Veredito Collectors Room: Black Label Society - Catacombs of the Black Vatican (2014)

Nossa equipe escolheu o novo álbum do Black Label Society como o lançamento mais representativo do mês de abril. E, por isso, analisamos o disco de maneira coletiva, expondo a opinião de cada um de nossos redatores.

Abaixo você lê cinco reviews distintos, cada um com uma avaliação diferente. No final, somamos todas as notas, dividimos pelo número de participantes e chegamos ao nosso veredito final sobre Catacombs of the Black Vatican.

Você, é claro, está intimado a contar para a gente, nos comentários, o que achou do novo trabalho de Zakk Wylde e sua turma.


Catacombs of Black Vatican é um disco sintomático para o Black Label Society não por ser o primeiro de estúdio com o novo baterista, Chad Szeliga, porque afinal a rotatividade neste posto tem sido bem grande desde a saída de Craig Nunenmacher em 2010. No entanto, é sintomático por ser o primeiro sem a presença de Nick Catanese, o guitarrista que era uma espécie de alma gêmea de Zakk Wylde, seu grande complemento, sócio, amigo. Mesmo assim, mesmo sem a sua base precisa, o disco inteiro funciona bem, podendo ser considerado mais um passo rumo à evolução de uma sonoridade própria e única para o Black Label Society. "Hearts of Darkness", por exemplo, é aquela canção tipicamente BLS, pesada, corpulenta, com uma melodia ampla e que preenche todos os espaços - tão forte quanto "Damn the Flood", o primeiro single "My Dying Time" ou a porrada "Fields of Unforgiveness", que abre o disco convidando a bater cabeça. É aquela combinação de densidade soturna herdada do Black Sabbath com um sabor de rock sulista. O lance é que a gente já sabia do talento de Wylde como guitarrista. O que não é a coisa mais esperada do mundo é vê-lo melhorando, gradativa e sensivelmente, em sua outra função na banda: a de vocalista. Este instrumento ele vem aprimorando e tratando com tanta paixão quanto a que dedica às seis cordas. Em uma balada como "Angel of Mercy", o camarada solta a voz com uma textura diferente, mais sutil, entregando uma interpretação emocional e emocionada e, por que não dizer, doce. Na acústica "Scars", ele exerce um lado bem mais melancólico. E naquele que eu considero o melhor momento de todo o álbum, na última canção da bolacha, "Shades of Gray", Wylde assume sua faceta mais blueseira e derrama doses fartas de talento e emoção em quase sete minutos de música muito, mas muito boa. Nota 9,5 (Thiago Cardim)

Muitas gratas surpresas no novo do Black Label Society. No ano em que Pride & Glory completa 20 anos, Zakk Wylde mostra que existe Buchecha sem Claudinho e segura as pontas como uma verdadeira letra A no Teste de Macho. Sem Nick Catanese, seu parceiro de longa-data, Zakk tem em mãos a oportunidade de registrar algo de identidade inquestionável, e Catacombs of the Black Vatican arremata todas as marcas registradas do guitarrista numa mistura de fácil digestão e que não agride o estômago. Os harmônicos artificiais (aqueles "gritinhos" feitos na guitarra) não aparecem à exaustão e rola até certa quebra de expectativa nos finais de alguns compassos — aleluia! No tocante à voz, é bom ouvir Wylde cantar como se não estivesse com três bolas de sinuca dentro da boca e o que se ouve é muito mais um bêbado de beira de estrada com talento e bagagem o bastante para conquistar muito mais do que o necessário para mais uma dose. E o que esperar de um cara que batiza o próprio filho de Sabbath Page? Canções influenciadas tanto por Led ("Fields of Unforgiveness") quanto por Sabbath ("Damn the Flood"), no mínimo. O canto do cisne, porém, vem na forma da emotiva "Shades of Gray", na qual Zakk empunha o violão para uma base de country-blues óbvia e enfia o pé na porta em um dos melhores solos de toda a sua carreira. Nota 8 (Marcelo Vieira)

