Os 25 melhores discos de 2016 na opinião da Collectors Room


2016 foi um ano difícil. Um ano longo, com um número elevado de notícias desagradáveis mundo afora e especialmente neste país tropical, que a cada dia se revela mais surreal. Um ano em que a música, mais do que nunca, foi essencial como companhia e combustível para seguirmos em frente, sentido uma emoção de cada vez, vivendo um dia após o outro.

Seguindo o que fizemos nos anos anteriores, chegou a hora de publicarmos a nossa lista de melhores discos do ano. Antes, porém, vale mencionar, como curiosidade, quais discos foram apontados como os melhores pelo site nos últimos sete anos. Vamos a eles: 

2009 Mastodon - Crack the Skye
2010 Rotting Christ - Aealo
2011 Machine Head - Unto the Locust
2012 Baroness - Yellow & Green
2013 Daft Punk - Random Access Memories
2014 Criolo - Convoque seu Buda
2015 Steven Wilson - Hand. Cannot. Erase.

Como acontece todos os anos, 2016 também foi repleto de boa música. Não faltaram álbuns de qualidade, ao contrário do que seguem pensando as mentes saudosistas e preguiçosas de uma grande parte dos ouvintes de música, principalmente aqueles que gostam de rock. É o paradoxo do nosso tempo: agora que temos tudo na palma da mão, literalmente a um clique de distância, não nos damos ao trabalho de pesquisar novidades e ir atrás de novos sons pra tirar a poeira do ouvido. Enfim …

Abaixo estão os 25 discos que, na nossa opinião, foram os melhores deste 2016 que está chegando ao fim. Tem de tudo, como sempre. Música boa e de qualidade, acima de gêneros, rótulos e estilos. E, lá no final, uma playlist com 116 canções vindas de 116 discos lançados durante 2016, pra você fazer a trilha deste final de ano.

Vem com a gente, a música é por nossa conta! 

Ah: não se esqueça de postar o seu top 10 de 2016 nos comentários.


25 Syd Arthur - Apricity

Rock psicodélico com ecos da cena de Canterbury, movimento que marcou o progressivo na década de 1970. Andamentos pouco convencionais saem da bateria totalmente jazz, enquanto a banda tem a capacidade de embalar praticamente tudo com uma sempre bem-vinda cara pop. Delicioso do início ao fim!


24 Dawes - We’re All Gonna Die

Equilibrando influências setentistas, country rock e o sempre presente tempero folk, o Dawes esculpiu um disco talhado para tocar nas rádios FM mundo afora - se elas ainda tivessem a força de outrora. Muito agradável, o quinto álbum do quarteto é uma dica certeira para a sua coleção.


23 Beware of Darkness - Are You Real?

Segundo álbum do trio californiano Beware of Darkness, Are You Real? trouxe a banda bebendo no blues rock e entregando canções deliciosas como “Dope”. Paixão explícita pelos riffs, bem encaixadas influências psicodélicas e um ótimo trabalho de composição só podiam dar nisso: um dos melhores discos do ano.


22 Sturgill Simpson - A Sailor’s Guide to Earth

Sturgill Simpson é um dos caras que está renovando o country ao unir o tradicional gênero norte-americano a estilos como o blues, o pop, o folk e a música psicodélica. O resultado é uma sonoridade original e com forte personalidade, rica em detalhes e esculpida com enorme talento.


21 Natural Child - Okey Dokey

Southern rock chapado, trilha na medida pra pegar a estrada sem pressa, sem rumo e sem destino. Quer coisa melhor? Recomendo fortemente a audição do novo disco deste trio de Nashville.


20 DeWolff - Roux-Ga-Roux

Quarto álbum destes holandeses, que fazem um som que bebe nos timbres das décadas de 1960 e 1970, influências psicodélicas e uma pegada hard rock bem legal. Música muito boa, mas pouco conhecida. Ouça já!


19 The Rolling Stones - Blue & Lonesome

Rolling Stones tocando blues: tem como dar errado? Não, e não deu. Com mais de 50 anos de carreira e com músicos em sua sétima década de vida, os Stones gravaram o seu melhor álbum em anos e anos e anos. Pra ouvir sem pressa e na boa.


18 Blackberry Smoke - Like an Arrow

Quinto álbum desta banda norte-americana, um dos melhores nomes do southern rock atual. A influência do country se faz mais presente que nos discos anteriores, acompanhada pela pegada estradeira característica de músicos que passaram a vida com Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers e Black Crowes na orelha.


17 Crobot - Welcome to the Fat City

Terceiro disco deste quarteto natural da Pensilvânia. Hard rock com timbres gordurosos, riffs inspirados e refrãos sob medida. Redondinho como os álbuns anteriores, Welcome to the Fat City mostra que o Crobot chegou pra ficar - e cair no gosto de quem gosta de uma boa pauleira!


16 Lady Gaga - Joanne

Forte e consistente, Joanne poderá chocar os ouvidos mais conservadores de alguns dos fãs de uma das grandes artistas pop de nosso tempo justamente por apostar em uma sonoridade e uma abordagem que contrasta com a imensa maioria daquilo que é classificado hoje em dia como música pop. No entanto, está justamente nessa coragem em trilhar outro caminho a sua principal virtude. Com uma coleção ótimas canções, Lady Gaga deu um passo decisivo em sua carreira e entregou, simultaneamente, o seu melhor e mais pessoal disco. 


