Chegou a hora de dar uma segunda chance para a parceria entre o Queen e Paul Rodgers


Como todo fã de rock, ouvi The Cosmos Rock atentamente quando o disco foi lançado, em 15 de setembro de 2008, afinal tanto o Queen quanto o Free e o Bad Company foram importantes em minha vida, proporcionando a trilha para vários momentos interessantes.

A minha conclusão é que existe duas maneiras de ouvir o disco gravado em parceria por uma das maiores bandas da história e uma das grandes vozes da história do rock. Se você apertar o play esperando algo na linha do que Brian May e Roger Taylor faziam ao lado de Freddie Mercury e John Deacon, se decepcionará, e muito. Agora, se você apenas deixar o disco rolar, sem fazer qualquer comparação com o passado do Queen, curtirá bastante o álbum.

O problema de The Cosmos Rock é apenas um: quando o Queen quer fazer uma ligação com o seu passado, com os tempos de A Night At the Opera (1975) e outros clássicos imortalizados por Freddie Mercury, erra, e muito, a mão. Exemplos disso, como a evocação totalmente desnecessária da levada de "We Will Rock You" em "Still Burning", soam um tanto constrangedores. "Small" é uma balada repetitiva e cansativa, enquanto o refrão de "Time to Shine" tenta ser épico e grandioso mas soa apenas burocrático.

Mas esses entraves estão apenas no início do álbum. A partir da quinta faixa, "Warboys", o disco entra nos eixos. A já citada "Warboys" é uma das melhores, com uma levada de violão e bateria que traz as raízes de Brian May, Roger Taylor e Paul Rodgers à canção, fazendo-a soar empolgante e com passagens pesadíssimas do meio para frente. Uma curiosidade: May também assumiu o baixo no disco.

Outro bom momento é a influência gospel de "Call Me", onde a banda explora com brilhantismo a negritude da voz de Rodgers, nos transportando para alguma igreja perdida no interior dos Estados Unidos. A balada climática "Voodoo" acerta a mão, e o single “C-lebrity" (que conta com backing vocals de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters) traz um riff pesado de May e uma ótima performance de Rogers. "Through the Night", outra boa balada, é uma das minhas preferidas, assim como a belíssima e emocionante "Say It´s Not True", presente anteriormente no ao vivo Return of the Champions (ao vivo lançado em 2005 e que deu origem à parceria entre essas duas lendas do rock), faixa na qual Roger Taylor e Paul Rodgers dividem os vocais.

O disco fecha com a pesadíssima "Surf´s Up ... School´s Out!", que soa moderna e atual, mostrando que os veteranos e experientes músicos estão antenados e sabem traduzir o seu som para a nova geração de ouvintes.


Além da versão normal, The Cosmos Rocks foi lançado no Brasil também em uma versão deluxe, com CD e DVD em uma bela embalagem digibook, sendo que o DVD, intitulado Super Live in Japan - Highlights, traz quinze faixas gravadas na terra do sol nascente, passando por clássicos do Queen como "Tie Your Mother Down", "Fat Bottomed Girls", "Another One Bites the Dust", "We Will Rock You" e "We Are the Champions", além de hinos da carreira de Paul Rodgers como "Fire and Water", "Can't Get Enough" e "All Right Now". Essa é a versão recomendada para comprar, já que, além das canções inéditas, mostra como o repertório do Queen se comporta na voz de Paul Rodgers.

A parceria entre Rodgers, May e Taylor durou cinco anos, entre 2004 e 2009, e rendeu, além de The Cosmos Rocks, mais três discos ao vivo: o já citado Return of the Champions (2005), Super Live in Japan (2006) e Live in Ukraine (2009).

Ainda que o Queen tenha encontrado a sua nova versão de uma maneira mais adequada, digamos assim, com Adam Lambert nos vocais, sem dúvida The Cosmos Rocks é um belo disco e vale o investimento. 

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