Passados quatro anos de Order of the Black, o melhor disco do Black Label Society desde o espetacular The Blessed Hellride (2003), a gang liderada pelo agora sóbrio Zakk Wylde enfrentou intermináveis mudanças. Diversos bateristas passaram pela banda em um curto período de tempo e, mais notavelmente, a saída do parceiro de longa data Nick Catanese. Invariavelmente, todos estes fatores podem afetar de alguma forma o direcionamento musical no novo trabalho, e é o que parece ocorrer em Catacombs of the Black Vatican: o que se ouve aqui é um Black Label Society mais introspectivo, contido e reflexivo, construído sobre andamentos arrastados que esbarram no grunge, no doom e no sludge, mergulhados em atmosferas pantanescas, ainda mais insalubres por causa do ar pesado, contaminado e desértico. Uma viagem hipnótica entre riffs profundos e intermináveis, e contemplativas passagens southern e soul, como atravessar áridas paisagens desoladas sob um céu fechado de nuvens negras. Catacombs of the Black Vatican é o BLS em uma personificação diferente, mas ainda assim forte, determinado e impiedoso até o osso. E para sempre. Nota 8 (Rodrigo Carvalho)

Após um intervalo de quatro anos desde seu último lançamento de inéditas, o guitar hero levantador de pesos, ex-alcoólatra e ex-fiel escudeiro de Ozzy Osbourne, Zakk “fucking” Wylde está de volta com mais uma pedrada, intitulada Catacombs of the Black Vatican. Cada vez mais afastado da sombra de seu padrinho madman, o guitarrista apresenta neste trabalho a mesma fórmula que norteou toda sua carreira solo. Baseado no conceito de “luz e sombra” de Jimmy Page, um de seus maiores mestres, Wylde consegue neste trabalho a proeza de manter sua identidade e seus trabalhos coesos com uma sequência de músicas recheadas de riffs matadores mescladas com baladas tocantes e solos repletos de feeling com seus característicos harmônicos. Muitos comentaram sobre a falta e a saída de seu parceiro nas seis cordas Nick Catanese, que não é percebida aqui, uma vez que Zakk Wylde sempre gravou todas as guitarras em estúdio. Porém, mesmo com toda a fúria de seus últimos lançamentos, este é o que apresenta suas melhores composições desde o imbatível e espetacular Mafia, de 2005. Sem o excesso de efeitos que o encobriu em trabalhos anteriores, o vocalista e guitarrista consegue apresentar sua melhor performance vocal e instrumental desde então. Os destaques ficam por conta do peso descomunal da faixa de abertura “Fields of Unforgiveness”, “Damm the Flood” e das levadas de bateria zeppelianas em “Hearts of Darkness”. As baladas “Angel of Mercy” e “Scars”, apesar de suas estruturas bastante semelhantes, refletem todo o sentimento e capacidade de compor baladas emocionantes do dono da Sociedade do Black Label. O flerte com o grunge à la Alice in Chains na obscuridade de “Empty Promises” também é digno de nota. Apesar das demais músicas não comprometerem o trabalho, a baladinha “Shades of Grey”, que encerra o trabalho, soa levemente inferior às demais. Caso tenha oportunidade, procure pela versão deluxe que conta com mais duas excelentes faixas bônus que poderiam perfeitamente figurar no tracklist principal deste trabalho: “Dark Side of the Sun” e The Nomad”. Sem grandes alterações em sua fórmula de sucesso, este é Zakk Wylde soando matador e lançando até agora um dos melhores discos do ano. Como sempre, aliás! Nota 8,5 (Tiago Neves)

