Review: Kreator - Gods of Violence (2017)


Décimo-quarto álbum do Kreator, Gods of Violence funciona como uma espécie de carta de intenções da banda alemã: sempre estivemos aqui, sempre faremos as coisas do nosso jeito, não deixaremos nunca de ser agressivos! Lançado em 27 de janeiro, o disco traz onze canções produzidas por Jens Bogren (Haken, Fleshgod Apocalypse, Moonspell) e é uma pedrada sensacional.

Dando sequência ao que já havia mostrado em Phantom Antichrist (2012), o quarteto liderado por Mille Petrozza (vocal e guitarra) - completam a banda o guitarrista Sami Yli-Sirniö, o baixista Christian Giesler e o baterista Ventor - segue com o pé no fundo, equilibrando a agressividade inerente de sua música à intervenções de melodia sempre certeiras, alcançando um resultado final que reafirma a ótima fase vivida pela banda nos últimos anos.

O trabalho de guitarras presente em Gods of Violence é de cair o queixo, e é uma das razões que fazem o disco tão especial. A interação entre Mille e Sami é quase telepática, em uma parceria que já dura dezesseis anos e acrescentou muito à sonoridade da banda. Isso, aliado ao trabalho de composição extremamente bem executado, faz com que tenhamos uma coleção de faixas não apenas empolgante, daquelas que colocam sorrisos contínuos no rosto durante a audição, mas também um conjunto de canções com potencial para figurar entre os grandes momentos da trajetória do Kreator.

De modo geral, temos em Gods of Violence um disco no mesmo nível de Phantom Antichrist, o que quer dizer muita coisa. O álbum de 2012 foi excelente, e a principal diferença percebida em relação ao novo disco é a presença maior de melodia em Gods of Violence, enquanto em Phantom Antichrist fomos brindados com uma violência genuína e onipresente. Essa mudança em um dos eixos principais das canções pode fazer com que uns prefiram um trabalho ao outro, conforme o seu gosto pessoal. No entanto, o Kreator conseguiu alcançar, em ambos os casos, resultados sensacionais, demonstrando a capacidade que Mille e sua turma possuem em explorar os diferentes ingredientes que compõe o thrash metal.

Entre as faixas, as minhas preferidas são “World War Now”, “Satan is Real”, “Totalitarian Terror”, “Army of Storms” e “Fallen Brother” (que ganhou um clipe bem legal homenageando ícones falecidos do metal como Dio, Lemmy e outros). Chama a atenção também a sutil semelhança, em um pequeno trecho nos acordes da introdução acústica da música que dá nome ao disco, com a clássica “Fade to Black”, do Metallica. Uma pequena curiosidade em outra das ótimas canções que fazem de Gods of Violence um dos grandes momentos da carreira do Kreator.

Desde já, um dos pontos altos do metal em 2017.

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