A história das coincidências entre O Mágico de Oz e The Dark Side of the Moon


Uma das convergências mais estranhas e aleatórias entre duas peças de arte clássicas da história da cultura pop é a noção de que o filme O Mágico de Oz (1939) serve como um companheiro de vídeo perfeito para o álbum The Dark Side of the Moon (1973), do Pink Floyd.

Não se sabe quem surgiu com a ideia de tocar as duas obras simultaneamente, mas o fato foi levado pela primeira vez à atenção do público pelo jornalista Charles Savage, que escreveu um artigo para o Fort Wayne Journal Gazette em 1 de agosto de 1995. Na matéria ele observou que se você começar a tocar o CD no mesmo instante em que o leão da MGM dá o primeiro rugido, as músicas e o vídeo sincronizam-se de forma estranha em diversos momentos. O artigo foi batizado como The Dark Side of the Rainbow, que desde então passou a ser o nome comum adotado ao mashup.

Entre as semelhanças, Savage encontrou: Dorothy começa a correr durante a frase “No one told you when to run” (“Ninguém lhe disse quando correr”) presente na letra de “Time”; David Gilmour canta “Home, home again” em “Breathe" quando é dito para Dorothy voltar para casa; e “Brain Damage” começa quase no mesmo instante em que o Espantalho canta “If I Only Had a Brain” (“Só Se Eu Tivesse um Cérebro”) e dança na Yellow Brick Road enquanto Roger Waters canta “Got to keep the loonies on the path” (“Mantenha os lunáticos no caminho”).

De forma ainda mais estranha, “The Great Gig in the Sky” (“O Melhor Show no Céu”) coincide com a chegada do tornado, e Dorothy abre a porta da casa para encontrar o colorido País dos Munchkin - quando se dá o início do segundo ato do filme - ao mesmo tempo em que “Money”, a primeira música do lado B de The Dark Side of the Moon, começa a tocar. E assim que o álbum cai em um batimento cardíaco, Dorothy coloca a orelha no peito do personagem Tin Woodsman.

Ao longo dos anos a história de Savage se espalhou, e dois anos após a publicação original a MTV deu em rede nacional a história toda, com bastante destaque. O engenheiro de som do disco, Alan Parsons, foi perguntado se aquilo tinha sido intencional e negou tudo. “Simplesmente não havia equipamentos para fazer algo assim naquela época”, declarou Parsons. “Nós não tínhamos meios de reproduzir vídeos no estúdio onde gravamos o álbum, e além disso o VHS ainda não havia sido lançado em 1972, certo?”. Alan Parsons está correto. Mesmo que a gravação de programas de TV através de fitas de vídeo tenha iniciado em 1956, elas foram projetadas apenas para uso profissional e a tecnologia não ficou disponível para uso doméstico até meados dos anos 1970.

O baterista Nick Manson, no entanto, tem outra versão. “Isso é um absurdo absoluto. O disco não tem nada a ver com O Mágico de Oz, tudo foi baseado em A Noviça Rebelde (filme lançado em 1956 e cujo título original é The Sound of Music)”.

Em 2011 a revista norte-americana Goldmine publicou um artigo que expõe todas as coincidências e explicou o que acontece se você tocar o CD novamente depois que ele termina. Ou você pode simplesmente assistir ao vídeo abaixo:

Tradução de Ricardo Seelig

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