Review: Vuur - In This Moment We Are Free: Cities (2017)


O Vuur marca o retorno de Anneke van Giersbergen ao metal. Não que ela tenha se afastado do gênero, vide os discos que gravou ao lado de Devin Townsend, porém a banda é a primeira a contar com a liderança de Anneke a explorar o peso desde que ela deixou o The Gathering.

Mais de dez anos depois, a cantora está ao lado de um grupo formado totalmente por músicos holandeses, sendo eles Jord Otto (guitarra), Ferry Duijsens (guitarra), Johan van Stratrum (baixo) e Ed Warby (bateria). Além desses nomes, Anneke contou com a parceria de Mark Holcomb (guitarrista do Peryphery), Esa Holopainen (guitarrista do Amorphis) e Daniel Cardoso (multi-instrumentista, integrante do Anathema) na composição das músicas. Fechando, a produção deste primeiro disco foi assinada por Joost van den Broek, que também participou do processo de composição.

In This Moment We Are Free - Cities é o disco de estreia do Vuur e será lançado mundialmente no próximo dia 20 de outubro. O álbum sairá no Brasil pela Hellion Records algumas semanas mais tarde. Trata-se de um trabalho meio conceitual, com onze músicas que falam sobre liberdade e sua relação com diferentes cidades ao redor do planeta. As letras relatam as experiências e sensações de Anneke ao passar por estas metrópoles, incluindo o Rio de Janeiro em “Freedom - Rio”.

Musicalmente, o que temos é um metal com uma sutil pegada progressiva e abordagem bastante contemporânea. Os vocais de Anneke são o destaque óbvio, como não poderia deixar de ser. Apenas para comparação, há uma certa similaridade com o que Tarja Turunen vem fazendo em seus discos mais recentes, porém com bem menos vozes operísticas. O peso é constante e traz consigo um excepcional trabalho de guitarras, outro ponto que salta aos ouvidos durante a audição do álbum.

Alguns reviews gringos apontaram o fato de que o tracklist é bastante homogêneo e apresenta poucas variações. Isso realmente acontece, mas não chega a ser um problema, pelo menos no meu modo de vista. Gostei bastante do trabalho de composição, há uma proliferação de canções com andamento moderado e sempre calçadas em bons riffs, o que me agradou. Além disso, o Vuur ainda trilha caminhos mais calmos e contemplativos, e o principal exemplo dessa faceta é “Freedom - Rio”, uma linda canção que é um dos melhores momentos de In This Moment We Are Free. Na mesma linha, “Valley of the Diamonds - Mexico City” e “Reunite! - Paris” também diminuem o ritmo e andam por caminhos mais suaves.

Talvez o ponto que tenha levado alguns escribas norte-americanos e europeus a considerarem o disco apenas mediano seja justamente o vocal de Anneke. Ainda que isso possa parecer estranho, o fato é que a holandesa, reconhecidamente uma das mais belas vozes femininas do metal, não apresenta muitas variações não só no modo de cantar mas também nas próprias linhas vocais que cria ao longo do disco. Enquanto o instrumental vem com ideias diferentes a cada canção, Anneke parece repetir as mesmas soluções em diversos momentos do disco, e isso incomoda um pouco.

Entretanto, In This Moment We Are Free - Cities é uma boa estreia e mostra uma banda com enorme potencial para gravar discos ainda mais fortes no futuro. Este primeiro álbum vale a audição, e os próximos certamente valerão ainda mais.

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