Phil Anselmo & The Illegals: crítica de Walk Through Exits Only (2013)

É preciso respeitar um cara como Philip Hansen Anselmo. Não só pela sua história, mas por ele possuir a rara capacidade de conseguir imprimir uma personalidade distinta em cada projeto musical em que se envolve. Walk Through Exits Only, seu primeiro disco solo, é mais uma prova disso. Nas 8 faixas do álbum nada soa como o Pantera ou com o Down, as associações diretas que fazemos ao pensar em Phil.

Ao lado do vocalista estão Marzi Montazeri (guitarra), Bennett Barley (baixo) e Jose Manuel Gonzalez (bateria), trio que atende pelo nome de The Illegals. Produzido por Anselmo e Michael Thompson, Walk Through Exits Only foi gravado durante os dois últimos anos no estúdio do próprio vocalista, localizado em New Orleans.

Trata-se de um disco tenso, agressivo. Com momentos que se alternam entre o groove intenso (“Usurper Bastard’s Rant”) e andamentos que flertam com o death metal (“Battalion of Zero”), Walk Through Exits Only mostra Phil Anselmo transitando pelos diversos caminhos do metal extremo. Inquieto, o cantor arrisca-se por subgêneros diferentes a cada canção, construindo a unidade do trabalho sobre características sempre inesperadas.

Como já dito, não há nada aqui que lembre o Pantera ou o Down. As composições mais arrastadas de sua banda ao lado de Pepper Keenan e Kirk Windstein passam longe de Walk Through Exits Only. A história aqui é outra, com a pancadaria rolando solta enquanto Anselmo rosna suas letras.

Em relação ao Pantera, a alma da banda era a guitarra de Dimebag, responsável por imprimir uma identidade sonora única ao grupo natural de Arlington, no Texas - identidade essa que influenciou enormemente todo o heavy metal subsequente. Não existem nas faixas desse primeiro álbum solo de Phil Anselmo os riffs sincopados de Darrell Abbott e a bateria trigada de Vinnie Paul. A única ligação com o passado é a presença de Anselmo, que hoje em dia canta de uma forma muito diferente daquela dos tempos do Pantera. Se você está esperando ouvir algo similar, esqueça.

Isoladamente, as composições de Walk Through Exits Only me parecem mais fortes. No conjunto, soam demasiadamente semelhantes, apesar da já comentada variação que apresentam dentro do metal extremo. Essa sensação se dá pela forma como as faixas são construídas, sempre com inícios violentos e agressivíssimos. As variações ocorrem no centro, no meio das composições. Esse fato, somado à ausência de riffs inspirados (ou memoráveis, chame como quiser), puxa o resultado final para baixo. Resumindo: em doses homeopáticas, Walk Through Exits Only funciona muito bem. Já em doses maiores, faz você olhar para o relógio de maneira insistente.

Veredito: em se tratando de um cara com a história de Phil Anselmo, esperava muito mais. Não estamos falando de um disco ruim, muito pelo contrário, mas toda a expectativa e a falação do próprio vocalista em cima desta sua estreia solo nos dava a entender que seria um trabalho antológico, o que Walk Through Exits Only está longe de ser.

Nota 7

1 Music Media is My Whore
2 Battalion of Zero
3 Betrayed
4 Usurper Bastard’s Rant
5 Walk Through Exits Only
6 Bedroom Destroyer
7 Bedridden
8 Irrelevant Walls and Computer Screens

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Baixei esperando que fosse uma verdadeira porrada também, mas não passei da metade do disco. Enrolação demais pro meu gosto.

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  2. Concordo com a sua crítica Ricardo, achei o disco bom mas esperava muito mais do Phil Anselmo.

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  3. Anteontem ouvi a primeira e a segunda faixa, nem cheguei ao fim delas na verdade, e já desisti.

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  4. Concordo em partes sobre o review. A coisa tá bem violenta e agressiva do início ao fim, gostei disso. Mas se torna um pouco repetitivo. Gostei muito da maneira com o Anselmo tá cantando. Vamos ver o que o futuro guarda pra esse álbum. No geral eu curti um monte.

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  5. O Walk é um disco bem tocado, bem gravado, porém pouco inspirado. Eu daria até uma nota 6. Eu tava esperando alguma coisa na linha do Superjoint Ritual.

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