Review: Hardshine - So Far and So Close (2016)


Uma das principais críticas que faço à imprensa especializada em heavy metal no Brasil é a falta de coerência e o baixo nível de exigência da imensa maioria dos resenhistas. Explico: para a grande maioria dos blogs e sites - e até o povo das revistas que falam sobre o assunto -, todo e qualquer disco de uma banda brasileira de metal ou hard rock é nota 10, excelente, incrível e já nasceu clássico. Isso cria vários problemas. Por um lado, baixa o nível de exigência não só de quem escreve, mas também de quem produz e consome a música. E, no outro lado da moeda, faz com que álbuns realmente bons passem batido e fiquem perdidos neste mundo utópico e maravilhoso onde tudo nasce excelente e com potencial para mudar o mundo.

Dito isso, vamos para algo que realmente é bom e merece todos os elogios que receberá: So Far and So Close, disco de estreia do Hardshine. A banda é formada por Leandro Caiçolo (vocal), Pedro Esteves (guitarra), Bruno Ladislau (baixo) e Anderson Alarça (bateria), músicos já conhecidos de quem acompanha a cena nacional. O trabalho foi gravado no início de 2013 no Masterpiece Studio, em São Paulo, e finalmente está saindo em formato físico. So Far and So Close é o primeiro lançamento da TRM Records, selo que está chegando ao mercado em uma iniciativa de Thiago Rahal Mauro, colaborador de longa data da Roadie Crew, e o disco pode ser encontrado em lojas com Die Hard, Hellion Records e Voice Music.

Tendo Caiçolo e Esteves como principais forças criativas, a ideia do Hardshine é produzir um som voltado para o hard rock, com influências das escolas setentista e oitentista do gênero - principalmente a segunda, como fica claro no disco. São dez faixas, todas trazendo os elementos que fazem o estilo ser tão cativante: riffs fortes, refrãos marcantes, boas melodias e composições bem construídas, além das indefectíveis baladas.

Ainda que o hard rock dos anos 1980 não esteja entre os meus gêneros favoritos de música, é inegável que o quarteto conhece a seara por onde se aventura. O destaque principal é Leandro Caiçolo, dono de uma voz acima de média e que consegue se sair bem tanto nas canções mais agitadas quanto nos momentos mais calmos.

So Far and So Close cai como uma luva como trilha pra pegar tanto a estrada como para encarar o vai e vem do dia a dia, a bordo do veículo que for. Bem acabado, o disco, apesar de já ter quatro anos de vida, chega ao grande público ainda refrescante e causa uma ótima impressão.

Vale a pena conhecer, vale a pena ouvir. E vale frisar: os elogios são todos merecidos.

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