Review: Trivium - The Sin and the Sentence (2017)


Oitavo álbum do Trivium, The Sin and the Sentence foi lançado dia 20 de outubro pela Roadrunner. O disco é o sucessor de Silence in the Snow (2015) e tem produção de Josh Wilbur, que já havia trabalhado com a banda no CD anterior e assinou também álbuns de nomes como Lamb of God, Killed Be Killed e KoRn. O disco marca a estreia do novo baterista do quarteto, Alex Bent (ex-Battlecross). A formação é completada pelo time de sempre: Matt Heafy (vocal e guitarra), Corey Beaulieu (guitarra) e Paolo Gregoletto (baixo).

Segundo a Metal Hammer, The Sin and the Sentence é o primeiro álbum do Trivium “a fundir todas as versões anteriores da banda em uma espécie de best of da sua carreira”. Acho que essa definição é certeira. As onze músicas trazem toda a história e a evolução de uma carreira iniciada em 1999 e que passou por mudanças de sonoridade marcantes nesse tempo todo. A melodia dos primeiros discos anda lado a lado com o apelo mais moderno e atual de In Waves (2011), tudo embalado com uma dose de agressividade e violência que não era ouvida já há algum tempo em um álbum do Trivium.

Os vocais guturais estão de volta após ficarem de fora de Silence in the Snow devido a um problema nas cordas vocais de Heafy, e eles fazem uma grande diferença. Outro ponto digno de nota é o uso constante de blast beats, que não apenas mostram as credenciais de Alex Bent como tornam a música dos norte-americanos ainda mais forte. E tudo, claro, vem embalado com a principal característica da sonoridade do Trivium: a capacidade inerente de criar belas melodias que adornam cada uma das canções, criando assim faixas cativantes e que caem no gosto do ouvinte quase de maneira imediata.

Heafy está especialmente inspirado em The Sin and the Sentence. Suas linhas vocais soam sempre inspiradas em todo o disco, enquanto os problemas de voz parecem que ficaram definitivamente no passado. Além disso, a interação com Beaulieu segue como um dos alicerces da música do Trivium, com guitarras entrelaçadas que se complementam como se fossem um só instrumento. As harmonias de guitarra são invariavelmente belas e dão um clima especial para o trabalho. Já os riffs exploram estruturas mais sincopadas como as já apresentadas em In Waves, devidamente acompanhadas por melodias que os tornam ainda mais eficientes.

Há de se destacar a capacidade da banda em criar um tracklist contagiante do início ao fim, sem a inclusão de músicas supérfluas e desnecessárias, algo raro de se ouvir hoje em dia. Por esse motivo, The Sin and the Sentence funciona muito bem como um álbum completo, justamente em uma época e que o conceito de álbum está ruindo com o lançamento cada vez mais frequente de músicas isoladas pelos maiores nomes do pop e do rock. O Trivium mostra em seu novo disco que esse conceito ainda funciona quando vem acompanhado de inspiração e do já conhecido enorme talento da banda.

De modo geral, o Trivium entrega um trabalho maduro e que é uma evolução natural de sua trajetória. A melodia onipresente de discos como Ascendancy (2005) e Shogun (2008) caminha lado a lado com a pegada mais atual e agressiva de In Waves (2011), com a banda unindo os pontos de sua sonoridade e construindo um de seus melhores discos.

Com absoluta certeza, The Sin and the Sentence é um dos grandes álbuns de metal lançados este ano. Um enorme acerto de Matt Heafy e companhia, reforçando o status do Trivium como uma das melhores bandas do metal moderno.

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