15 Oceans of Slumber - Winter

Um disco de metal banhado em generosas doses de melancolia, com um instrumental fortíssimo e a bela voz da cantora Cammie Gilbert como cereja do bolo. Mas não é apenas um álbum de metal. Trata-se de um trabalho com uma sonoridade ampla e sempre cativante, que mostra o quão rica a música pesada ainda pode ser.


14 Rebel Machine - Nothing Happens Overnight

Com inspiração e tendo como referências nomes como o The Hellacopters, este quarteto natural de Porto Alegre foi responsável por um dos grandes discos lançados em 2016. Rock não tem nacionalidade, rock tem atitude e energia, e esses ingredientes não faltam em Nothing Happens Overnight. Ainda não conhece o Rebel Machine? Então vá ouvir agora mesmo - prometo que não conto pra ninguém esse deslize seu ;-)


13 SIMO - Let Love Show the Way

Let Love Show the Way é um daqueles álbuns perfeitos pra pegar a estrada e seguir sem rumo. Se você gosta de rock com pegada de blues, periga encontrar aqui a sua nova banda favorita.


12 Rival Sons - Hollow Bones

O Rival Sons segue firme e forte na descoberta da sua identidade com Hollow Bones. O quinto disco do quarteto californiano mostra a banda experimentando ainda mais, e é o melhor trabalho do grupo ao lado do ótimo Head Down, de 2012.


11 Tedeschi Trucks Band - Let Me Get By

Um trabalho excelente, que escorre musicalidade pelos poros. Um daqueles discos que agradam não apenas fãs dos mais variados gêneros, mas, sobretudo, quem é apaixonado pela música de modo geral.


10 Cattarse - Black Water

Porto Alegre, 2016. Mas pode chamar de Los Angeles, 1971. Essa é a sensação ao ouvir o segundo disco do trio gaúcho Cattarse. O álbum traz um hard rock vigoroso, que bebe direto e sem filtro da fonte de nomes como Cactus, Grand Funk Railroad e Black Sabbath. Música pesada, agressiva, vigorosa e com culhões, tudo embalado em uma mixagem poeirenta, que deixa o som ainda mais interessante.


9 Joe Bonamassa - Blues of Desperation

Sempre tive um ranço com o Bonamassa. Talvez o visual de economista CDF do bluesman norte-americano tenha influenciado na minha avaliação, o que é bem provável. Mas com Blues of Desperation a barreira foi quebrada. Peso, solos absolutamente incríveis e um disco legal pra caramba.


8 Opeth - Sorceress

Sorceress apresenta referências de álbuns como Ghost Reveries (2005) e Blackwater Park (2001) enquanto explora as inspirações que ganharam destaque nessa nova fase da carreira dos suecos. O resultado é um disco com uma musicalidade diversa, refletida em excelentes canções que, como convém à tradição da banda, nunca apresentam medo de experimentar.


7 Metallica - Hardwired … To Self-Destruct

Hardwired … To Self-Destruct é o auto-resgate do Metallica. É a banda percebendo a força de sua história, o tamanho de sua importância e bebendo em sua própria fonte de ideias, clichês e fórmulas. E isso é feito de uma forma tão autêntica, sem buscar pretensas (e muitas vezes pretensiosas) inovações, que faz o resultado ser algo verdadeiro como a banda não soava há anos.


6 Beyoncé - Lemonade

O sexto álbum de um dos maiores nomes da música pop apresentou uma mudança de rumo significativa. Sobre um instrumental fortemente influenciado pela música negra de sul dos Estados Unidos, vinda de berços sonoros como Nova Orleans, Beyoncé abordou temas como racismo, feminismo e suas origens, em um disco com surpreendente conteúdo político para uma artista de seu porte. Como bem brincou um amigo: com Lemonade, os norte-americanos descobriram, aterrorizados, que Beyoncé é negra. Maior elogio que esse, não há!


5 David Bowie - Blackstar

Um trabalho sensacional, que fecha com maestria uma das mais consistentes, inovadoras e influentes trajetórias da história do rock. Você nos deu muito mais do que poderíamos sonhar, David. Obrigado por tudo.


4 Gojira - Magma

O passo seguinte na evolução desta banda francesa, com uma sonoridade que mescla doses iguais de peso, groove e inovação. O melhor disco de metal do ano.


3 The Baggios - Brutown

Brutown é o melhor disco do The Baggios. E isso é um feito e tanto por um motivo bem simples: os álbuns anteriores já eram muito bons. Temos aqui uma banda que sabe o que quer, com ideias originais e claras que levam a sua música por caminhos cheios de personalidade. Em se tratando de rock cantado em português, o melhor disco de 2016, fácil!


2 Michael Kiwanuka - Love & Hate

Segundo trabalho deste soulman britânico, que também bebe na herança do folk em diversos momentos. Um álbum ambicioso e com um discurso bastante forte (e necessário), que entrega tudo o que se propõe. Música como entretenimento e ferramenta para um mundo melhor em pleno 2016? Sim, temos - e das boas.


1 Ina Forsman - Ina Forsman


Uma voz de arrepiar, uma banda sólida e canções que transbordam inspiração. O disco de estreia desta cantora finlandesa é um primor, trazendo blues e soul em embalagens aconchegantes como não ouvíamos desde Amy Winehouse. Incrível e delicioso, em todos os sentidos!

Comentários

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.