Foo Fighters: review do álbum Wasting Light (2011)!


Por Ricardo Seelig

Cotação:
****1/2

Onze faixas construídas a partir de riffs ganchudos. Onze refrões fortes, daqueles que a gente, sem perceber, canta junto. Um desfile de composições uma melhor que a outra. Um disco que você ouve e fica marcando o ritmo com o pé a todo momento, faz viradas de bateria pelo ar, bate cabeça empolgado, aumenta o volume a todo instante. Esse é Wasting Light, o excelente novo álbum do Foo Fighters.

Quatro anos de silêncio separam Wasting Light de Echoes, Silence, Patience & Grace, o disco anterior do grupo. Para a gravação do play, a banda chamou o produtor Butch Vig – o mesmo dos clássicos Nevermind (1991) do Nirvana e Dirty (1992) do Sonic Youth, e que havia trabalhado com os caras anteriormente apenas em duas faixas da coletânea Greatest Hits, lançada em 2009. Wasting Light foi gravado em um estúdio com equipamentos analógicos, montado na garagem da casa de Dave Grohl. O álbum marca também o retorno do guitarrista Pat Smear, e é o primeiro com a sua participação desde The Colour and the Shape (1997).

Além disso, há também as participações especiais do ex-parceiro de Nirvana Krist Novoselic tocando baixo e acordeão em “I Should Have Known”, de Bob Mould (Hüsker Dü, Sugar) na guitarra e fazendo backing em “Dear Rosemary”, Rami Jaffee (Wallflowers) tocando piano, teclado e órgão, Jessy Greene (que já trabalhou com o Wilco e vários outros grupos) no violino e cello, e Fee Waybill (The Tubes) nos backing vocals.

Apesar de contar com uma já longa carreira – o grupo está na estrada há 16 anos, desde 1995 -, o Foo Fighters sempre lançou discos que primavam pela inconstância. Explico: todos os álbuns da banda tem excelentes músicas (poucas) e composições medianas (a imensa maioria). É claro que o grupo marcou época e conseguiu mostrar a sua força e talento através de ótimas faixas como “My Hero”, “Everlong”, “Big Me”, “Learn to Fly”, “All My Life” e “Times Like These”, mas elas estão espalhadas ao longo de sua discografia. Nunca o Foo Fighters havia lançado um disco tão consistente, forte e empolgante quanto Wasting Light.

“Bridge Burning” abre o disco de maneira excelente, descarregando riffs sobre o ouvinte. Muita energia em uma ótima música, com um grande refrão. O clima segue lá em cima com “Rope”, já conhecida pelos fãs graças ao clipe que ganhou. De novo os riffs ditam o ritmo de canção, com linhas vocais muito bem encaixadas por Dave Grohl.

“Dear Rosemary”, com participação de Bob Mould, é uma das melhores do disco. Grudenta, com cara de single, hit certo, daquelas faixas que cativam na primeira audição. Nela percebe-se o quanto Dave Grohl deixou de ser, há tempos, apenas o ex-baterista do Nirvana e transformou-se em algo muito maior. Suas composições, que unem elementos do hard rock e do pop para construir uma sonoridade pra lá de cativante, tem personalidade própria e não encontram paralelo no rock atual.

“White Limo” é outra já conhecida, uma paulada sônica que ganhou um clipe esperto com a participação de Lemmy Kilmister, brother de Dave. Essa faixa difere das demais por focar mais na pancadaria, sem o tradicional tempero pop que sempre acompanhou o grupo.

A sensacional “Arlandria” é uma das melhores de Wasting Light, com um ótimo refrão. Já a semibalada “These Days”, dona de um gigante apelo radiofônico, foi feita para ser cantada junto nos shows e começar o dia com o pé direito.

A força de Wasting Light impressiona. O disco vai entregando ao ouvinte uma sucessão de composições do mais alto nível, fazendo com que seja difícil dizer qual delas é a melhor. Quando um álbum de inéditas se parece com uma coletânea de grandes sucessos – como é o caso de Wasting Light -, a razão é simples: isso só acontece porque ele é muito bom!

O riff forte de “Back & Forth” introduz outra grande canção, mais uma vez com um ótimo refrão. “A Matter of Time” segue o mesmo caminho, mas com uma cara um pouquinho mais pop. “Miss the Misery” merece ser ouvida no seu carro, com o vento no rosto e a todo volume, sem destino nem hora pra chegar.

A balada “I Should Have Known”, com Krist Novoselic no baixo, contrasta com a energia cortante das demais composições, e traz o baixão do antigo parceiro bem na cara, estourando os alto-falantes. O encerramento é no mais alto nível, com a excelente “Walk”, uma das melhores faixas do disco, com Dave Grohl cantando de forma arrepiante.

Assim: o Foo Fighters nunca gravou um álbum como Wasting Light antes. Tudo aquilo que se ouvia em doses pingadas nos outros trabalhos do grupo toma conta do disco. São onze ótimas faixas, formando um CD absurdamente consistente, forte, que pega o ouvinte pelo pescoço, joga-o contra a parede e faz ele ficar apaixonado perdidamente. Dave Grohl e sua gangue gravaram o seu melhor disco, disparado!

Se você gosta de rock, esse é o álbum de 2011!


Faixas:
1 Bridge Burning
2 Rope
3 Dear Rosemary
4 White Limo
5 Arlandria
6 These Days
7 Back & Forth
8 A Matter of Time
9 Miss the Misery
10 I Should Have Known
11 Walk

Comentários

  1. E aí, Cadão. Sou um grande fã do Dave Ghrol e do Foo Fighters e já tinha achado o Echoes um dos melhores dos caras. Estou ansioso pra ouvir o disco, deve ser foda. Não concordo sobre a inconsistência dos discos da banda. Pego o exemplo do There Is... tem Aurora, Generator, Next Year, Breakout, Learn to Fly, entre outras.

    Outra coisa impressionante no Dave é como ele deixou de ser o baterista babaca do Nirvana e se transformou num dos caras mais legais do rock. Pra mim, o Foo Fighters é muito melhor do que o Nirvana. E tenho dito.

    Ótima resenha, meu caro. Quando vai rolar um chopp no Gus?

    Abraço

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  2. O chopp pode rolar quando quiser, brother. É só a gente marcar.

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  3. Porra, depois desta resenha preciso deste disco hoje!!!

    Eu acho o Echoes e o primeiro album Foo Fighters (1995) os melhores, mas presciso de verdade ouvir este ultimo album...

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  4. O melhor cd do ano com certeza, e pra mim nao tem inconsistência nenhuma nos albuns, sempre teve grandes composiçoes e cada album com uma tematica especifica.
    wasting light conseguiu superar o the color and the shape que era o melhor na minha opiniao, com my hero, everlong, monkey wrench...
    essa é a banda que sera lembrada como o grande nome do rock no futuro

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