Review: Sioux 66 - Caos (2016)


Para ser convidado a abrir um show do Aerosmith e outro do Guns N’ Roses (com a formação clássica, ainda por cima), tem que ter um mínimo de poder de fogo. E isso, os paulistanos do Sioux 66 sempre tiveram de sobra. Acabaram substituídos pela Plebe Rude no caso do show do septeto californiano, mas só o fato de terem sido escolhidos inicialmente já diz muito sobre eles.

A capa de Caos, segundo álbum de estúdio do quinteto, é um recorte do quadro Custer’s Last Stand, de Edgar Samuel Paxson. O cenário ilustra adequadamente o direcionamento de seu som. Não porque se trata dum caos no sentido pejorativo da palavra, como se fosse um disco de ruídos desconexos. E sim porque se trata de um trabalho enérgico, forte, quase sem momentos de calmaria para respirar.

O que eu tenho a dizer sobre Caos é que ele é um dos melhores lançamentos do rock nacional em 2016. É uma música de atitude e qualidade verdadeira. Tem menos frescura e mais maturidade que a maioria das bandas que se auto-intitulam “bandas de rock sem frescuras”. E uma certa diversidade no som que concede um ar de sofisticação a eles.

O álbum abre e fecha muito bem: “Caos” dá a largada com temperatura máxima e letras diretas. Após várias porradas, algumas até que nem tão pesadas assim, chegamos ao encerramento “O Calibre”, cover de uma das mais agressivas faixas já lançadas pelos Paralamas do Sucesso e que se encaixa perfeitamente na temática do disco.

Em faixas pesadas como a abertura “Minerva” e “Seu Destino” o espírito de Lemmy parece incorporar os rapazes. Já em outras, eles ficam mais próximos do hard rock classicão, como “Libertad” e “O Homem Que Nunca Mudou”. E não se atreva a desprezar a melódica “Pra Sempre” como um balada genérica qualquer…

Sem fazer alarde sobre o fato do guitarrista Bento Mello ser filho de Branco Mello, baixista e vocalista dos Titãs – que são “apenas” uma lenda do rock nacional – o Sioux 66 reafirma ser digno de constar na lista de novos nomes do gênero para ficar de olho.

Repito: é um dos melhores lançamentos de rock nacional que você ouvirá este ano. Aproveite sua disponibilidade em várias plataformas digitais e ouça sem medo. E pelo amor de Dio, pare de dizer que o rock morreu no Brasil – ou no mundo todo.


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