Review: Zakk Wylde - Book of Shadows II (2016)



Lançado em junho de 1996, Book of Shadows foi uma anomalia na carreira de Zakk Wylde. Um disco calcado no country e na rica tradição do cancioneiro popular ianque, com uma sonoridade totalmente diferente da que consagrou o guitarrista norte-americano. E é justamente nesse contraste em relação a tudo que Wylde gravou com o Black Label Society e com Ozzy Osbourne que está a principal qualidade de Book of Shadows, que mostrou uma faceta até então inédita de Zakk, e de uma maneira incrivelmente espontânea e autêntica.

Duas décadas depois, Zakk Wylde está de volta ao universo de Book of Shadows. Neste período, além do enorme desenvolvimento como músico, o cara casou, virou pai, saiu da banda de Ozzy e adentrou uma bem-vinda fase de sobriedade, distante dos excessos etílicos de antes. É este novo homem o responsável por Book of Shadows II, lançado no início de abril nos Estados Unidos e que chega ao Brasil pela Hellion Records.



Se antes o vocalista e guitarrista explorava temas do cotidiano em suas letras, nessa segunda parte soa mais lírico e poético ao cantar a respeito de sua vida, desafios e desejos. Nesse aspecto, Book of Shadows II soa mais profundo que seu antecessor. Musicalmente, Wylde retoma a seara explorada anteriormente, revelando um elenco de influências repleto de ícones. Se o timbre de sua voz muitas vezes se assemelha ao de Gregg Allman, nos arranjos e melodias são sentidas reminiscências de Neil Young, Stephen Stills e Anders Osborne. 

A espinha dorsal está na voz e no violão de Wylde, que ganha a bem-vinda companhia do órgão Hammond, sutis linhas de baixo e bateria e melodias cortantes vindas direto do coração do country e do rock sulista. Autêntico e verdadeiro, Book of Shadows II mostra a maturidade de Zakk Wylde como músico, vocalista e compositor, além de documentar um novo período na carreira do guitarrista.

Se decidir seguir por este caminho daqui para frente, Zakk tem tudo para alcançar o sucesso e o respaldo de público e crítica também em um universo musical distinto dos riffs e solos agressivos que o levaram ao topo. 

Melancolicamente excelente!

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