Rigotto's Room: O Aerosmith vai pousar em Porto Alegre



Por Maurício Rigotto
Escritor e Colecionador
Collector´s Room

Como já comentei em textos anteriores, Porto Alegre está sendo brindada por uma avalanche de bons shows internacionais. No próximo dia 27, será a vez de a capital gaúcha receber uma das principais bandas de hard rock do mundo, o Aerosmith, que tocará pela primeira vez no estado no estacionamento da FIERGS, o mesmo local que recebeu o show de Axl Rose em março.

Confesso que o Aerosmith não está entre as minhas bandas preferidas. Respeito os caras e os considero como uma boa banda do segundo escalão, mas é inegável a importância do grupo no cenário roqueiro. A banda surgiu em 1970, formada por Steven Tyler (vocal); Joe Perry (guitarra); Brad Whitford (guitarra); Tom Hamilton (contrabaixo) e Joey Kramer (bateria). Gosto muito dos primeiros trabalhos da banda, principalmente os discos Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976) – respectivamente terceiro e quarto disco do grupo. Em 1979, após uma briga com Tyler, Joe Perry deixa a banda para formar o chato Joe Perry Project. Brad Whitford sai do grupo pouco depois. Em 1982 a banda lança o péssimo Rock and a Hard Place, um grande fracasso de público e crítica. Em 1985 as desavenças foram superadas e a formação original voltou à ativa, gravando o álbum Done with Mirrors, seguido pelo bem sucedido Permanent Vacation (1987). Desde então, o sucesso do Aerosmith só recrudesceu e a banda passou a vender milhões de cópias de seus novos álbuns, graças ao apelo radiofônico de baladas açucaradas que passaram a ser o carro-chefe do grupo, embora bons rocks também permeiem o repertório desses discos. O grande estouro se deu em 1989 com o álbum Pump, que vendeu nove milhões de cópias, impulsionado pelos mega-sucessos “Janie’s Got a Gun” e “Love in an Elevator”. Em 1993 a banda repetiu o sucesso com o mega-platinado Get a Grip, que trazia as faixas “Livin’ on the Edge” e as baladas “Crazy” e “Cryin’”, que tocaram exaustivamente nas rádios e na emetevê. Quatro anos depois, mais sucessos com o bom álbum Nine Lives e em 1998, alcançam pela primeira vez o topo das paradas mundiais com melosa balada “I Don’t Wanna Miss a Think”, incluída na trilha do filme Armageddon.

Por mais que os fãs mais xiitas relutem em admitir, o Aerosmith se reinventou se tornando uma banda de baladas “tipo Bon Jovi” para FMs e de clipes com apelo adolescente voltados para a geração MTV. Mesmo assim, mantém petardos do bom hard rock em todos os seus discos. Surpreendentemente, em 2004 a banda voltou às raízes com um álbum de covers de blues, o ótimo Honkin’ on Bobo, onde brindam os fãs com vigorosas releituras.



Mesmo não sendo um fã ardoroso do conjunto, no dia 12 de abril de 2007 eu era uma das 62 mil pessoas que lotaram o Estádio Morumbi em São Paulo para assistir o Aerosmith ao vivo. Após a abertura da banda Velvet Revolver – formada por Slash e outros ex-membros do Guns N’Roses – a atração principal da noite subiu ao palco e abriu seu show com o sucesso “Love in an Elevator”, seguida da ótima “Toys in the Attic”. Após esse bom começo, devo admitir que o show que se seguiu não me empolgou, pois a banda optou em tocar várias baladinhas como “Cryin’” e “Jaded” em detrimento ao repertório setentista. Os fãs deliravam acendendo seus isqueiros, mas eu e uma boa parcela do publico esperávamos mais. Achei os solos de Joe Perry meio que burocráticos e previsíveis. Steven Tyler parecia mais preocupado com a sua pose de rock star e suas caras e bocas que com a música em si. Mesmo assim, são figuras que dominam um palco como poucos e deixaram seus fãs extasiados com seu espetáculo. Há de se levar em conta que essas são as impressões de alguém que até gosta da banda, mas não faz parte de seu vasto fã-clube. A grande multidão de fãs saiu satisfeitíssima com a performance de Tyler, Perry e cia. Ao meu ver, foi morno, aquém do que poderia ter sido, mas mesmo assim um grande e divertido espetáculo. No dia 27 irei repetir a dose em Porto Alegre.

No ano passado a banda enfrentou outra crise, com mais uma briga de Steven Tyler com o resto do grupo, que chegou a anunciar que estaria procurando um substituto para o vocalista. Não sei até que ponto isso é verossímil ou se a rixa era parte de alguma estratégia de marketing para o nome da banda se manter nos holofotes, mas seja como for, parece que as diferenças foram mais uma vez superadas e o grupo está novamente em turnê mundial. O Aerosmith tocaria em Buenos Aires no dia 27 de maio e novamente no Morumbi no dia 29. O show na capital argentina foi suspenso e Porto Alegre acabou sendo incluída no roteiro.

Para o pessoal de Passo Fundo e região, a Jamil Magic Bus está organizando uma excursão para o show. Entre em contato com o Turco Jamil pelo telefone (54) 9964 4403 e garanta o seu lugar. Asseguro que a diversão é garantida.

Comentários

  1. Rigotto,

    Legal tua sinceridade cara.

    Em que pese tuas considerações, eu JAMAIS optaria por uma banda como o Aerosmith (também só gosto dos primeiros discos, com bons rocks) em detrimento de monstros sagrados como ZZ Top e o grande albino do blues, Mr. Johnny Winter.

    Enfim, me surpreendi ainda mais quando relatas que vais dar uma "segunda chance" aos caras.

    Não querendo ser chato ou pretensioso, a tendência é de que terás uma impressão parecida com a do show anterior.

    Forte abraço!

    Ao som de Band Gypsys - Machine Gun (MARAVILHA DE SOM!!!)

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  2. Tens razão Rubens.

    Provavelmente terei a mesma impressão, mas mesmo assim é divertido.

    Estarei no show do ZZ Top, não os trocaria pelo Aerosmith. Infelizmente não poderei ver Johnny Winter. Iria certamente ao show de Mick Taylor, mas foi cancelado (Lamentável!).

    Forte amplexo!

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