Vou ser sincero com vocês: a música do Black Label Society nunca me disse nada. Nunca ouvi nada que me chamasse atenção vindo da banda. Acho Zakk Wylde um bom guitarrista, gosto de seus discos com Ozzy e, na minha opinião, os trabalhos de sua vida continuam sendo Book of Shadows (1996) e o excelente primeiro e único álbum do Pride & Glory, lançado em 1994. Após escutar algumas vezes Catacombs of the Black Vatican, nada disso mudou. O disco tem algumas boas músicas, os solos são, de modo geral, bastante interessantes, mas Zakk continua não me dizendo nada, não falando ao meu coração. No entanto, o problema nessa história toda sou eu, não a banda, admito. Por tudo isso, pensei em nem mesmo participar deste Veredito, mas acabei mudando de ideia na última hora. Para ser justo com a banda e com os fãs, vou aplicar a nota média que vejo sendo atribuída ao álbum mundo afora. Ouçam e cheguem às suas próprias conclusões. Nota 8 (Ricardo Seelig)

Nosso veredito final sobre o álbum é 8,4

Equipe Collectors Room

Comentários

  1. Esse é um dos 3 melhores discos da carreira desse guitarrista e vocalista fantástico. Nota 9,5

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  2. considero, apesar de ter escutado pouca vezes ainda, um dos 3 melhores da carreira de guitarrista e vocalista fantástico. Nota 9,5 para Catacombs...

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  3. Gostei muito do álbum e o Zakk fez muito bem em diminuir com os harmônicos, ele estava realmente pegando pesado. Melhor que um álbum novo do Black Label Society é saber que eles estão vindo novamente para o Rio de Janeiro.

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  4. Entrei por curiosidade e li as avaliações por apreciar o texto do pessoal. Mas, sem querer soar "puxa-saco", a opinião do R. Seelig é muito parecida com a minha, pois a música do BLS nunca chamou minah atenção. Lembro-me de ter visto um DVD lançado há muitos anos e minha opinião não mudou muito... de fato, passei a achar a banda até meio "imatura" por conta das constantes provocações que o ZW fazia ao Bon Jovi (praticamente um comentário a cada intervalo entre as músicas), Não, não gosto de Bon Jovi e nem me senti "ofendido" por isso, mas acho meio pueril esse tipo de atitude.
    Mas é como disse o já referido Seelig, "o problema sou eu". Aliás, tenho sentido esse sintoma já há algum tempo e com várias outras bandas aclamadas e de reconhecida qualidade. É a idade chegando, acho.

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  5. EStou com o Ricardo nessa. Esse guitarrista, mesmo tendo uma tecnica absurda, conseguiu tornar a postura maior que o próprio som que faz. Escutei o álbum e acho que quem já curte o som vai gostar, assim como quem não curti vai continuar deixando de lado.

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  6. Achava que era só eu que não via relevância nessa banda. As músicas são totalmente fracas e nunca entendi esse "culto" dos fãs. Se tivesse permanecido no Ozzy seria melhor pra ambos. É um talento desperdiçado, na minha opinião.

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  7. Gostei da honestidade do Seelig, hahaha. Compartilho da mesma opinião, o pouco que ouvi de BLS não me instigou a procurar outros álbuns.

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  8. Ouça as músicas lentas ,depois as pesadas , aí vcs vão apreciar BLS,eu sempre curti desde a adolescência , não só a banda mais tbm as suas influências ,como Neil Young, Skynyrd e outros ,tem que gosta de folk, country e até mesmo rhythym blues pra saca a pegada da banda e rock nem si fala.

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  9. Ouça as músicas lentas ,depois as pesadas , aí vcs vão apreciar BLS,eu sempre curti desde a adolescência , não só a banda mais tbm as suas influências ,como Neil Young, Skynyrd e outros ,tem que gosta de folk, country e até mesmo rhythym blues pra saca a pegada da banda e rock nem si fala.

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  10. Ouça as músicas lentas ,depois as pesadas , aí vcs vão apreciar BLS,eu sempre curti desde a adolescência , não só a banda mais tbm as suas influências ,como Neil Young, Skynyrd e outros ,tem que gosta de folk, country e até mesmo rhythym blues pra saca a pegada da banda e rock nem si fala.

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