Black metal: governo norueguês cria curso sobre o gênero para diplomatas estrangeiros!



Por Ricardo Seelig


Verdadeiro fenômeno social e cultural na Noruega do início da década de 90, o black metal acabou de ganhar um reconhecimento até então inédito. O governo norueguês está oferecendo aulas sobre black metal para os diplomatas residentes no país. Kjersti Sommerset, representante do Ministério do Exterior, diz que as aulas visam dar maiores subsídios para que os representantes de países estrangeiros possam entender o que significa o black metal para o povo norueguês. Segundo Kjersti, “em nosso programa de treinamento ensinamos elementos da cultura norueguesa e da indústria global, e o black metal é, claramente, parte de um crescimento global”.


A cena black norueguesa sacudiu o heavy metal no início dos anos 90. Batizada como 'segunda onda do black metal' e hoje conhecida como True Norwegian Black Metal, deu ao mundo bandas que revolucionaram o som extremo como Mayhem, Burzum, Darkthrone, Immortal, Emperor e Satyricon. O movimento se notabilizou por uma radical postura anti-cristã, cujo ponto mais polêmico foi a queima de diversas igrejas históricas espalhadas pela Noruega. O movimento sofreu um duro golpe com o assassinato de Euronymous, um de seus principais líderes e guitarrista do Mayhem, por Varg Vikernes, líder do Burzum, em 1993. Varg foi julgado e condenado à prisão, de onde saiu recentemente após cumprir a sua pena. Nessa mesma época, várias bandas foram desmanteladas pelo fato de muitos músicos terem sido presos pela queima de igrejas.


O curioso é que uma das principais influências da cena black metal norueguesa foi o grupo brasileiro Sarcófago, que no final dos anos 80 lançou álbuns que serviram de base para a sonoridade desenvolvida por alguns dos maiores ícones do metal negro, notadamente o disco INRI, de 1987.




Com o passar dos anos o radicalismo foi sendo deixado de lado, e o black metal cru e com sonoridade propositadamente tosca que caracterizou a cena norueguesa, apesar de ter influenciado profundamente o lado mais extremo do metal, hoje só é encontrado em algumas poucas bandas, sendo a principal delas o Darthrone. Hoje, a maioria das bandas classificadas como black metal inseriu elementos sinfônicos e características góticas em sua sonoridade, como pode ser percebido em nomes como Dimmu Borgir, por exemplo.


Na década de 2000, o fotógrafo Peter Beste, que acompanhou a cena de perto, fotografou diversos ícones do estilo e reuniu essas fotos no livro True Norwegian Black Metal, que vendeu horrores e é o principal documento fotográfico da cena extrema norueguesa. O sucesso do trabalho de Beste foi tão grande que ele já realizou diversas exposições com suas imagens, mantendo a estética do black metal, com suas corpse paints contrastantes em preto e branco, viva e cada vez mais inserida na cultura de massa.

Comentários

  1. Eu tenho medo do Black Metal hehehehehe

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  2. Eu adoro black metal, e sou fascinado pela história dessa cena norueguesa, cheia de mistérios e coisas mal contadas.

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