Lobão: review do livro 50 Anos a Mil!


Por Adriano Mello Costa

"A partir de agora, vou contar uma história de amor louca, insólita, humana, demasiadamente humana, imprevisível, improvável, mas bem real: a história da minha vida, que se mescla e se confunde com a da minha geração, do nosso país e do nosso tempo. (...) É uma história cheia de vida, de intensidade e de revelações, que incide no presente e se projeta em direção ao futuro".

Assim se apresenta a biografia de João Luiz Woenderbag, mais conhecido como Lobão. Poucas vezes a apresentação de uma biografia resume tão bem o que será lido posteriormente quanto essa de 50 Anos a Mil, que Lobão escreveu junto com o jornalista Cláudio Tognolli e que a Editora Fronteira lançou no final de 2010 com 596 páginas. Um dos nomes mais controversos da música nacional, o que de certa forma apagou um pouco a qualidade da sua obra, é uma fonte quase inesgotável de causos e de uma vida, louca vida, como diz uma das suas canções.

Quem está acostumado às declarações fortes e ácidas se deparará com um cara amável (por mais que estranho) na infância e adolescência, antes de adentrar o mundo da música e acentuar sua personalidade forte, assim como seus medos e absorção de diversas peculiaridades oriundas de uma família problemática. De baterista do Vímana no final dos anos 1970 (banda com Lulu Santos e Ritchie) até a vida como apresentador da MTV, temos Lobão na sua melhor forma.


O temperamento de Lobão transparece em vários episódios, como na saída da Blitz no começo do sucesso da banda, que seria um dos maiores fenômenos do showbiz brasileiro, preferindo ir para uma carreira solo. No decorrer de 50 Anos a Mil, essa crença pela qualidade do próprio trabalho é uma constante. Por mais que diversas vezes haja questionamentos de vida e até mesmo tentativas de suicídio, a música quase sempre não é questionada por ele.

Constantemente na contramão da história, mesmo que em alguns momentos acabe sucumbido a tudo que critica, Lobão tem excelentes trabalhos como Vida Bandida de 1987 e A Vida é Doce de 1999, e conta sua história com o humor que sempre demonstrou, fazendo assim da sua biografia uma leitura extremamente prazerosa. Podemos até duvidar de algumas situações narradas por ele, mas como se trata de quem é, tudo acaba sendo plenamente possível no final das contas.

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