David Bowie: crítica de The Next Day (2013)

The Next Day é um disco surpreendente em todos os sentidos. Primeiro, porque ninguém esperava que David Bowie, após 10 anos de silêncio e totalmente afastado do cenário musical desde que sofreu um infarto em 2004, estivesse trabalhando em um novo álbum com canções inéditas. Surpreendente porque traz uma capa pra lá de singular, que pega a arte do clássico “Heroes”, de 1977, e a reinventa para o Bowie atual, sem rosto e sem a mínima pista para os fãs. E, finalmente, surpreendente por mostrar um músico ostentando uma criatividade cativante no alto dos seus 66 anos, sendo capaz de gravar um de seus mais consistentes trabalhos.

Produzido pelo parceiro de longa data Tony Visconti (T. Rex, Thin Lizzy, Gentle Giant), The Next Day é o 24º álbum de David Bowie e o primeiro desde Reality, de 2003. O disco acaba de sair na Europa e nos próximos dias desembarcará nas lojas norte-americanas e brasileiras. Gravado ao longo de dois anos em sigilo absoluto em Nova York, traz David acompanhado pelo guitarrista Gerry Leonard, pela baixista Gail Ann Dorsey e pelo baterista Zachary Alford. Outros músicos marcam presença em faixas isoladas, mas o time titular é esse.

Dono de uma trajetória marcada por diversas mudanças, tanto visuais como estilísticas, Bowie gravou em The Next Day um álbum essencialmente de rock temperado com algumas pitadas pop. Todas as quatorze faixas foram compostas pelo cantor, em um trabalho que mostra o porque de o camaleão inglês ostentar o status de um dos maiores músicos da história do rock.

Com melodias fortes e composições que agradam de imediato, The Next Day, como já dito, impressiona pela qualidade. O retorno de Bowie é de cair o queixo, um trabalho fortíssimo, consistente e dono de excelentes composições. A sequência inicial - da faixa-título até a balada “Valentine’s Day” -, é de cair o queixo e pega qualquer um despreparado com seis faixas que beiram o sublime. O nível segue na estratosfera em canções como “I’d Rather Be High” (com um clima meio indiano), “Boss of Me”, “How Does the Grass Grow?” e a surpreendentemente agressiva “(You Will) Set the World on Fire”, dona de um dos riffs mais pesados da carreira de Bowie.

Afiado e visceral como sempre, David Bowie olha para a sua própria história em The Next Day e sai dessa experiência com um de seus melhores discos. Saudado pela crítica como “o maior retorno da história do rock”, The Next Day faz juz a todos os elogios, por mais exagerados que eles possam parecer. O álbum provoca o encontro do melhor Bowie dos anos setenta com o melhor David da década de oitenta, e o resultado é um trabalho que arrepia ao mostrar um dos maiores músicos da história reafirmando a sua genialidade bem diante de nossos olhos.

Não há escapatória, assim como não existe motivo para fugir. Estamos diante de um fato: The Next Day é uma obra-prima. Um assombro. Um êxtase. Um primor. Excelente em todos os aspectos, ótimo até dizer chega. The Next Day é Bowie sendo Bowie, e isso por si só já é demais!

Nota 9,5

Faixas:

1 The Next Day
2 Disty Boys
3 The Stars (Are Out Tonight)
4 Love is Lost
5 Where Are We Now?
6 Valentine’s Day
7 If You Can See Me
8 I’d Rather Be High
9 Boss of Me
10 Dancing Out in Space
11 How Does the Grass Grow?
12 (You Will) Set the World on Fire
13 You Feel So Lonely You Could Die
14 Heat

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Nunca gostei do DB, mas acho que ele tem umas músicas legais. No mais, estou gostando de ver que agradou por ter retornado. O rock tá precisando de coisas boas mesmo.
    E Johnny Marr (Smiths)? Prestou?
    É outro que não curto, mas faço votos de que tenha êxito. O rock agradece.

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  2. Fiquei muito feliz com esse retorno do DB. Ainda ñ ouvi o disco na íntegra, mas como adoro os trabalhos dele e ele como artista, fico feliz que a critica tenha recebido positivamente este enigmático trabalho.

    Parabéns Bowie e obrigada, nós amantes da música agradecemos.

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  3. FODÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁSTICO!!!

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  4. Estou me tornando fã do trabalho de David Bowie e já garanti o meu The Next Day, ele foi o artista que me levou a escutar mais rock e esse disco é simplesmente excelente, só não impecável por causa de If You Can See Me que é chata até não poder mais, concordo totalmente com sua crítica e o disco é com certeza o melhor do ano.

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