma obra-prima que une narrativa, musicalidade e ousadia criativa. É o Iron Maiden no auge de sua inspiração e técnica, desafiando os limites do heavy metal e deixando um legado duradouro — um verdadeiro clássico que resiste ao tempo como poucos.
Na minha opinião, SSOASS é o disco mais controverso/exagerado na discografia geral do Maiden. Não gosto do conceito no qual as letras de suas oito canções se baseiam, do uso de teclados e da influência do progressivo que permeia durante todo o álbum. Mesmo assim tem algumas canções desse disco que eu ouço mais isoladamente, como os três singles principais ("The Evil That Men Do", "The Clairvoyant" e "Can I Play With Madness), a abertura "Moonchild" e sua pegada que remete muito ao Killers (pra mim o melhor LP da fase com o saudoso Paul Di'Anno) e o encerramento com "Only the Good Die Young" (que em 2013 serviu de homenagem para o também saudoso batera Clive Burr).
ResponderExcluirEnfim, me espanta muito quando alguém cita este álbum de 1988 como o melhor da donzela de ferro ou como um favorito pessoal, já que eles fizeram coisas muito melhores antes. E contradizendo o Sr. Dickinson que em uma de suas palestras comparou o SSOASS com o clássico The Dark Side of the Moon (best-seller do Pink Floyd), costumo comparar este sétimo disco do Maiden com o igualmente controverso e muito discutido até hoje The Lamb Lies Down on Broadway, do Genesis (o último álbum da época clássica em que tinha Peter Gabriel nos vocais e Phil Collins ainda tocando bateria). No mais, é só isso a comentar por aqui.