Quadrinhos: Suicidas, de Lee Bermejo


Suicidas (capa cartão, lombada quadrada, 164 páginas, papel LWC) é o primeiro trabalho do ilustrador Lee Bermejo como roteirista. Conhecido por sua arte realística e rica em detalhes, Bermejo tem no currículo HQs excelentes como Coringa, Batman: Noel e Lex Luthor: O Homem de Aço, além de capas para títulos como Hellblazer, Demolidor e X-Men, entre outros.

Em Suicidas, Lee Bermejo apresenta uma aventura distópica que se passa em uma Los Angeles arrasada por um grande terremoto e rebatizada como New Angeles. Além disso, após a catástrofe a metrópole foi isolada por um grande muro, com a população que vive em seu interior odiando o povo que está lá fora (qualquer relação com a crise migratória europeia e a política anti-imigração de Donald Trump não são mera coincidência). O povo de dentro tem como principais heróis e grande atração de entretenimento a batalha até a morte entre lutadores suicidas (e aqui, mais uma vez, Bermejo usa a ficção para traçar um paralelo que vai desde os gladiadores romanos até os UFCs da vida).


Nesse universo, o grande astro é um lutador chamado Santo, multicampeão adorado por todos mas dono de um passado misterioso. E esse passado começa a pedir passagem quando uma repórter investigativa é assassinada no apartamento do lutador.

A partir daí, somos apresentados a um enredo cheio de intrigas e disputas de poder, embaladas por uma arte de cair o queixo e com fortíssimo impacto visual, como não poderia ser diferente em se tratando de algo com a assinatura de Lee Bermejo. O roteiro possui uma bela sacada narrativa que se revela apenas no final (este primeiro encadernado traz as edições 1 a 6 publicadas nos Estados Unidos, onde a série está mais avançada), deixando um forte gancho para o que vem a seguir.



O que temos aqui, de modo geral, é uma HQ sem maiores questionamentos e pretensões textuais, mas, como já dito, forte apelo estético. É a cultura do “massavéio" implantada sem vergonha alguma nos quadrinhos, como se a série de filmes Velozes e Furiosos, com todas as suas grandiosas cenas de ação e profundidade rasa de roteiro, fosse adaptada para as HQs. Em suma: diversão pura e que não faz pensar, mas garante uma leitura cheia de prazer e diversão.

Vale!

Comentários