Classic Tracks: The Verve – Bitter Sweet Symphony (1997)


Por Fernando Bueno
Engenheiro e Colecionador
Collector´s Room


To mundo já deve ter ouvido uma melodia que gruda nos ouvidos. Existem milhares de exemplos de músicas que fazem com que não a esqueçamos e ficam muito tempo “tocando” dentro das nossas cabeças.


No final da década de 90 surgiu uma banda oriunda da Inglaterra que fazia parte do que se convencionou chamar de Britpop, o The Verve. Sua canção mais conhecida tinha uma melodia feita por uma sinfonia que se repetia sem parar do início ao fim, e foi lançada como single do álbum Urban Hymns, de 1997.

“Bitter Sweet Symphony” também ficou muito famosa como tema do filme teen Segundas Intenções (Cruel Intentions) e teve um clipe muito veiculado por diversos canais de TV.



Mas o que essa música tem de especial para ser tema de um Classic Tracks? Além de ser uma excelente faixa, ela possui algumas curiosidades. Mas antes gostaria de comentar que, como dito anteriormente, o Verve fez parte de um grupo de bandas que acabou recebendo o rótulo de Britpop. Existem muitos grupos que, se não são essenciais, pelo menos possuem o mérito de terem feito ao menos algumas músicas muito boas. Tem como não gostar logo de cara de uma faixa como “Alright”, do Supergrass? Além, é claro, dos bons discos lançados pelo nome mais famoso desse movimento, o Oasis.

Mas, vamos lá: quais são as curiosidades de “Bitter Sweet Symphony”? A letra da foi composta inteiramente pelo vocalista Richard Ashcroft, mas não é essa a peculiaridade da canção. Porém, mesmo ele tendo criado a letra da música, os créditos da melodia não são seus e de nenhum outro integrante do Verve, mas sim de uns caras que respondem pela alcunha de Keith Richards e Mick Jagger. Se você leu rápido e não reconheceu os nomes, volte e leia com mais atenção.

Sim, se você não morou em Marte nesses últimos cinquenta anos, sabe que esses são os principais componentes dos Rolling Stones. Na verdade, aquela melodia que não sai da cabeça foi uma adaptação feita pelo empresário e produtor Andrew Oldham para a música “The Last Time”, do álbum de 1965 dos Rolling Stones, Out of Our Heads.



A banda de Richard Ashcroft pediu para utilizar essa passagem, mas depois que a música foi lançada e de todo sucesso perceberam que eles tinham usado um pouco a mais do que haviam sido autorizados. Assim, iniciou-se aquele trâmite que todos conhecem: a gravadora de um abriu um processo contra a gravadora de outro, e o resultado foi que os créditos da música foram repassados para a dupla dos Stones.



Claro que esse fato não anula os méritos do Verve em, adaptando uma melodia, criar uma canção tão forte e de tanto sucesso. Mas isso é mais um exemplo de que não podemos nunca deixar de admirar os pioneiros do rock lá das décadas de sessenta e setenta.

Porém, isso não é tudo. Essa versão de Oldham para a música dos Rolling Stones tem denúncias de plágio. Na verdade, Oldham teria utilizado a mesma sequência de notas de um clássico da música erudita chamado “In the Hall of the Mountain King”, de Edward Grieg.




Veja o vídeo abaixo e tire suas próprias conclusões.



Agora percebemos que essa melodia não cativou apenas você e eu ...

Comentários

  1. Apesar de não ser o meu gosto propriamente dito, gosto bastante dessa faixa, é muito forte e expressiva e tem uma outra música do Verve tb que aprecio.
    Abraço!
    Ronaldo

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  2. Ronaldo, a outra música deve ser "Drugs Don´t Work", que é ótima.

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  3. Interessante que esse tema do Grieg já foi utilizado pelo Rick Wakeman [no Journey to the Centre of the Earth] e pelo Buon Vecchio Charlie [disco único, homônimo]. Será possível realmente que o Verve desacelerou o tema pra fazer seu trecho orquestral? Acho difícil. Aquele riff mais pesado de "Dazed and Confused" do Led Zeppelin parece bastante com um trecho de uma canção árabe chamada "Habibi Inta", com a diferença de ser mais lento e possuir apenas 3 tempos. Se você desacelera "Habibi Inta" e corta o último tempo, vc obtém o riff pesado de "Dazed and Confused". =P
    Voltando à "Bitter Sweet Symphony", a música em si, além do tema 'sinfônico', me parece totalmente inspirada em "The Last Time", dos Stones, mas não é plágio de forma alguma!

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